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Syria Interrupted

por FR, em 30.08.13

Algumas pessoas me têm questionado acerca do meu silêncio em relação aos desenvolvimentos na Síria das últimas semanas. Na verdade tenho resistido à tentação de escrever sobre o assunto principalmente por duas razões: se por um lado o trabalho me tem roubado quase todo o tempo disponível, por outro, pouco ou nada há a dizer para além do que tenho vindo a repetir desde há mais de dois anos.

 

É curioso verificar que cada vez mais comentadores, sejam da ‘esquerda’ ou da ‘direita’, começam a perceber o absurdo que constitui esta criminosa intervenção estrangeira em território Sírio, bem como a incrível injustiça de que tem sido alvo o governo legítimo de Bashar al Assad.

 

Desde o meu primeiro (de muitos) artigos sobre a Síria que tenho sido acusado de ‘compactuar com um regime atroz’, de ser um ‘ingénuo colaborador de Assad’, de ‘repetir ad nauseam a propaganda do governo’, para além de ter sido alvo de um rol de criativos insultos menos dignos de serem aqui repetidos. Estava assim, desde 2011, quase isolado a defender a minha posição, e ao contrário de tantos outros ilustres comentadores, não tive por isso de ver-me obrigado a alterá-la a 180º. Registo agora que os argumentos que utilizei vezes sem conta nos últimos anos são agora repetidos precisamente por aqueles que antes os tentavam ridicularizar.

 

Resta-me a desolação de verificar que os meus piores receios têm vindo a confirmar-se de forma dramática à medida que progride o conflicto na Síria, e que as perspectivas da concretização de uma guerra global, desde há muito adivinhada, assume um grau de probabilidade cada vez maior.

 

Neste momento em que os dados estão lançados e em que já quase todos possuem renovadas certezas absolutas, deixo para os restantes opinadores o seguimento da discussão. Até porque hoje me apetece escrever sobre o Dar Fur.

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publicado às 13:57

Haverá uma boa alma...

por Nuno Castelo-Branco, em 28.08.13

...que tenha a paciência de enviar isto ao nobelizado Obama

 

Entretanto, se puderem, revejam o filme que aqui deixamos

publicado às 18:55

Plano de incontinência para a Síria

por John Wolf, em 27.08.13

A escassos dias (ou horas) de uma intervenção militar na Síria, conduzida pelos EUA e seus aliados, e colocando de lado interpretações de ordem geopolítica, preferências ideológicas, as questões morais respeitantes à lei da guerra e o uso de armas químicas, assim como o registo do acentuar da clivagem que opõe a Rússia ao ocidente europeu e americano, venho perguntar se uma nação marginal ao conflito como Portugal tem preparado um plano de contingência, ou se aguarda com expectativa e curiosidade o desenrolar dos acontecimentos? Sei que as guerras internas são de outra natureza, mas um hipotético grupo de trabalho de emergência deve considerar os efeitos nefastos da intervenção militar que se segue, designadamente aqueles que se farão sentir na subida dos preços do crude e nas bombas de gasolina. A intervenção a que assistiremos, de 6 ou 60 dias de duração, obriga os estrategas a redefinir a sua agenda. A crise económica e social de Portugal agudizar-se-á seja qual fôr o desfecho. A retórica das últimas horas inscreve-se no domínio do fait accompli - a política externa dos EUA já lançou os dados e não irá aguardar o aval de uma organização que há já algum tempo deixou de ter relevância no quadro actual da relação de forças - a ONU já não serve de comissão de autenticação ou de plenário de rejeição de decisões tomadas de acordo com interesses que lhe são alheios. Esteja onde estiver, Rui Machete deveria começar a pensar uma pequena declaração sobre o posicionamento de Portugal. Em que condições se encontram as reservas energéticas estratégicas de Portugal? Qual a medida estimável de impacto na consolidação orçamental? Qual o cenário mais  desfavorável para Portugal? E se o governo (ou algum membro do executivo) não realiza este exercício de listagem de possíveis cenários, a oposição teria uma excelente oportunidade para realizar um simulacro. Eu sei que o Bloco de Esquerda anda preocupado com outras coisas, como sentar na sua bancada uma economista em vez de um médico, enquanto que o PS tem resposta para tudo e mais alguma coisa, mas é o governo actual, alegadamente presente para responder a todo o tipo de incêndios, que deve apresentar à nação um esquisso de uma resposta plausível. Pode ser que eu não esteja a ver nada. Afinal de contas Machete foi o homem que sempre cultivou uma relação de proximidade com os EUA (o Soares também; Carlucci e mon ami Kissinger...) e talvez já saiba o que está para acontecer, que tenha assistido a um briefing americano e tenha recebido um memo. Bem sei que o povo português pouco espera de Cavaco, e que o mesmo nunca poderia encarnar um Churchill acutilante, mas alguém deve aparecer para relatar as possíveis consequências do conflito que se avizinha. Acho curioso que a crise Síria ainda não tenha sido utilizada como alíbi, como distracção para as desgraças domésticas que continuamente fustigam a esperança nacional, mas acho que tenho uma resposta aceitável. Melhor ainda, sei porquê. O campeonato de futebol já arrancou, a primeira liga já corre. E não há liga árabe que destrone o desporto-rei.

