Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A senhora Sousesco

por Nuno Castelo-Branco, em 12.10.09

 

 A dona Maria Emília de Sousa - pelos seus munícipes conhecida como "a Sousesco de Almada " -, presidente da edilidade do lado de lá da Ponte, acusou uma parte do eleitorado da CDU, de imbecilidade. Isto, porque a cretaciana senhora, está furiosa pela perda da maioria absoluta, acusando o PCTP/MRPP de ter ido ao engano do eleitorado. De facto, o partido maoísta ostenta muito naturalmente a conhecida foice e martelo, não se escondendo atrás  de siglas demo-cristãs além-Reno. Assim, os 300 eleitores que lhe faltaram, foram estupidamente votar no "MR", os pobres patetas. Os almadenses ficam então a saber, quanto vale a "superioridade moral" dos comunistas.

 

Para os mais distraídos, convém lembrar que o argumento da foice e martelo já tinha sido utilizado pelo PC em 1975, obrigando os seus páchiças do MFA/C.R. a proibir a ida às urnas do MRPP. Dezenas de presos às ordens do famigerado COPCON do sr. Otelo, os militantes do MRPP foram espancados e aviltados na sua esfera pessoal. O processo de afastamento da ida às urnas, consistiu na primeira chapelada com um nauseabundo cheiro a vigarice eleitoral e que ostensivamente privou os maoístas de um mais que certo lugar em S. Bento. 

 

Uma das mais famosas lendas do regime, consiste na apregoada excelência da gestão camarária soviética. Década após década, deparamos com a quase reverencial homenagem dos homens do regime - que o PC, se pudesse,  encostaria ao paredão - a uma mentira que de tão enraizada se tornou num infalível dogma. 

 

A verdade é bem diferente. Se percorrermos a zona da Grande Lisboa - a antiga "cintura industrial" vermelha -, deparamos com o mais infame atentado ao ordenamento territorial. Câmaras que durante décadas foram PC/MDP, FEPU (PC+MDP+FSP, APU (PC+ MDP) e finalmente, CDU (PC+"verdes" do Hotel Vitória), ostentam o pouco invejável galardão de administrarem os mais sórdidos locais suburbanos do país. Ali proliferou a construção clandestina, o pato-bravismo mais reles, a guetização social mais vergonhosa. Vales, montes, quintas, cursos de água e terrenos agrícolas, foram durante vinte e cinco anos vandalizados por Câmaras PC interessadas na instabilidade social, no descontentamento e na miséria, com o único fim de potenciar aquilo que a cartilha leninista dita no que se refere ao "quanto pior, melhor".

 

Não tenhamos ilusões. Lisboa encontra-se estrangulada por um laço de betão e zinco como nenhuma outra capital da Europa ocidental. Torna-se impossível considerar o "desinteresse" das Câmaras CDU, naquilo que respeita a proventos materiais. Urbanizações de baixíssima qualidade, uma paisagem outrora magnífica e essencial à preservação do ecosistema envolvente da capital, eis a "impecável" obra que todos deixam passar como boa!

 

Almada, Barreiro, Setúbal, Vila Franca, Loures, Sobral de Montagraço e Amadora, são alguns bem conhecidos nomes de localidades pouco aprazíveis, onde o PC fez o que bem entendeu durante mandatos consecutivos. Bairros da lata, bairros "sociais" de exclusão, total ausência de infraestruturas integradoras, especulação na construção desenfreada e de baixa qualidade e inevitavelmente, a gangrena de um tráfego caótico, são uma realidade à qual é praticamente impossível dar remédio.

 

 

publicado às 21:04


8 comentários

Sem imagem de perfil

De Gi a 13.10.2009 às 00:33

Muito bem, Nuno! Era bom que as pessoas enxergassem o que têm diante dos olhos em vez de acreditar na propaganda que lhes metem na cabeça.
Imagem de perfil

De João Pedro a 13.10.2009 às 17:04

A tal qualidade das câmaras comunistas deve-se a meia dúzia de excepções no Alentejo, como Évora (lembro-me dos latifundiários locais elogiarem o presidente Abílio Fernandes, afirmando que era só "comunista a fingir"). A cintura de Lisboa é pavorosa e caótica, e há lá locais que dir-se-ia que foram feitos de propósito para tornar os seus habitantes em urbano-depressivos crónicos. Já agora acrescento ao rol Odivelas, que durante muitos anos pertenceu ao concelho de Loures, precisamente quando este era presidido pelo PCP.

Os subúrbios do Porto também são mauzinhos, mas nada que se compare aos horrores que vemos à volta de Lisboa. Aí si, podiam-se dedicar a demolições, que aquilo só já lá vai com buldozzers, e deixar o centro de Lisboa tranquilo.
Imagem de perfil

De António de Almeida a 13.10.2009 às 17:21

Não percebo o fascíno dos almadenses na personagem, mas o problema será provavelmente meu...
Sem imagem de perfil

De Ana Lourenço a 13.10.2009 às 17:55

Abílio Fernandes é um daqueles poucos exemplos de comunistas que o são por convicção, sem o dissimulado interesse de deitarem a mão ao que não lhes pertence, embrulhados num discurso de igualdade.
Foi proibido de entrar na CM de Évora durante este período eleitoral, pelo socialista Presidente. Um horror de cidade!

Ver em www.ganharevora.cdu.pt
Imagem de perfil

De Nuno Castelo-Branco a 14.10.2009 às 09:47

Pois, há excepções que confirmam a velha regra. No entanto a cidade do sr. Abílio Fernandes não "beneficia" dos atractivos da zona suburbana da capital do país, não sendo assim possíveis as costumeiras manobras da especulação.
Sem imagem de perfil

De JRF a 13.10.2009 às 21:30

Muito bem!
Imagem de perfil

De José António Abreu a 14.10.2009 às 10:26

Excelente. Já é altura de se começarem a desmascarar certas "verdades" sobre a excelência da gestão autárquica do PC.
Sem imagem de perfil

De Ana a 14.10.2009 às 17:41

Não posso nest post falar sobre esse assunto...Pena minha.
Abílio F. foi usado até à exaustão pelos camaradas que, como baluarte da dignidade, apenas o tinham a ele para exibir anos a fio.
Agora temos uma cidade que cheira a cão e lixo.

Comentar post







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas