Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
E até sou insuspeito, pois não nutro qualquer simpatia por Cavaco Silva. Mas a verdade é que já muitos haviam percebido que o acordo alcançado entre Passos Coelho e Portas seria Sol de pouca dura, considerando as graves faltas de respeito entre os dois. Cavaco era o único que podia fazer algo acerca disto - e fez. Está, portanto, de parabéns.
Cavaco esperou até ao dia de hoje para, mais uma vez, adicionar instabilidade à instabilidade política já existente. Por outras palavras, o nosso Presidente não é, nunca foi, e nunca será talhado para o cargo que exerce. Portugueses, obviamente demitam-no!
E provavelmente ainda o vou escrever. Mas enquanto não o faço, apetece-me, especialmente a propósito da atitude de Cavaco Silva, deixar aqui um parágrafo que ontem escrevi no Facebook: Aos que consideram a crise espoletada por Portas e o seu desfecho como uma estratégia brilhante, talvez valha a pena lembrar, para efeitos de memória futura, que, como costuma dizer o Professor José Adelino Maltez, o maquiavelismo "parecendo ter razão no curto prazo, logo a perde a médio e a longo prazos. Porque, além de ser uma péssima moral é uma não menos péssima política."
Começo este post com o seguinte aviso: caro leitor, muito provavelmente as linhas que se seguem, daqui a umas horas já não farão sentido. É bem possível que nada faça sentido amanhã. Mas se eles pensam que com o seu comportamento podem destruir a minha credibilidade estão enganados. Não vou permitir que me apanhem em flagrante contradição. A dizer e a desfazer. Fica feito o aviso. Também tenho as minhas defesas e estou em condições de avançar com algumas suposições políticas. Muito bem. Começo por dizer que lentamente começo a entender o que se está a passar. Paulo Portas quis imitar a Troika. O coligado quis realizar a sua própria avaliação do desempenho do governo. O seu próprio exame ao desempenho do governo. Mas, para o realizar de um modo idóneo, nunca poderia fazer parte do mesmo - seria um conflito de interesses se auditasse as decisões políticas fazendo parte do executivo. O exame irregular que pretendeu efectuar só poderia ser feito aproveitando a perspectiva de Seguro. Ou seja, longe do poder, fora de portas e na qualidade de crítico distante. No entanto, o egoísmo político de Portas serviu outras causas. Funcionou como ensaio geral para um sismo. Fez soar alto o alarme de emergência. O que ele organizou foi um simulacro. Confrontou o país com o maior dos seus medos. Um verdadeiro terror político - a possibilidade de um governo liderado por Seguro. A pergunta que ele fez foi: querem imaginar, por um instante, eleições antecipadas e Seguro ao comando dos destinos da nação? Então fechem os olhos e vejam bem o berbicacho em que se vão meter. Na minha opinião foi absolutamente brilhante o que Portas ofereceu a Passos. Até irei mais longe; é bem possível que o plano de evacuação tenha sido combinado, ensaiado em Conselho de Ministros. A carga emocional teve de ser descarregada da palette em pequenas partes para criar o efeito de crescendo dramático. Gaspar? Sim? Primeiro vais tu. Escreve uma cartinha e tal, e dá-me umas ripadas que a malta agradece. E tu, Portas, amua mesmo. Dá um murro na mesa quando eu chamar a Albuquerque. Pois. Tudo isto faz parte da política e só não vê quem não quer ver. A encenação funcionou. Enfraqueceu de uma assentada o presidente da república e obrigou Seguro a procurar ajuda psicológica. Seguro tornou-se bipolar sem o saber. Confundiram-no por completo. Já não sabe se vai ou fica. O homem tinha as malas feitas para rumar a São Bento e eis que lhe trocam as voltas do canhão. Já não tem a chave, e ainda por cima, a Troika, através de mandatários designados para o efeito, já avisou que ele pode tirar o cavalinho da chuva - eleições antecipadas nem pensar. Cortam logo o gás e a electricidade. Compreendo