publicado às 20:39

S-300

por Nuno Castelo-Branco, em 27.08.13

Nunca pensei desejar tal coisa, mas espero que nos últimos meses a Rússia já tenha oportunamente colocado umas centenas de S-300 na Síria. Seria um inestimável serviço prestado à segurança europeia. Se os nossos aliados americanos perderam todo o sentido da conveniência, há então que encontrar quem melhor sirva os interesses ocidentais, inclusivamente os dos próprios Estados Unidos da América. 

 

Pelos vistos, o Sr. Obama, Prémio Nobel da Paz, encontrou o seu "pretexto Gleiwtiz"

publicado às 17:07

Vem aí asneira...

por Nuno Castelo-Branco, em 24.08.13


... e da grossa!

publicado às 23:45

Pó, cinza e nada

por FR, em 08.07.13

Tenho ouvido muitos comentadores a condenar o último golpe de estado no Egipto, alegando a suposta legitimidade de um governo eleito democraticamente (com 51,73% dos votos).

 

Ora eu, que de democracia percebo pouco e gosto menos, confesso fazer-me uma certa confusão estes democratas que falam de islamofobia de boca cheia, serem incapazes de denunciar a recorrente perseguição que tem sido feita aos cristãos em África e no Médio Oriente. A destruição de igrejas e cemitérios, a perseguição por vias judiciais através de julgamentos-fantoche, a alienação da sua participação na vida pública, a imposição de restrições à liberdade religiosa, o massacre diário de cristãos às mãos de islamistas fanáticos; nada disto aparenta preocupar os democratas: o “cinquentaporcento+1” povo falou e decidiu pelas urnas: o governo é legítimo. Aos cristãos resta a opção do êxodo ou do martírio.

 

Como seria de esperar os Estados Unidos declararam não apoiar o golpe militar, o que faz todo o sentido de acordo com a sua política de extermínio do cristianismo, tanto dentro como fora de portas. O sangue dos mártires vai jorrando imparável do Paquistão à Síria, do Egipto à Nigéria, só para enumerar os casos mais dramáticos, mas se alguém se atreve a denunciar estes casos, é imediatamente rotulado de islamófobo.

 

Cada vez mais isolados neste mundo, aos cristãos restará em breve pouco mais do que o consolo de uma vida para além deste pó e destas cinzas.

publicado às 20:45

Rebeldes ou Terroristas?

por FR, em 19.06.13

Em conversa com um amigo, discutindo a guerra na Síria, este parecia incomodado com o facto de eu tratar como terroristas aqueles que ele tratava como rebeldes. Gostaria então de apresentar os meus argumentos para tal tratamento:

 

