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opto por recolher à sombra do carvalho, que, em boa hora, este ano achou por bem estender um pouco mais os ramos, de modo a agraciar-nos com uma protecção maior ainda. Comigo vai um livro, que não abro sequer, pois foi quase logo que os olhos se fecharam, e entrei no que, mal ou bem, chamamos de sono dos justos.
Acordo bem mais tarde, com o alvoroço dos cães, que vêm ao lago refrescar-se.
Noto que está mais fresco já, e preparo-me para a leitura que a sesta adiara. É nessa altura que oiço, vindo não sei donde, um ruído que não identifico. Ponho-me à coca, e vejo um pássaro preto, que depois me dizem ser um pica pica, subespécie da pega, a picar no pinheiro manso ao lado, outrora feudo de uma colónia de esquilos, entretanto desaparecida, fazendo buracos perfeitos, onde, dizem-me, é hábito esconder tesouros como pinhões ou pequenos insectos.
Não se assusta o pássaro com a nossa presença, antes continua, imperturbável, o trabalho minucioso de perfuração; a propósito desta sua faceta de sociabilidade, alguém diz ter um amigo domesticado um pica pica, que agora imita a voz humana...