a consternação de muita gente, mas onde está escrito que uma coligação não pode ser renegociada? Ouvimos dinossáurios afirmar que não está garantido o regular funcionamento das instituições? O regular funcionamento das instituições? Está tudo doido? Será que ainda não viram quem está aos comandos de Belém? A política é feita de homens e há muito tempo que a Santa Trindade das relações políticas institucionais está escangalhada. Encontramo-nos, efectivamente, noutro paradigma de fretes, numa outra dimensão de fazer política. As ondas de choque provocadas por Portas fizeram-se sentir na sua sede partidária, mas também na cúpula dos socialistas. No largo do Rato devem estar finalmente a perceber que a mera sugestão de Seguro no poder fez com que os portugueses deitassem as mãos á cabeça e queiram mesmo emigrar. Tenho a certeza que até a mocidade socialista sentiu o desagrado da população em geral. Mais dia menos dia, temos congresso para substituir Seguro. No meio disto tudo, foi ele quem mais perdeu. Mas, como disse o outro, não interessa quem está no poder. Porque quem efectivamente está no poder é a Troika e dentro de dias cá estará novamente para realizar mais testes e exames. E já se sabe que quem semeia portas colhe janelas partidas.
Aguardamos uma eternidade para que alguém apareça à janela do Tribunal Constitucional (TC) e declare de um modo peremptório, se o Orçamento de Estado está conforme com a Constituição da República Portuguesa. Este tempo de espera prolongado implica duas leituras; ou o teor do documento é de tal ordem complexo, que uma atenta leitura jurídica-constitucional está a ser realizada 24 sobre 24 horas, por equipas de especialistas que trabalham por turnos (com pausas para cafés, sestas e lanches), ou, o TC transformou-se num corpo com outra natureza, com intenção diversa. Pelo andar da carruagem, e se nos rendermos às evidências, o TC assemelha-se a uma entidade política que age de acordo com um sentido cínico de timing, semelhante aquele praticado por partidos. Se a matéria pode ser analisada de um modo objectivo, e sujeita ao escrutínio da aprovação ou rejeição, não vejo razão para prolongar a agonia dos Portugueses. Não encontro razões para protelar o inevitável. Se o Governo já tem quase todos os seus dentes cariados, e cada vez que abre a boca saem asneiras, então um chumbo do TC não deverá supreender quem quer que seja. O dilema, resultante da derrocada governativa, irá cair no colo de um senhor que passa a maior parte do tempo sentado em Belém. O Presidente da República, que à luz de uma emergência, de um estado de sítio governativo, terá de cozer uma solução de salvação nacional, parece ele próprio padecer de inconstitucionalidades. Se fosse sujeito ao juízo de um orgão inexistente, por exemplo, um tribunal presidencial, decerto que a radiografia que resultasse da análise também revelaria muitos abcessos e condições de palato indesejáveis. Pergunto novamente; porquê esta demora? Aguardam o desfecho das eleições na Alemanha (acontecem em Setembro)? Esperam pela tal remodelação do governo para Inglês ver, através da qual a Teixeira da Cruz e o Macedo se vão? E a coisa fica curada? Ou será que este processo de demora é igual a si? Ao atraso de vida a que nos habituamos na vida jurídica de pequena instância? Nada de isto é bom para Portugal. O dentista do tribunal deveria agarrar nas tenazes e arrancar a cárie maldita de uma vez por todas, com um ferro em brasa, ou melhor ainda, extrair a dentadura completa e limpar as raízes com um desinfectante eficaz. A condição patológica em que nos encontramos, determina lamentavelmente, que nem os dentes do siso se possam salvar. Na pior das hipóteses, nem boquiabertos ficaremos.
Mais 2 anos de total inexistência política nos últimos dias da III República. Os portugueses estão cansados desta classe política e têm-no demonstrado ao longo dos anos.