- 17 Junho 2013: Explosão em Aleppo mata 60

- 16 Junho 2013: Carro-bomba explode em Damasco

- 14 Junho 2013: Dois homens-bomba matam 14

- 27 Maio 2013: Jornalista assassinada

- 17 Maio 2013: Três soldados da ONU sequestrados

- 14 Maio 2013: Homem filmado a comer o coração de soldado morto

- 30 Abril 2013: Explosão no centro de Damasco mata 13

- 30 Março 2013: Xeque mutilado e decapitado

- 21 Março 2013: Homem-bomba em Mesquita em Damasco mata 20

- 5 Janeiro 2013: Duas explosões em bairro cristão de Damasco

- 2 Janeiro 2013: Jornalista Americano sequestrado

- 17 Dezembro 2012: Um Italiano, dois Russos sequestrados

- 6 Novembro 2012: Bomba em bairro residencial de Damasco mata 10

- 27 Outubro 2012: Jornalista Libanês sequestrado

- 26 Outubro 2012: Carro-bomba em Damasco mata 47

- 25 Outubro 2012: Padre raptado e executado

- 7 Setembro 2012: Mota-bomba explode à entrada de Mesquita, mata 10

- 3 Setembro 2012: Carro-bomba explode em bairro cristão

- 27 Agosto 2012: Carro-bomba explode em funeral cristão, mata 12

- 11 Agosto 2012: Quatro jornalistas sequestrados

 

Agora pergunto eu: que outro nome senão terrorismo se poderá dar ao sistemático recurso a carros armadilhados em bairros residenciais, igrejas e mesquitas? À prática de mutilações, decapitações e rituais de canibalismo? Aos frequentíssimos sequestros e execuções de civis?

 

E o que dizer do facto da minoria cristã, cada vez mais pequena, ser alvo preferencial de ataques terroristas? Que dizer da quase total ausência de notícias sobre os constantes sequestros, assassinatos e violações dos cristãos Sírios?

 

Esta gente não está a lutar pela democracia e estes mortos não são mártires em nome da liberdade. São grupos radicais que não têm qualquer pudor em recorrer aos meios mais baixos e sangrentos de terrorismo com a intenção de impôr um regime obscuro que, a triunfar, conduziria o país para um era de terror e de trevas, e contribuiria para aumentar a destabilização de toda a região, incluindo o Líbano, o Irão e o Iraque. Só a posição de Israel sairia aparentemente reforçada com o derrube do regime, pelo que se poderá começar a entender a obsessão dos Estados Unidos com o derrube de Assad.

 

Quando os ataques são como os descritos acima, é imprescindível que a resposta das forças de segurança seja forte e decidida. Foi assim que respondeu o regime e não poderia ter sido de outra forma. Quando estes baixíssimos ataques são incentivados por apoios financeiros e logísticos vindos das potências externas e legitimados moralmente pela quase totalidade da comunidade internacional, é evidente que eles não irão parar, tal como não cessará por outro lado a resposta do regime. O resultado é aquele a que vamos assistindo há mais de dois anos, ou seja, a morte e a destruição de um país.

 

Não é novidade para ninguém que os governos sigam interesses particulares de forma a satisfazer a vontade de pequenas elites, e não só as massas, mas também a maioria da gente informada vai na sua conversa. Esta seria uma observação aterradora se a tal não estivéssemos já habituados e se para esses planos não tivésemos nós um Plano alternativo, mas é indicativa das infinitas possibilidades depositadas nas mãos destas autênticas máquinas de propaganda, capazes de conduzir nações inteiras, por capricho, para onde bem entenderem.

Nem que seja para o abismo.

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publicado às 13:39

Quasyr

por FR, em 06.06.13

Começam a quebrar as linhas de apoio à actividade terrorista perpetrada pelo “Exército Livre da Síria”. Depois da vitória decisiva em Quasyr, o mais evidente sinal de triunfo do regime de Assad é o facto de terem falhado as negociações para as conferências de Geneva para a paz na Síria. Não terá caído bem aos apoiantes dos terroristas a recusa destes em participar com representantes nas negociações inicialmente agendadas para este mês de Junho. Adiadas as negociações para Julho, resta saber se em 30 dias sobrarão “rebeldes” Sírios para se sentarem à mesa e discutir a paz, ou se a paz terá sido já, por essa altura, imposta pela força de Assad. Força das armas, evidentemente, mas sustentada pelo cada vez mais evidente apoio da generalidade da população Síria ao seu Presidente.

