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« Da Democracia » em Portugal.

por Cristina Ribeiro, em 21.10.12
Na sua talvez maior obra, no « Portugal Contemporaneo », Joaquim Pedro de Oliveira Martins diz a certo passo " Nenhum systema politico se presta mais á tyrania e á burla do que o systema arithmetico do governo das maiorias.
Inorganico, ou se perde na confusão da anarchia, ou cáe na paz da indifferença apathica, ou numa corrupção systematica, num processo de burlas e sophismas "
       Visava, obviamente, o grande pensador a situação vivida no Portugal do seu século XIX, mas estava, sem o saber, a descrever a que hoje vivemos. Características que todos reconhecemos no Portugal do século XXI. Tal acontece apenas quando democracia acontece num sistema de partidocracia, o que não é - longe disso -  uma fatalidade, pois que a democracia pode existir fora dela: veja-se, na Europa d'hoje, o caso do Mónaco.

publicado às 21:47

Mais dois « Vencidos da Vida ».

por Cristina Ribeiro, em 19.10.12
" Alexandre Herculano, exilado na própria Pátria, condenando com veemência a desordem constitucionalista, e confessando a sua desilusão em palavras sinceras e claras como estas: « morro sem acreditar que as instituições democrático- republicanas convenham à velha Europa »
Garrett, que, horrorisado com a obra em que colaborara nas horas românticas da mocidade, proclamando em pleno parlamento « a maior das vergonhas confessarmos que errámos, que errámos muitas vezes »"
« Os Nossos Mestres », juízos e depoimentos coligidos por Fernando Campos
Só se desilude quem muito acredita; continuando no campo da Política, um cálice de que eu também já senti o sabor amargo.

publicado às 20:28

" Mandara buscar a espada de D. Afonso Henriques a Santa Cruz de Coimbra. A bandeira real foi benzida na Sé e entregue ao alferes-mór D. Luis de Menezes. O elmo de Carlos V [ seu avô materno ] fôra-lhe oferecido. Era um incitamento. Sob aquele capacete o moço arrebatado deixar-se-ia matar se não soubesse vencer. "
Rocha Martins, « História de Portugal » 




** excerto do comentário do nosso leitor Duarte Meira

publicado às 21:56

" Pobre D. Sebastião! malfadada creança!
A que mãos foi parar a tua rica herança!

Eras um bravo, tu, rei destemido e forte...
Não soubeste viver, mas affrontaste a morte,
Firme como um heroe; se o sangue portuguez
Salpicou a ferver as ameias de Fez´
E em ondas inundou as plagas africanas,
Tu, suicida sublime, ás hostes mauritanas
Mostraste, a combater, escravo do teu erro,
Que tinhas peito de aço e musculos de ferro!

Arrastaste contigo a patria á perdição:
Que a historia te perdoe, robusto coração!

E o rosto de Camões molhava-se de pranto...
Chorava o seu ideal despedaçado. "

Conde de Monsaraz, « Á Memória de Luiz de Camões »
 
 Nota: porque houve alguém que acusou " erros ortográficos ", quero dizer apenas que mantive a ortografia do tempo do conde, logicamente.

publicado às 20:18

Do saudoso blogue « Semiramis ».

por Cristina Ribeiro, em 01.12.11

Escreveu a sempre lembrada Joana num outro 1º de Dezembro, o de 2003:

 

 1640

Hoje é o dia 1 de Dezembro. Comemora-se a restauração da independência do país. Foi uma data extremamente importante para nós e da qual todos andamos esquecidos. Por isso venho aqui lembrá-la. E não apenas pela efeméride em si, mas para provar que os portugueses quando têm um objectivo e conseguem mobilizar, para a sua execução, as suas capacidades num clima de unidade e de consenso nacionais, conseguem-no atingir.

Como citar autores portugueses para comemorar glórias lusas poderia levar a pensar a inexistência de independência de julgamento sobre este evento, vou citar o Abade Vertot (“Histoire des revolutions de Portugal”), autor francês que nasceu ainda decorria a guerra da restauração, portanto praticamente contemporâneo dos acontecimentos.

