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Enquadrado pelos sorridentes Estaline e Ribbentrop, Molotov assina os acordos germano-soviéticos
Exactamente há setenta anos, assinava-se em Moscovo o Pacto germano-soviético que estabelecia a divisão da Europa oriental entre o Reich e a URSS. Assinado pelos ministros Ribbentrop (Alemanha) e Molotov (URSS), cumpria-se assim a estratégia política de Hitler e de Estaline. Vantagens comerciais, anexação de Estados limítrofes e transferência de populações, foram alguns dos acordos celebrados, permitindo o desencadear da guerra entre os alemães e os aliados anglo-franceses.
Tema incómodo para os sobreviventes dos regimes concentracionários* da Guerra Fria, foi sempre interpretado como ardilosa manobra estalinista que visava ganhar o tempo necessário à preparação bélica dos soviéticos. A estreita cooperação entre ambas as forças armadas, a troca de prisioneiros, a colaboração policial (Gestapo e NKVD), o precioso fornecimento de matérias primas estratégicas à Alemanha e a cobertura diplomática russa à acção do Reich junto de potências secundárias, desmentem a falaciosa interpretação desde cedo gizada pela historiografia oficial promovida pelo Kremlin. De facto, o mapa da Europa central e oriental é ainda hoje uma directa consequência do Tratado assinado em 23 de Agosto de 1939.
*Dizia há uns tempos o Avante!
Surge assim, naturalmente, a figura de Stáline, que não pode ser isolada dos outros dirigentes, tal como o PCUS não podia encontrar-se isolado da vontade dos milhões de soviéticos, comunistas ou não.
Mas a história, já se sabe, reescreve-se facilmente. E se, na Rússia de hoje, apesar dos tempos negros que se vivem e da obscuridade lançada desde há muito sobre os factos e os seus significados, voltam a aparecer cidades em que se dá o nome de Stáline a ruas, há logo quem, lá mesmo, venha advertir sobre os «crimes» cometidos ou não pelo revolucionário soviético. Foi o que pressurosamente fez Gorbatchov, que afirma não perdoar e alerta para este sobressalto russo que torna a elogiar Stáline. Diz ele que se não deve a vitória a Stáline. Estaríamos de acordo, se Gorbatchov pretendesse revelar que, para além do dirigente, há o povo. Certamente. O que ele não pode negar é que, se Stáline teve o seu papel na vitória ao lado do povo, Gorbatchov teve o papel principal na derrota do socialismo, acompanhado apenas por arrivistas e traidores de que se rodeou para torpedear a mais brilhante conquista da história da humanidade.