 

A data não se conhece ainda, mas a vitória, essa, é já uma certeza.

 

Começará em breve a reconstrução do país, devastado por mais de dois anos de batalhas intensas. Já se sabe quem irá participar dessa reconstrução e a quem serão fechadas portas. A Rússia foi durante todo este processo o aliado fundamental da Síria e dos Sírios, sem a qual o país teria sido indubitavelmente perdido para os fundamentalistas islâmicos, suportados por grupelhos terroristas, pelas monarquias árabes, pela ONU e pela aliança atlântica.

 

Era perfeitamente evitável a perda de tão grande número de vidas; é catastrófica a perda de património cultural de valor inquantificável; no entanto está o sangue derramado e tombadas estão as paredes milenares. É hora de reerguer-se a Síria dos escombros.

 

O regime não caiu, mas estou convicto de que Assad sairá da liderança do regime em pouco tempo. Mas sairá pelo próprio pé. Sairá de forma controlada, sem pressões terroristas, com espaço para realizar uma transição sustentada para o que se espera vir a ser um regime menos autoritário. Era esta a sua vontade e a sua intenção até ter sido nestes propósitos interrompido por uma vergonhosa intervenção estrangeira. Que se não se esqueçam nunca os Sírios de quem apoiou esta intervenção.

 

A ONU já está preparada para entrar em força no terreno, mais as suas inconsequentes “Missões de Paz”. Pouco me surpreenderia que lhe fosse recusada a entrada e fosse no seu todo escorraçada de território nacional como persona non grata.

 

Os Americanos perderam a oportunidade de conquistar um livre-trânsito para o Irão e vêem a sua posição cada vez mais fragilizada no Médio Oriente. Por outro lado, com a vitória do regime de Assad, o Hezbollah recupera alguma da relevância que detinha não só no Líbano mas em toda a região, depois de atravessar um dos períodos de maior enfraquecimento político desde a sua fundação.

 

A União Europeia, por sua vez, surge mais uma vez como uma instituição tão ridícula como inconsequente, sem poder nem vontade colectiva, decretando e decidindo pela voz de uma ínfima, pérfida e pouco ou nada representativa minoria, em nome de uma Europa imaginada pelos próprios.

 

A Rússia surge assim como a grande vencedora nesta guerra, e terá oportunidade de reforçar as suas ambições políticas globais, que passam incontornavelmente por uma deslocação da posição primordial de superpotência dos países Atlânticos para a Eurásia. A magnitude deste movimento tem sido grandemente ignorada ou subestimada, mas não têm sido por isso evitados esforços no sentido de conjugar vários elementos na direcção de fazer ressurgir a Rússia como o principal pólo de decisões a nível mundial. Uma nova e perigosa filosofia está a emergir aglomerando a cultura, a política, a religião e o patriotismo, promovendo um discurso sustentado no orgulho nacional, alimentando na população a sempiterna ilusão da superioridade russa em relação ao resto dos povos do mundo.

 

São tempos perigosos aqueles em que vivemos, que não sobrem desse facto dúvidas. É urgente que Portugal desperte desta fantasia na qual se vem instalando desconfortavelmente desde há décadas e evite afundar-se com o resto da Europa. Na tentativa de se reinventar numa distopia satânica, o único objectivo que a Europa vai conseguir atingir é a auto-destruição. Que se não deixe Portugal levar por estes caminhos tenebrosos.

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publicado às 16:01

Portugal de Quatro

por FR, em 01.06.13

O Digníssimo, Excelso e Venerával Presidente da República Portuguesa, Dr. Aníbal Cavaco Silva, diz que “a entrada da Turquia na União Europeia - que, como é sabido, Portugal sempre defendeu - enriquecerá a Europa com a sabedoria milenar de um povo com uma longa História”

 

Desconheço esse Portugal em nome do qual Vossa Excelência fala, Senhor Presidente. O Portugal real é representado pelo Senhor Dom Duarte, Rei de Portugal, coroa da sabedoria milenar de um povo com uma longa História.

