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Na recruta, no Quartel de Boane (Distrito de Lourenço Marques, Moçambique, 1954). Legenda da foto: na 2ª fila, Carlos Silva, Génito, eu (Vítor Vladimiro), Rui Graça, Orlando e Afonso. Na 1º fila, Jorge C.B. Graça, Serra, Espiney, Mário Jorge e Aires.
Pelo casamento, o meu pai, Vítor Vladimiro, tornar-se-ia cunhado do Jorge e primo do Rui, ambos ex-colegas do Liceu Salazar (Lourenço Marques).
Nas imediações de Boane, a meio caminho da Suazilândia (Lourenço Marques, Moçambique, 1955). Legenda da foto: em pé e da esquerda para a direita, "Azinheira, os primos Jorge Castelo Branco Graça e Rui Graça, Barradas, Aleixo, Vale, Salvador e Matias. Na 1ª fila, Barca, R... (ilegível), F. Sena, Cristóvão e Génito"
Quando andava em manobras, o poderoso e invencível Exército Português também permitia algumas pausas para descanso. Durante a recruta, nos arredores de Boane (Distrito de Lourenço Marques, Moçambique, 1954), o meu pai, como sempre encandeado pelo sol. Esparramado e de perna traçada, aquele que dentro de quatro anos seria o seu cunhado, o meu tio Jorge.
Juramento de Bandeira da Incorporação Indígena (quartel de Vila de Manica*, Manica e Sofala, Moçambique, 1955).
Interessantes e muito diversificados, os uniformes khaki do Exército Português de África (na foto, o meu pai na foto da caderneta militar). Tinham trajes para todas as ocasiões.
* Visitei Manica em 1970 (ou 71?), quando os Pequenos Cantores da Polana fizeram uma digressão pela zona centro. Enquanto na ONU - ou melhor, os nossos aliados americanos, suecos, holandeses e os nossos adversários russos, chineses, cubanos, alemães do leste, etc - garantiam que aquela era uma "zona libertada" e controlada pelos "outros", o nosso grupo coral andou à vontade por tudo quanto era sítio. Em Manica tivemos a "poderosa escolta militar" de um Unimog do Exército, abarrotando com um condutor e três soldados. Como se depreende, tudo aquilo "era muito perigoso" e até fomos a Umtali comprar chocolates e batatas fritas Simba. Acompanhadas por uma Coca-Cola média e bem gelada, que boas eram as de sabor a vinagre!
Duas fotos do mesmo local. Na primeira, o meu pai, "à civil", diante da porta de armas do seu quartel em Vila de Manica (Manica e Sofala, Moçambique, 1955). Na segunda foto, o mesmo quartel em 2013, após trinta e oito anos de competentíssima gestão de património. Em segundo plano, os pavilhões destelhados, evidentemente arruinados e uma entrada que mais parece ser a de um depósito de sucatas...
...e aqui está a mesma porta nos anos 70, durante a "inepta, corrupta e opressiva ocupação" portuguesa!
Na visita presidencial em 1956, o General Craveiro Lopes, encarte de Salazar que após a morte de Carmona impediria a instauração da Monarquia "à inglesa", coisa que o regime não podia permitir. Ficariam famosos alguns episódios em torno de condecorações estrangeiras - se o Duque de Edimburgo recebia uma lusa distinção, então a Sra. Dª Berta também deveria ser agraciada por S.M. a Rainha Isabel II ... -, além de pitorescos episódios de ciumeira - quarenta anos mais tarde, Sampaio faria o mesmo em plena Sé - em torno do Senhor D. Duarte Nuno. Isto, vindo de quem era descendente directo do ajudante de campo de D. Carlos I e de governadores da Índia Portuguesa no período da Monarquia Constitucional, não deixa de ser mais uma entre as muitas curiosidades do ainda vigente regime republicano.
Na foto: 1º cabo Loureiro, Craveiro Lopes, Sampaio, Pinto, Vítor (o meu pai) e virando a cara para apreciar a cena, o Crespo. Juramento de bandeira em Vila de Manica, 29 de Julho de 1956.
Possivelmente no 10 de Junho de 1955, a unidade do meu pai desfila na Praça Mouzinho de Albuquerque, preparando-se para descer a Avenida D. Luís I (Lourenço Marques, Moçambique). Ao fundo, o grandioso edifício da Câmara Municipal de Lourenço Marques e na praça, a famosa estátua equestre que o governo moçambicano poderia hoje oferecer à cidade de Lisboa. Na capital portuguesa e nas suas imediações, vivem muitos milhares de moçambicanos de origem, os Velhos Colonos luso-africanos que para irreparável desastre de Moçambique, foram expulsos da sua terra. A dádiva desta estátua seria um simbólico acto de reparação, pois não há razão para qualquer "reconciliação": jamais estivemos zangados com Moçambique, ao novo país apenas desejamos um futuro de paz, progresso e abastança. Sabendo-se que a esmagadora maioria é parca de recursos e por isso jamais voltou ou poderá voltar ao local do seu nascimento e juventude, a visão do bronzeo Mouzinho seria uma grata consolação.
Assisti a uma boa dúzia de cerimónias deste género e lembro-me de no final da década de sessenta - 1969? - ter participado numa, integrado nas hostes da minha escola primária, a Dr. Luís Moreira de Almeida, contígua à Igreja de Sto. António da Polana. Claro que o uniforme das crianças era outro, esse mesmo em que estão a pensar.
Informação na 1ª foto: Tenente-Coronel Mira, Capitão Seara Bento, Major Mendes Correia, Tenente Morais, Capitão Coutinho, Aspirante Jorge Sousa, eu (Vítor, o meu pai).
No forte de Macequece (Manica e Sofala, Moçambique, 1955), militares portugueses: à esquerda, com um livro, o meu pai, o alferes Videira, Abrunhosa e Bernardino.