Escreve Vertot na introdução: “Provavelmente nunca se viu na história outra conjura que, como esta, se possa denominar justa, quer no que respeita aos direitos do príncipe, o interesse do estado, a inclinação do povo, ou mesmo os motivos da maioria dos conjurados; outra conjura que tenha sido confiada a um tão grande número de pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, de todas as condições e de um temperamento tão fogoso, e por consequência tão pouco apropriadas ao segredo; outra conjura que, enfim, tenha tido um sucesso tão completo e que tenha custado tão pouco sangue”.

Vertot mostra-se profundamente impressionado por um reino, sujeito 60 anos antes pelo mais poderoso monarca da Europa de então, aparentando ser a província mais dócil dos seus estados, num dia, apenas num dia, mudar radicalmente o seu destino. Esse empreendimento foi, por assim dizer, um segredo confiado a toda uma nação, que não transpirou em nenhum círculo, e a sua execução, que inúmeros acidentes poderiam ter feito parar, foi um êxito completo e imediato. E o êxito do golpe em Lisboa alastrou em menos de uma semana a todo o território e, com a rapidez com que as notícias chegavam, a todas as colónias da coroa portuguesa.

Margarida de Saboia, Duquesa de Mântua, governava então Portugal com o título de vice-rainha. Mas na prática tinha um poder limitado. Quem governava era o secretário de estado Miguel de Vasconcelos que recebia ordens directamente do conde-duque Olivares. Este estimava Miguel de Vasconcelos pela habilidade como conseguia extorquir somas consideráveis de Portugal para financiar as guerras europeias do rei de Espanha.

O Duque de Bragança, cuja casa se havia considerado como a candidata à coroa com mais direitos após a morte de D. Sebastião, seria a personalidade natural para chefiar uma conjura. Olivares trazia-o sobre permanente vigilância, mas o duque, ainda por cima casado com uma espanhola(*), irmã do Duque de Medina Sidónia, passava a vida em festas, caçadas, ócios, etc., no seu palácio de Vila Viçosa, longe de Lisboa, provável epicentro de qualquer conjura.

Após as Alterações de Évora, o governo de Madrid tentou afastar D. João de Portugal oferecendo-lhe a governação do Ducado de Milão e, após a recusa a pretexto de questões de saúde e de ignorância da política italiana, o rei de Espanha convidou-o a encabeçar a nobreza portuguesa e tropas levantadas em Portugal para combater a insurreição da Catalunha. Seria uma proposta irrecusável. Mas o Duque de Bragança recusou-a alegando dificuldades financeiras para custear tal empreendimento.

A diligência seguinte foi tentar raptá-lo. Depois de uma primeira tentativa falhada, o governo espanhol encarregou o Duque de Bragança de vistoriar as praças fortes portuguesas. Como estas praças estavam todas com guarnições castelhanas, a ideia era obrigá-lo a uma reclusão forçada. Todavia o Duque de Bragança fez funcionar esse cargo em seu benefício. Utilizou aquelas funções, e o dinheiro que lhe puseram à disposição para as exercer, para colocar gente fiel em lugares importantes. E fazia-se acompanhar nas vistorias de uma comitiva tão numerosa que nunca foi viável levar à prática as pretensões de Olivares de o aprisionar numa das praças. E assim, D. João percorreu livremente o país de lés-a-lés, contactando a nobreza e militares, com o aval das funções que exercia.

Pinto Ribeiro, intendente da Casa de Bragança, conspirava em Lisboa, junto da nobreza e da burguesia. O comércio com o ultramar desviado de Lisboa para Cádiz, os fundos que deveriam ser empregues na defesa do Brasil (parcialmente ocupado pelos holandeses), de África e do Oriente desviados para as intermináveis guerras europeias dos Filipes, os cargos públicos principais e melhor remunerados entregues a espanhóis, a soldadesca espanhola aquartelada nas principais praças fortes portuguesas enquanto se levantavam forças militares em Portugal para servirem na Catalunha e noutros pontos de conflito.

Finalmente veio a notícia para o Duque de Bragança se apresentar na corte de Madrid para fazer o relato das acções de vistoria que tinha realizado. O Duque de Bragança conseguiu, com algumas manobras dilatórias, protelar a viagem, mas foi o sinal para os conjurados se apressarem.

Sábado, 1 de Dezembro de 1640, os conjurados fizeram-se transportar em liteiras e seges, para mais facilmente dissimularem as armas, por diferentes caminhos, para estarem às 8:30 junto ao Paço da Ribeira. Às 9 horas apearam-se e passaram à acção.

Um grupo dominou a guarda alemã, que apanhada desprevenida, não ofereceu resistência. Um segundo grupo encarregou-se de uma companhia espanhola que fazia guarda ao Forte do paço. Atacada de surpresa, os espanhóis renderam-se em poucos minutos. Um terceiro grupo penetrou no palácio em busca de Miguel de Vasconcelos, dominando todos os que se tentaram interpor até encontrar, liquidar e defenestrar o secretário de estado. Quando o grupo de conjurados que tinha por missão capturar a Vice-Rainha chegou aos seus aposentos, esta pensou que a revolta era contra Miguel de Vasconcelos, que ela também detestava e tentou apaziguar os conjurados. Estes explicaram o que estava em marcha e prenderam-na nos seus aposentos.

A quase totalidade da nobreza e alta oficialidade espanhola com funções de chefia nas diferentes guarnições de Lisboa e dos arredores estava no Paço, o que permitiu a sua captura imediata e decapitar as chefias militares espanholas. Das janelas do Paço surgiam proclamações aclamando D. João IV e a destituição do monarca espanhol.

Era certo que o castelo de S. Jorge e os fortes e torres da barra ainda estavam em poder dos espanhóis. No Tejo estava ancorada uma frota de três poderosos galeões espanhóis bem armados. Mas o movimento popular de apoio à conjura era demasiado impetuoso para ser detido. O Senado de Lisboa foi invadido pela chusma e o seu presidente entregou a bandeira da cidade afim de se proceder à aclamação do novo rei.

Antão Vaz de Almada ordenara entretanto à ex-vice-rainha para intimar a guarnição do castelo de S. Jorge a render-se, com a ameaça de fuzilar toda a nobreza espanhola capturada e mantida como refém. A duquesa aterrorizada assinou a ordem, convencida que o comandante do castelo não a cumpriria, por ter sido extorquida à força. Com essa ordem Antão Vaz de Almada, à frente de um pequeno grupo de conjurados e de uma multidão enorme mas desarmada, entrou no castelo e tomou posse do mesmo. O estupor e a surpresa dos espanhóis era tal que apesar da numerosa guarnição estar bem municiada e artilhada, capitularam sem resistir (**).

Os conjurados efectuavam os seus golpes com uma precisão milimétrica, com ardor e fogosidade, mas com espantosa frieza e objectividade, absolutamente seguros do que pretendiam, com completa confiança nos efeitos que iriam produzir e nos resultados que iriam obter, e perfeitamente certos da adesão popular que congregariam.

Os galeões espanhóis surtos defronte da Boa Vista (onde é hoje a Av. 24 de Julho) foram capturados por abordagem de pequenos barcos portugueses, ao estilo rocambolesco dos filmes de piratas de Hollywood (parte da oficialidade e marinhagem dos galeões havia entretanto sido capturada em terra). A última fortaleza da vizinhança de Lisboa a render-se foi a de S. Julião da Barra, sem combate e apesar de dispor de muita artilharia grossa, pólvora e mais de seis mil mosquetes. Antes tinham caído, sem combate, o Castelo de Almada, as torres da barra (Belém, Torre Velha, S. António e Bugio) e o forte de Cascais.

A rapidez dos conjurados, a precisão com que as diferentes acções foram delineadas e executadas, o efeito surpresa e a determinação de conjurados e de toda a população tiraram qualquer veleidade de resistência às estupefactas guarnições espanholas (cerca de 6.000 militares espanhóis, alemães e italianos só na zona de Lisboa). Os portugueses favoráveis a Filipe IV, que os havia na nobreza e no clero, também não reagiram. Muitos mudaram de campo e alguns envolveram-se meses depois numa conjura facilmente descoberta.