 

O Digníssimo, Excelso e Venerával Presidente da República Portuguesa, Dr. Aníbal Cavaco Silva, voltou a elogiar o papel que a Turquia tem desempenhado em favor da estabilidade, segurança e paz, bem com o seu contributo para a resolução de "questões tão complexas e tão dramáticas, como a que se vive actualmente na Síria".

 

Desconheço esses conceitos de estabilidade, segurança e paz dos quais Vossa Excelência fala, senhor Presidente. Desconfio também, Senhor Presidente, que Vossa Excelência desconheça a situação que se vive actualmente na Síria. Sobressai sobremaneira a sua manifesta ignorância, particularmente quando comparada com a dignidade da posição do Senhor Dom Duarte, Rei de Portugal, que foi a única figura pública de relevo neste país que teve a inteligência e a coragem de impôr a razão à barbárie e mover esforços no sentido de promover a verdadeira estabilidade, segurança e paz na Síria.

 

Atrevo-me por vezes a imaginar quão diferente seria a nossa política externa se sob o comando de um Chefe de Estado digno da memória desta nação.

 

O Digníssimo, Excelso e Venerával Presidente da República Portuguesa, Dr. Aníbal Cavaco Silva, convidou os empresários e os investidores turcos a olharem para Portugal como um estado-membro da União Europeia que lhes pode oferecer um ambiente favorável aos seus negócios e excelentes oportunidades de investimento e cuja proximidade linguística e cultural com países como o Brasil, Angola e Moçambique constitui, além disso, um activo particularmente importante em matéria de cooperação triangular.

 

Conheço bem demais esse Portugal estado-membro. Um verme institucional de olhar mendigo e mão estendida. Ora que seja então a porta de entrada na União Europeia para os Turcos, já que somos o tapete estendido que é espezinhado por toda a sorte de bandidos e rufias; já que somos tubo de ensaio para as mais aberrantes experiências da engenharia social. Sejamos, sim, porta de entrada na União Europeia para os Turcos. Toda a honra e toda a glória!

 

E sejamos ainda a ponte para o Brasil, Angola e Moçambique. É que depois daquela brilhante decisão de tribalizar a nossa língua, até já falamos praticamente o mesmo dialecto!

 

Desde que, de forma vergonhosa, abandonámos as nossas províncias ultramarinas, que lhes temos as costas viradas. Mas agora, propõe o Digníssimo senhor Presidente, devemos oferecer aos ilustres empresários turcos o serviço de mordomia que lhes abre respeitosamente as portas de Angola. Bestial, senhor Presidente!

publicado às 16:57

Tal como temos vindo a dizer desde há mais de dois anos, as forças dos Estados Unidos e seus aliados não se têm poupado a esforços para promover a guerra na Síria que dura desde o início de 2011. Este apoio criminoso aos terroristas tem sido feito em nome de uma “Primavera Árabe” que, já o sabemos, é um movimento obscuro mas muito bem orquestrado, com objectivos ainda por esclarecer, operando sob a máscara da luta pela democracia, e cujos resultados se traduzem na implementação de regimes igualmente obscuros ao preço de centenas de milhares de mortos e destruição generalizada.

 

O rasto de destruição e morte provocado pela guerra na Síria em particular é tremendo e resulta do falhanço completo das previsões americanas, que julgavam conseguir fazer cair o regime numa questão de poucos meses. Decidiram ignorar as declarações proferidas por Putin no início dos confrontos, quando este disse que “a Síria não é a Líbia”, afirmando-se desde o início indisponível para compactuar com uma intervenção armada visando o derrube de Bashar al-Assad.

 

Criou-se uma plataforma formada pelos países da península Arábica, a Turquia, os Estados Unidos e seus aliados com o objectivo de armar rebeldes e conquistar Damasco a partir do Norte. Contra o fornecimento de armas, treino e apoio logístico aos rebeldes, responderam a Rússia e o Irão na mesma moeda com apoio continuado a Assad. Ao lado destes, embora de forma mais discreta, posicionou-se a China, sendo esta o elemento-chave que permitiu que, até ao momento, a tal plataforma não tenha sido capaz de movimentar uma invasão explícita à Síria.

 

A pressão sobre a Síria dos meios de comunicação internacionais alinhados com os interesses desta plataforma tem sido constante, mas alternando momentos de maior intensidade com outros de relativa passividade. Estamos mais uma vez numa fase crucial, como se pode perceber pela quantidade de desinformação que tem sido publicada contra o regime, incluindo a conhecida estratégia das alegações do uso de armas químicas por parte do regime Sírio. Tudo indica, portanto, que os Estados Unidos se preparam para uma nova ofensiva mediática e diplomática com o objectivo de concretizar a invasão ao país.

 

É neste contexto que aparece de novo Putin, em tom firme e seguramente ameaçador, reafirmando o seu compromisso de não permitir tal invasão, e dizendo que para isso está disposto a intervir militarmente e de forma directa. No seguimento dos bombardeamentos dos últimos dias perpetrados por Israel em território Sírio, o Presidente Russo deixa um aviso a Netanyahu: novos bombardeamentos não serão tolerados.

 

Putin já afirmou em diversas ocasiões que tem vindo a fornecer armas sofisticadas ao regime. Por esta notícia pode ver-se que se trata de armamento de peso, pelo que Israel terá, decididamente, de medir as consequências caso esteja a considerar um novo ataque à Síria.

 

Do outro lado da ofensiva, consta que os Estados Unidos contiuam a treinar os rebeldes em campos militares na Jordânia e na Turquia, para além de lhes fornecerem também armamento, certamente desde que começou a actividade terrorista do “Free Syrian Army”.

 

Muitos são os que julgam impossível uma nova guerra entre as maiores potências mundiais. Em conversas entre amigos, à mera sugestão de uma guerra de proporções planetárias, a resposta é geralmente de absoluta incredulidade ou até escárnio. Os sinais, no entanto, estão à vista de todos: as movimentações dos submarinos nucleares Ingleses e Americanos no Golfo do Irão para “exercícios de rotina”, as crescentes tensões entre a China e o Japão, o fundamentalismo islâmico, a incessante beligerância de Israel, as ameaças Russas, o colapso financeiro e social da Europa, enfim, poderia continuar durante horas, mas pelos vistos nada disto é real, nada disto está interligado. Até porque “está tudo bem como está, e não podia ser de outra forma”.

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publicado às 17:13

Irão os americanos bombardear os "rebeldes"?

por Nuno Castelo-Branco, em 06.05.13

Sarin na Síria, mas do lado que não convém à imprensa e aos nossos aliados. Qual será o próximo episódio convence-tolos? Arranjarão provas irrefutáveis de narcotráfico, ou avançarão de imediato para uma gruta de Ali Babá a abarrotar de bombas H?

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publicado às 12:19

Na Síria...

por Nuno Castelo-Branco, em 25.04.13

...combatem muitos europeus que aproveitam o passeio para se radicalizarem. Europeus típicos:  o Ahmad, o Ahmed, o Hamid, o Mahmud, o Sultan, o Mohamed, o Azziz, o Karim, o Zoubir, o Abdul, o Mustafá, etc.

publicado às 09:42

Gaza

por Nuno Castelo-Branco, em 19.11.12

Naquela minúscula, quase insignificante faixa de terra que de imediato nos faz recordar uma região homónima que nos encheu páginas de livros de história com os nomes de Mouzinho de Albuquerque e da sua Némesis, o Gungunhana, volta a ouvir-se o silvo dos mísseis e o metralhar das armas automáticas. Se a situação no Médio Oriente já se encontrava num crescendo de belicosidade, a incursão israelita em Gaza, insere-se num padrão de escalada que apenas poderá ter como alvo o Irão e os seus aliados regionais. 