Estava aqui a pensar que não sei bem o que escreva a respeito do ar de sua graça que o desaparecido Presidente de-ou-da República decidiu dar ontem. Ocorreu-me que por vezes trocam-me o nome "de Paiva" para "da Paiva". E não me ocorreu mais nada. Começa a não haver paciência nem palavras para comentar o patético estado a que chegámos.
Aguardo ansiosamente pelas 21h deste primeiro dia de 2013. Não prego olho há várias noites. Faço directas para esse directo. À hora do Vitinho, o Presidente da República dirige-se-á à nação com a sua mensagem de ano novo. De acordo com a RTP, Cavaco Silva "traz-nos o seu tradicional voto de bom Ano Novo". O que querem dizer com tradicional voto? Sinto um registo mordaz nesse anúncio. Um certo cinismo bélico proveniente da Av. Marechal Gomes da Costa, lá para os lados da RTP. Mais do mesmo? Será isso que transforma o entediante em tradição, ano após ano, mandato após mandato? E voto? Será uma eleição de boletim único, individual. Este tipo de singularidades faz-me lembrar uma afirmação deliciosa proferida pelo Prof. Ernâni Lopes no exercício de funções não governativas, e que tive a oportunidade de registar para meu bel-prazer semântico e filosófico - "concordei em tomar a seguinte decisão". Mas parece que estamos sujeitos a um outro género de inconsequência, uma coisa impensável que dá azo a especulações. Por vezes as "não decisões" são mais danosas que as convicções planas. De uma forma ou outra, o país não será reembolsado com o achocalhar das hostes políticas de um país sujeito a uma trela. Uma corda de enforcado ainda mais apertada pelo tabu da imobilidade. A essa hora escutaremos uma homília que não mexe em nada, que não vai dar de vaia, que não vai agitar as almas sequer. Cavaco Silva, no exercício das suas prerrogativas, muito raramente fez algo que pudesse ter um efeito instigador de novas soluções. Seja qual fôr a tonalidade do quadro que se quiser pintar, parece que estamos na presença de uma natureza morta. O revólver da roleta que nos amedronta tem balas de pólvora seca. Uma bala preventiva, e uma outra disparada primeiro para se perguntar depois. Pelo andar da carruagem, e à luz da tradição, o futuro será relativamente benigno no entender do Presidente da República. Imagino, caso haja um pouco de consciência ética ou política, que o Presidente da República se recorde que esteve no outro lado da emissão e que também contribuiu para afundar o país. A mensagem de ano novo, a ser proferida em abstinência e respeito, deveria acontecer diante de um espelho, no bairro de enganos virado ao avesso, onde agora residimos.
Não vai a Helsínquiia com qualquer projecto que ligue as duas margens do Golfo da Finlândia. As pontes serão outras, mas no estado em que "isto está", oxalá não saia qualquer coisa do estilo "entre os rios".
Somos insuspeitos, até porque neste blog muitos posts têm sido colocados com acerbas críticas a Cavaco Silva. Apesar disso, tal não nos cega ao ponto de não descortinarmos o que verdadeiramente está em causa. Nada mais nada menos senão isto:
"Não sejam tolos ! O que está em curso é uma tentativa dos de sempre para colocar um buda em Belém; um buda assassino, que possua a faca constitucional que permita um novo golpe, como aquele que foi assestado em Santana Lopes. "Eles" não sabem estar na oposição. "Isto" é deles. Com Cavaco fora, querem, uma vez mais, um golpe de Estado constitucional. Só agora começo a compreender que a campanha anti-Cavaco não tem nada de moral; é imoral, ou antes, é a moral daqueles que não têm autoridade moral para nada."
Habituados como estamos a surpreendentes subidas políticas à Sísifo, este caso que oportunamente rebentou na passada 6ª feira, demonstra uma vez mais, os tão pedregosos quão lamacentos caminhos que conduzem à cúspide do poder. Aproveitando a tremenda gaffe presidencial, logo vieram os seus inimigos jurados e correspondentes putativos amigos-adversários, ressabiados e com contas por saldar, caucionar todo o tipo de dislates, fossem estes vociferados nos media, nas ruas ou pior ainda, através de comentários sarcásticos ou de comprometedores silêncios. É esta a mais republicana verdade.