As repartições públicas continuaram a funcionar como de costume, mas os despachos das repartições e as sentenças dos tribunais, começados às 9 horas da manhã daquele espantoso sábado, em nome do rei espanhol ou da vice-rainha italiana, prosseguiam depois do meio-dia em nome do rei português. O mundo nunca tinha assistido a uma revolução assim: em duas horas um povo tomava nas suas mãos o seu destino e liquidava o domínio estrangeiro de uma grande potência de forma quase incruenta (morreram 3 homens, incluindo Miguel de Vasconcelos). E tudo continuava a funcionar, apenas acontecera o país mudar de donos. Bastou uma primeira arrancada de quarenta e tantos fidalgos e algumas centenas de homens do povo e a adesão imediata e unânime da população da capital.

D. João IV entrou em Lisboa a 6 de Dezembro, vindo de Vila Viçosa, entre ruidosas aclamações. Nessa altura já se tinham realizado autos de aclamação do novo rei em todas as cidades e vilas do reino. Os resultados da acção do 1 de Dezembro superaram de tal forma quaisquer expectativas que houvesse, que criaram um clima de exaltação patriótica tão poderoso, de tamanha confiança nas capacidades de Portugal e da protecção divina que este teria (***), que levou de roldão quem se lhe quisesse opor. O “milagre de Lisboa” foi um tónico estimulante para a nação portuguesa e teve um efeito completamente desmoralizador nas forças espanholas que, nos primeiros anos que se seguiram àquele dia, não tentaram qualquer acção militar digna de relevo para reaver o seu antigo domínio.

A maioria dos fidalgos portugueses que servia em Espanha largava os seus empregos e posições e atravessava a fronteira a oferecer os seus préstimos ao novo rei. Oficiais e soldados portugueses a servirem na guerra da Catalunha desvaneciam-se no ar e só voltavam a materializarem-se em Portugal. Uma companhia portuguesa atravessou a Catalunha em rigorosa formação militar e com tal à vontade que os espanhóis julgaram que ia numa missão, entrou em França, obteve 5 navios em La Rochele que dias depois fundeavam no Tejo. Francisco Manuel de Melo, que governava Ostende, na Flandres, em nome de Filipe IV, abandonou o posto e dirigiu-se para Londres ao encontro do embaixador português que não tardaria.

Os 500 estudantes portugueses que estudavam em Salamanca, ao saberem a 9 de Dezembro do “milagre de Lisboa”, desistiram de continuarem os estudos naquela universidade, organizaram-se em coluna e partiram imediatamente para Portugal. Ninguém teve coragem de os impedir.

Olivares que inicialmente pensava tratar-se de uma pequena conjura, rapidamente se apercebeu que era todo um povo que teria pela frente.

Todos os dias chegavam dezenas de correios à capital noticiando que esta e aquela cidade ou vila tinha proclamado o novo rei e que as guarnições espanholas tinham capitulado, quase sempre sem combate. Vertot escreve que era como se houvesse em todas as cidades e vilas do país conspirações semelhantes à de Lisboa que se desencadeavam logo que havia notícia do ocorrido na capital e com os mesmos resultados. Vertot refere que os oficiais e soldados espanhóis “fugiram do país com a mesma precipitação com que criminosos fogem da prisão” e que “em menos de 15 dias não havia um único espanhol em Portugal que não estivesse preso”.

O ministro inglês em Lisboa durante a época das lutas entre D. Afonso VI e o infante D. Pedro, ainda durante a guerra da restauração, Sir Robert Sthouwell, escrevia que: “se quereis ver os portugueses vencidos, deixai-os uns com os outros”. Menos de 2 décadas depois da conjura do 1º de Dezembro os portugueses já tinham perdido a capacidade de unidade e de consenso nacionais que tinham mostrado naquela primeira quinzena de Dezembro em que liquidaram o domínio de uma das principais potências da Europa, da potência que então disputava a primazia com a França.

publicado às 01:11

" Não voltem senão com os louros da vitória "

por Cristina Ribeiro, em 30.11.11
Tendo sabido que se preparava um grupo de portugueses para recuperar a independência, depois de sessenta anos de domínio estrangeiro, a filha de D. Jerónimo Coutinho, e viúva de D. Luís de Ataíde, D. Filipa de Vilhena, futura marquesa de Atouguia, incentivou os dois filhos a lutarem pela Restauração da pátria, pelo que ela mesma os armou, pouco antes da conjura, apelando ao seu patriotismo nessa hora decisiva da nação.

publicado às 18:54

O martírio d'« O Vitorioso » *

por Cristina Ribeiro, em 30.09.11
 
 
 
" -  Pois o caminho para Almeirim é por aqui?
  -Vossa Majestade não vai para Almeirim, mas sim para os bons ares da espaçosa fortaleza da ilha Terceira "
                        ( Camilo Castelo Branco, « Luta de Gigantes » )
 
 
Acabara de chegar de um daqueles passeios que me levaram ao interior da ilha, e propunha-me agora retomar a leitura de um dos dois livros que levara na mala. Começava um capítulo novo, em que o autor descorria sobre o drama de D. Afonso VI, que, depois do golpe palaciano que colocara no trono seu irmão D. Pedro II, e " ao cabo de dois anos de reclusão no seu quarto "pedia " o transferissem para ares do campo "; que iria para Almeirim, o que alegrou o ainda Rei, mas logo veio a saber que o seu destino seria outro, a maior fortaleza do Atlântico, o então denominado Forte de S. Filipe, porque mandado construir por Filipe II de Espanha, hoje Forte de S. João Baptista, onde continuaria o lúgrube cativeiro.
Entre o local onde me encontrava e o Monte Brasil, esse maciço verde onde se ergue o forte, apenas um braço de mar. No dia seguinte iria ver de perto onde se desenrolara parte  da tragédia daquele que foi, até à sua morte em Sintra, o segundo Rei da Dinastia de Bragança.
 
 
 
                                       * O Vitorioso, pois foi durante o seu reinado que se travaram as mais decisivas batalhas da Restauração.
 
 

publicado às 16:45

Porque temos memória.

por Cristina Ribeiro, em 12.09.11
 
 
 
Sobre ele escreveu um seu contemporâneo, o jornalista e escritor Rocha Martins, " A designação « Comandante » era respeitosamente votada áquele antigo oficial, duma paciência de lavrante, duma tenacidade de gotinha de água perfurando a pedra, dum contagiante romantismo, duma coragem fria e duma serenidade vasta, lembrando um infante de Aviz - sangue de aventura bem português, cruzado de raça ingleza.
Rígido e maleável, espírito ligeiro e alma profunda, batalhador, êle era o soldado de África, valoroso no combate, honradíssimo na administração, metódico na governança. "
 
Que o seu exemplo de guerreiro, que não se conformou nunca com o Regicídio, persistente como se revelou na tentativa de restaurar o que só pela violência foi derrubado, não foi esquecido, demonstra-o o facto de estar já no prelo novo livro sobre o herói, de autoria de Filipe Ribeiro de Menezes.

publicado às 14:09

Acabaram os ideais?

por Cristina Ribeiro, em 07.09.11
 
 
" Ah! Era o tempo em que os oficiais do exército, sabendo o que significava ter jurado a bandeira, atiravam com galões e soldo e partiam para a fome, levando só a honra...
A última página da epopeia da História portuguesa, tinham-na escrito essas centenas de homens que rodeavam o Comandante "[Paiva Couceiro ]
                  Tomaz de Figueiredo, « A Toca do Lobo »

publicado às 20:00

Aparição de Jesus a Madalena

por Cristina Ribeiro, em 27.08.11

 

 

 Afresco na igreja de S. Sebastião, na ilha Terceira, edificada em 1455 pelos primeiros povoadores, e considerada "  uma das mais belas e valiosas obras de arte do arquipélago "

 

 " Sem memória individual, sem valores espirituais a vida não é nada- não passa de um presente mesquinho, um vegetar sem esperança no reino animal do esquecimento " João Bigotte Chorão

                                                              

                                                   