 

Este episódio teve início já há alguns dias, sabendo perfeitamente os dirigentes do Hamas que o lançamento de mísseis contra alvos israelitas teria uma rápida resposta. A estratégia não poderá deixar de a todos parecer intencional e assim estamos perante o possível alastrar do conflito sírio a um âmbito mais vasto e muito mais perigoso, no qual os contendores principais serão os israelitas e os persas. Talvez o governo de Netanyhau esteja a contar com a profunda desconfiança e espectável neutralidade dos países árabes, temerosos de um Irão armado de armas nucleares e apoios na Síria, Iraque e Líbano. A chuva de 500 mísseis que caíram em Israel, não poderá deixar de ser encarada como uma intencional provocação e os dirigentes iranianos poderão ter tido alguma influência no despoletar de mais esta crise.

 

A verdade é que esta guerra parece ser conveniente a ambas as partes e a incursão na Faixa de Gaza poderá ser o prelúdio de uma operação mais vasta, esperando os israelitas uma retaliação do Hamas e ser assim responsabilizado o tutor iraniano. Há quem avente a certeza de uma guerra cirúrgica visando as instalações nucleares que o regime dos aiatolás fez espalhar pelo seu território, mas não existe qualquer certeza acerca do verdadeiro potencial bélico com que Teerão conta, além de serem possíveis ataques directos directos ao território de Israel, dada a situação dos aliados do Irão no Líbano e na Síria. Neste último país, este distrair das atenções para outras áreas do Médio Oriente, poderá servir os interesses do regime de Assad, levando-o a um supremo esforço  que liquide a oposição interna e os seus apoiantes brigadistas, armados e financiados por alguns países pró-ocidentais. Resta-nos então aguardar a evolução dos acontecimentos e verificadas as díspares posições dos países muçulmanos, a capacidade ou vontade da administração norte-americana do exercício da sua influência sobre israelitas e outros aliados .

publicado às 10:53

Vírus do Nilo

por Nuno Castelo-Branco, em 23.08.12

 

Andam os norte-americanos extremamente preocupados com este surto viral. Têm razão, até porque houve quem os avisasse quanto a uma outra praga que ameaça a segurança daquilo a que outrora se denominou de hemisfério ocidental. É um vírus bem diferente daquele que a notícia aponta como catástrofe e é infinitamente mais perigoso. Contamina os seguidores de um deus que os enlouquece por coisa alguma e por tudo o que não existe e se enraíza como obra a realizar em prejuízo de outrem. Este vírus já se espalhou por todo o norte de África e agora alastra-se a peste à Síria, sempre com o precioso auxílio dos especialistas de Washington. Com mais uma asinina gargalhada de Madame Clinton, ficaremos todos com dores de cabeça e acamados devido a febres intensas. 

 

Os nossos aliados americanos foram picados, contaminaram-se e não há vacina que lhes sirva de remédio. 

publicado às 17:28

A verdade sobre a Síria que se pretende esconder

por Pedro Quartin Graça, em 11.08.12

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publicado às 10:54

And now for something completely different

por Samuel de Paiva Pires, em 26.03.12

No Sol, Barça envia 'mensagem subliminar' a rebeldes sírios

 

«A alegação insólita parte do canal de televisão sírio Al Dunya, próximo do regime de Bashar al-Assad: as movimentações em campo de Messi e dos seus colegas do Barcelona representam um código do Governo do Qatar para os rebeldes encontrarem armas e combaterem Damasco.»

 

Vejam o vídeo no site do Sol. Como diz Luís Pedro Nunes no Facebook, nem o Inimigo Público bate isto!

publicado às 23:21

Hillary Clinton e... Rab(b)o

por Nuno Castelo-Branco, em 26.02.12

A cada vez mais aparentemente asquenaze secretária de Estado, anda encantada com o excelentíssimo Sr. Rabbo que assumiu a presidência do Iémen. No que respeita à Síria, a dita senhora aponta os inconvenientes de uma intervenção estrangeira - diga-se, americana -, garantindo contudo, o seu total apoio à "oposição". Afinal como ficamos? É que pelo que se sabe, esta activa "oposição" já esteve na Tunísia e na Líbia, sendo ela própria bastante estrangeira. 

