Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Democracia Portuguesa - III

por Manuel Pinto de Rezende, em 28.07.09

O Corporativismo

 

O Corporativismo em Portugal seguiu várias correntes, e foi apoiado por várias ideologias. A mais interessante foi o Integralismo, que teve em Rolão Preto um dos expoentes de intelectualidade e doutrina. Pela sua obra, depreendo que é abusivo, tal como fez Mário Soares, apelidá-lo de fascista. Muito pelo contrário. Salazar acusou-o de se deixar influenciar por movimentos de raiz estrangeira. Duvido que se estivesse a referir ao fascismo italiano. Apesar de o Estado Novo não ter preconizado um regime fascista, o Nacional-Sindicalismo de raiz corporativista, e mesmo o Integralismo, eram naturais opositores desta ideologia. Podemos até retratar o fascismo como expoente máximo da influência do socialismo no Estado Corporativista, ao instrumentalizar, pelo jogo partidário, as corporações profissionais.

 

Hoje em dia, no entanto, a sociedade capitalista adoptou modelos novos, de ente os quais, grande parte não se ajusta ao modelo da corporação profissional. Assim, enquanto órgão representativo único, não seria, obviamente, o melhor. O corporativismo, no entanto, não se fica pela representação de profissões. Pode alargar-se o conceito a outros sectores da sociedade.

Admirei-me pelo facto de não se ter tocado no tema da corporação na discussão da Constituição 2.0. Antes, no entanto, fui eu próprio a negar a existência ou o propósito do Integralismo, e ao fazê-lo, negar toda uma doutrina social que se desenvolveu no século XX, e admito que o fiz com preguiça mental e descuido de estilo.

 

O modelo da Monarquia Constitucional falhou devido ao rotativismo partidário a que nós assistimos presentemente. Isso não quer dizer que devamos esquecer toda a história passada entre 1834 e 1926 (e esta é a minha única crítica permanecente ao Integralismo Lusitano). Está na mão dos verdadeiros democratas repensar a democracia. E a Democracia, ou será portuguesa, ou será nada. Como o é agora.

Por isso, estudemos cuidadosamente o cadáver do regime da IIIº República, e os míticos falhanços constitucionais dos nossos antepassados, sacudamos  a poeira das nossas tradições e da nossa sociologia, e mãos à obra.

É a Hora.

 

 

publicado às 23:39


5 comentários

Sem imagem de perfil

De CM a 29.07.2009 às 02:10

Belo tema o do Integralismo Lusitano. Devem ser muito poucos aqueles que hoje dão importância e valor a estas "velharias"... que "pensadores" temos hoje em Portugal? Um Eduardo Lourenço, um José Gil... confesso que não conheço outros, certamente por ignorância minha.

Tenho adquirido em alfarrabistas várias obras do expoente máximo desta corrente - António Sardinha - edições dos anos 40 e 50, à qual aliás aderiu muito novo Marcello Caetano.

Um tema com "pano para mangas"... (também tenho guardada esta foto muito impressiva do belíssimo cartaz sobre a Constituição de 1933).

Lembro-me que em tempos escrevi qualquer coisa sobre o Integralismo... vou ver se a encontro e publico lá no meu sítio...

Diz bem sobre o cadáver desta III República: ela já está putrefacta mas toda a gente finge não ter visto o sepulcro infecto em que se tornou Portugal.
Sem imagem de perfil

De PF a 29.07.2009 às 03:27

Ao reler alguns aspectos da Constituição de 1933 e ao constatar que esta possuía aspectos mais democráticos do que a actual, penso que é errado encarar a Democracia como um fim em si próprio. Ela deve resultar como um modo de organização que viabilize um país, mas nunca tanscender o país e a natureza de suas gentes.
Sem imagem de perfil

De CM a 30.07.2009 às 02:21

Dramaticamente de acordo!!!
Imagem de perfil

De Nuno Castelo-Branco a 29.07.2009 às 12:22

não existe verdadeira democracia se cada um de nós não se interessar por tudo aquilo que o rodeia. Comecemos pela rua de cada um de nós e vejam, por exemplo, o que se passa nas "reaccionárias e medievais" Suécia, Inglaterra ou Holanda. Aqui em Portugal, poderá ser demolida a Torre de Belém, sem que nada de especial suceda.
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 22.11.2009 às 15:43

Na verdade, caro Castelo-Branco, estou a pensar plantar uma hortita em frente à Torre...ou então instalar um viveiro...

Comentar post







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas