De Vitor Ferreira a 26.10.2009 às 05:00
De Bulhão Pato recomenda-se a leitura das "Memórias" (3 vols .) que preparei para edição na > e que saíram em 1986 acompanhadas por um outro volume, "Vidas Íntimas de Homens Ilustres". Os volumes receberam, todos, curtas notas informativas - um total de c. de 1.000 - e são um manancial de assuntos e personagens que o Bulhão Pato arquivou para conhecimento futuro. Tratadas romanticamente, ficaram como importante testemunho de uma época de que ele foi um dos representantes, aliás, banhado numa luz de elegância, autor de ditos espirituosos, amante do odore di femina, bom no uso da espingarda de caça, estimado por muitos e ridicularizado por outros (Eça tê-lo-á apresentado como o "poeta Alencar" em "Os Maias"), avesso a benesses e a sinecuras, morreu tal como sempre vivera, modestamente, numa pequena casa que fica nos limites do campo da Universidade na Costa da Caparica e não deixou descendência. Também nos fala da Caparica que mais não era, então, do que juncais, tocas de coelhos, asotas de pescadores. Passará, em 2012, o 1º centenário do seu falecimento; será que a Câmara Mun. de Almada fará a comemoração? Ou fará como Albino Forjaz de Sampaio que ao tomar conhecimento do seu passamento terá dito, mais ou menos, isto: Julgava-o morto há 20 anos.
O "Patinho" estava nos 83 anos, uma idade avançada para a época. Muito haveria a escrever mas quero realçar o gosto de saber que ainda há qem leia abecerragens de um tempo que passou e que marcou a sociedade portuguesa, a das últimas gerações da Monarquia, de um certo esplendor literário, das expedições e aventuras africanas, da forte emigração para o Brasil, dos "melhoramentos materiais" - ainda que ténues e dispersos-, do "fosssilismo e progresso", da intensa vivência teatral em Lisboa, da dependêncua cultural de França, de um parlamentrismo em que era mais visível o interesse partidário e pessoal do que o interesse nacional, de uma Constituição - a Carta Constitucional reformada! - que alimentava a vida parada da Nação, etc.
Quanto à sua poesia, o próprio Camilo - que Pato incensava - escreveu coisas pouco agradável. Dessa quantidade de livros de livros com poesia que publicou ficaram alguns poemas que ele terá esquissado à volta da intensa luz de Cesário sem, no entanto, conseguir ultrapassar a sua veia de ultra-romântic.Desculpem o curto arrazoado Haveria, e há, muito mais para escrever. VF