 

O sucessor de Bin Laden já jurou o seu total apoio a essa "oposição" e é cada vez mais estranha, a capacidade de luta que esses indefesos militantes demonstram contra um exército bem equipado e aguerrido. Kadhafi era um traste da pior espécie? Era, sem dúvida. Hafez al-Assad um venenoso bandido, relíquia soviética que sobreviveu à queda da URSS, amigo e financiador de homens-bomba? Com certeza. Aquilo que agora deve ser ponderado, é a vontade do regime de Bashar el-Assad em promover uma gradual transição para um sistema mais representativo - hoje está a decorrer um referendo nesse sentido -e que garanta os direitos das minorias, especialmente da cristã que até aos nossos dias tem sido protegida. Ao contrário de outros países limítrofes, na Síria existe cinema, música, ópera, direitos das mulheres e alguma separação entre a mesquita e o Estado. Chegou o tempo de a Europa zelar pela sua segurança e não se deixar enrodilhar demasiadamente pelos ímpetos comerciais além-Atlântico, "sais sagrados" do Mar Morto, loucuras divinizantes tonitruadas por rufiões protestantes em assembleias de crédulos e outras conhecidas causas que muito nos prejudicam. Enough is enough. 

publicado às 21:00

As mentiras sobre a Síria

por Pedro Quartin Graça, em 21.01.12

Reuters, ABC e outros media ditos de "referência" mentem descaradamente aos seus utentes sobre a realidade síria na tentativa de a transformar noutra Líbia. Veja aqui.Um verdadeiro escândalo.

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publicado às 15:40

Mais um olhar sobre a Síria

por FR, em 11.01.12

Antes de avançar com a terceira parte da saga “Desmistificando a questão Síria”, e muito a propósito do meu próximo post, chamo a atenção para o artigo de ontem da RR, um testemunho de uma freira carmelita na Síria, do qual destaco as seguintes passagens:

 

“Começámos a notar que durante manifestações pacíficas havia uma quinta coluna a disparar sobre ambos os lados. Os ataques atingiam alternadamente os sunitas e os alauítas [seita minoritária islâmica, próxima do regime, a que pertence a família Assad], para intensificar o ódio, tal como se fez no Iraque entre sunitas e xiítas”, explica.

 

Outro exemplo disso é a morte de mais de 200 cristãos na zona de Homs. Segundo a freira: “Estes não foram crimes de natureza confessional mas actos cínicos, com o objectivo de desencorajar os cristãos de se manterem neutros no conflito”.

 

Outra queixa desta religiosa prende-se com a manipulação da informação que chega ao exterior.

 

A imprensa internacional também participa nesta manipulação acusa Agnès-Mariam, e dá um exemplo em que a al-Jazeera mostrou uma mulher com uma criança morta nos braços. Segundo o jornalista ela estaria a acusar as forças da ordem de matar a criança. “Nós conhecemos esta mulher. É sobrinha de um pedreiro que trabalha no convento. O que ela disse, de facto, foi ‘Se as forças de segurança tivessem estado aqui o meu filho não teria sido morto’”.

 

A freira carmelita considera que as vítimas deviam ser todas contabilizadas e todos os atentados aos direitos humanos condenados, mas lamenta que nesta altura só se aponte os crimes do governo e não da oposição. Não nega, contudo, a brutalidade do regime, sobretudo dos serviços secretos que espancam pessoas para obter confissões, verdadeiras ou falsas. Depois disso não há nada a fazer: “fecha-se o circulo. Depois de confessar a vítima é esquecida indefinidamente na prisão. Ninguém se atreve a perguntar por ela”, explica.

Segundo dados da ONU, que não podem ser confirmados independentemente, os conflitos na Síria já causaram cerca de cinco mil mortos desde que começaram, há quase um ano.

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publicado às 09:28

Meanwhile in Saudi

por FR, em 06.12.11

Há dias chegou-nos a notícia de que a Arábia Saudita se preparava para decretar que as mulheres que tenham os olhos demasiado atraentes sejam obrigadas a cobri-los em público. O objectivo desta medida é evitar provocar a tentação nos homens.

 

Hoje esta mesma Arábia Saudita esteve em Genebra a distribuir lições de democracia pelos países vizinhos.

 

O que virá a seguir?

publicado às 15:17






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