 


apresenta a igreja um estilo gótico tardio pouco comum na Ilha, com destaque para os frescos, únicos em todo o Arquipélago. Estes importantes frescos do século XVI representam Santos e Passos da Paixão de Cristo.

publicado às 20:43

Neto de D. Manuel I, porque filho do infante D.Luís e de  Violante Gomes, "a Pelicana", ( com quem terá casado em segredo ), foi D. António, Prior do Crato, pretendente ao trono durante a crise sucessória de 1580, e, do mesmo modo que D. João I em 1385, o preferido do povo, que o aclamou rei a 24 de Julho daquele mesmo ano; por pouco tempo porém, pois que «Sabendo o duque de Alba por espias e ruins portugueses [ os Migueis de Vasconcelos de então ], como grande parte da gente da cidade se recolhia a ela a dormir em suas casas, acometeu de súbito o arraial do Senhor D. António trabalhando de entrar pela ponte de Alcântara », tendo-se aí travado, a 25 de Agosto, uma batalha decisiva, da qual D. António saiu derrotado. Faltou, neste lance dramático, o ânimo patriota de um D. Nuno Álvares Pereira.

Mas o filho de D. Luís continuaria rei de uma parcela do território português, os Açores, cujo corregedor, Ciprião de Figueiredo, escreveria, em 1582, a Filipe II de Espanha «  Antes morrer livres que em paz sujeitos ». Só um ano depois, em 1583, os castelhanos alcançariam o intento de entrar na Ilha da Terceira, baluarte da resistência portuguesa ao domínio espanhol.

publicado às 16:41

Os portugueses nunca foram isso!

por Cristina Ribeiro, em 09.12.10

Sobre o post do Miguel, referido pelo Nuno, sobre o racismo de certa direita, que até faz pensar que toda a direita o é, penalizando-a, quem tem acesso a certas blasfémias no Facebook, só pode mesmo, como já fiz, aliás, propor uma incursão pela nossa história, em que a evidência, com as excepções que sempre há, é a da não cedência a essa coisa nada menos que tenebrosa; a leitura de, por ex. esse homem que orgulha a pátria portuguesa, o Padre António Vieira. Mas, como digo, esse é apenas um exemplo, entre tantos, que certamente se envergonhariam do que por cá se diz em voz alta.

publicado às 13:50

manda o Poeta que
« Cessem do sábio Grego e do Troiano
as navegações grandes que fizeram;
cale-se de Alexandre e de Trajano
a fama das vitórias que tiveram;
que eu canto o peito ilustre lusitano
a quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
que outro valor mais alto se alevanta! »

publicado às 16:47

Paço dos Duques de Bragança, Guimarães.

por Cristina Ribeiro, em 10.08.10

 

 

 

Mandado construir em 1420 por D. Afonso, filho bastardo de D. João I, que, ao casar com D. Brites, filha de D. Nuno Álvares Pereira, herdeira de vários títulos de nobreza e de terras, inclusive Guimarães, se torna o tronco de uma poderosa família. O ducado deve o nome a outro dos seus territórios: Bragança.

À data desta construção, que por muito tempo foi o refúgio predilecto do Duque, já, porém, D. Brites tinha morrido.

 

Só com o segundo Duque, D. Fernando, segundo filho de D. Afonso, Vila Viçosa passou a ser a morada preferida.

publicado às 23:24

Foi ele!...

por Cristina Ribeiro, em 14.07.10

 

 

 

Vídeo animado que dá a conhecer a vida e os feitos do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Com argumento e realização da autoria de Pedro Lino, resulta de uma parceria conjunta entre o Museu de Alberto Sampaio e a Câmara Municipal de Guimarães e foi desenvolvido no âmbito das Comemorações dos 900 Anos do Nascimento do primeiro monarca português.

publicado às 00:20

( Capela de S. Miguel, onde, diz a tradição, terá sido baptizado o nosso Primeiro Rei )
E se assim o pensei, assim o fiz, com alguns dos sobrinhos mais novos, um dos quais fazia nesse dia a estreia. Lá estavam eles, os monumentos do nosso contentamento, sempre de portas abertas a quem quer ver ou rever as suas raízes.

publicado às 00:02

 

Assim via, em 1921, « O Século Ilustrado » o povo a ser asfixiado pelo "Polvo Gigante...

 

 

 

Já editado, mas que traduz o meu pensamento de sempre:

Não há homens providenciais? Acho que há. Mas também há homens que não sabem sair do lugar onde muito fizeram, no tempo apropriado. Para mim, Salazar reúne essas duas qualidades. Quando a Primeira República tinha já deixado o País num estado reconhecidamente lastimoso, ele foi muitíssimo oportuno, no labor de o levantar do atoleiro em que se encontrava, e, por isso, temos muito a agradecer-lhe. Mas uma grande virtude nos Grandes Homens há-de ser, forçosamente, a de ter a coragem, e o saber, de sair de cena na altura certa; essa vejo-a eu no final dos vinte primeiros anos em que esteve à frente dos destinos do País que se propôs levar adiante, o que fez com êxito...; e depois entregar o testemunho a quem dele fora espoliado, contribuindo, com o seu saber, para o desenvolvimento do país.

 

 

 

 

 

publicado às 21:51

As atribulações do escudo.

por Cristina Ribeiro, em 21.05.10

" Segundo o expresso de 10.04.2010 em 1910 o defice era praticamente 0% e a divida cerca 60% do PIB. Com a I Republica o defice disparou para -10% do PIB e a divida para 70% do PIB. Só com com a chegada do Salazar ao poder chegamos a ter superavites em vários anos e a divida baixou para cerca 20%. Apartir de 1974 tanto o defice como a divida dispararam e em 2010 estão em valor bem superiores aos de 1910 e trajectoria ascendente. Deste ponto de vista quem governou bem Portugal? Numeros são numeros e ficam para a historia ". Deste comentário ao artigo do expresso resulta bem claro que factos são factos, e não há ficções que escondam a realidade - no mesmo sentido escreveu aqui um texto indesmentível o Nuno Fernandes.

 

( outra coisa são os defeitos que podemos apontar à II República, que para mim se resumem a dois: falta de liberdade, e não devolução da governação a quem de direito: o Rei )

publicado às 16:39

Talvez seja mesmo necessário que

por Cristina Ribeiro, em 28.04.10

o incêndio ateado em Portugal, sabemos por quem, chamusque os que o atearam. E que tal se traduza na devida " recompensa " eleitoral.

Foi por sentirem as labaredas muito altas que, há muitos anos, todos abriram alas a um bombeiro de verdade, que o conseguiu extinguir. O mal desse bombeiro que, como diz o Pedro, faria hoje 121 anos, foi ter gostado tanto do lugar, que deu ensejo a novo fogo, como o que vivemos.

publicado às 19:46

 

 

" E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então tornaram-se a assentar como nós... e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção." - Carta de Caminha a El-Rei, 1º de maio de 1500

Um excerto da carta em que Pêro Vaz de Caminha informa D. Manuel que a armada sob o comando de Pedro Álvares Cabral chegara, a 22 de Abril, a terras que logo baptizaram de Vera Cruz. Nele se refere a primeira missa ali realizada . Foi no dia de Páscoa, que calhou a 26 do mesmo mês, faz hoje anos.

 

Dez anos antes, em 2000, a Páscoa foi no dia 23 de Abril. Fomos passá-la a Sousel. No dia anterior ficáramos em Ourém; o Sporting estava a um passo de ganhar o campeonato, e o jogo de Sábado com o Marítimo ( ? ) era decisivo Foi uma explosão de alegria quando ouvimos da vitória sportinguista.

Na manhã seguinte prosseguimos caminho ( iríamos passar lá a Segunda-feira, que por cá é dia feriado ), e, uma vez chegados à Pousada fomos

presenteados com uma reprodução daquela carta, que o EXPRESSO ( ? ) distribuira com o jornal.

 

 

 

Coisas do nosso dia-a-dia, em que coisas tão prosaicas, como um campeonato de futebol, são associadas a outras que marcaram indelevelmente a história de um país...

publicado às 20:37






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