Para que não restem quaisquer dúvidas, somos teimosa e conscientemente monárquicos, logo alheios à actual forma sob a qual se ergue o Estado.
Todo este chinfrim a propósito de uma ou duas desastradas e certamente digestivas frases presidenciais, prende-se a um objectivo que cada vez mais surge com aquela cristalina nitidez que dá corpo ao velho projecto situacionista. A Chefia do Estado "deve pertencer" única e exclusivamente a um grupo de auto-iluminados, sendo pouco importante entre eles, a pertença ou não do fulano erigido em totem, ao rol de gente proba. Pretendem arredar Cavaco Silva, pois o homem representa aquele outro programa que vem dos tempos de Sá Carneiro, concentrando pela primeira vez na III República, a mesma maioria em Belém e em S. Bento. Bem vistas as coisas e naquilo que concerne ao nosso progresso, pouco importa, mas tal não se poderá dizer quanto a certas benfazejas influências que contentam um restrito, mas poderoso grupo de pessoas. Ora, Cavaco Silva é impossível de aceitar por aquela camada intelectualmente tão ilustre e capaz, tal como é cabalmente comprovado pela situação em que o país e o regime se encontram após quase quatro décadas de aturada administração da coisa pública.
Da boca dos opositores recentemente apeados e das marginais franjinhas saudosistas e iconoclastas que ainda ocupam uns tantos lugares parlamentares, chovem os esperados dichotes, sempre impantes de desprezo social - e logo eles... - que fará corar qualquer tagarela dos risíveis "princípios republicanos". Era de esperar, está-lhes na massa, é a única tradição que conhecem e não esquecem. O mais curioso aspecto nesta contenda pelo "impeachment" que não virá, será verificarmos o crescendo de vozes que tendo começado a ser mais audíveis após o inodoro veneno veiculado pelo Prof. Marcelo no passado domingo, já ganha parangonas por bocas saídas da blogosfera e num ápice alçadas à primeira fila da bancada do PSD. Fazem claramente o jogo apadrinhado por um certo grupo empresarial mediático e os habituais círculos plutocráticos que têm tido ao longo dos anos num certo sector do PS, forte esteio.
Agora, é gente do PSD a tecer suposições acerca de maleitas que afectam o Presidente, sejam elas do foro físico ou preferentemente, questões relacionadas com a sua actual capacidade mental, pois sabem que esta última, consiste num motivo para levar á discussão, ou melhor, forçar a demissão daquele que ainda há um ano foi eleito por 23% dos inscritos nos cadernos eleitorais. Aliás, este é um dos mais audíveis pregões, repetido até á saciedade. Por outras palavras, não aceitam que Cavaco não pertença ao grupo e pretendem substituí-lo à primeira oportunidade que surja.
Em suma, o que se pretende, é voltar a colocar um Sampaio qualquer - ou o próprio, imagine-se! - no lugar de Cavaco, transpondo para a nossa triste e quotidiana paisagem, as desditas do pérfido Gão-Vizir que queria ser Califa. Alguém ainda recorda a golpada constitucional da demissão forçada de Santana Lopes? Pois é isso mesmo que sonham reeditar nesta cada vez mais porca miséria.
Subvertem as regras que a própria irmandade impôs quanto à embusteira necessidade electiva da chefia do Estado. Pois há que gostosamente aceitar o repto.
Aqui se apresenta a trupe republicana. Assim sendo, dão-nos total margem para podermos dizer tudo o que nos der na real gana.
Contudo, não o faremos. Somos doutra lavra. Eles que tratem a sua sarna.
Isto tem muito que se lhe diga e este insistir em retornar ao assunto, inevitavelmente recordará outros episódios que o tempo foi apagando da memória. Esperem e verão.
Mas afinal, com dúzias de assessores em Belém, não há um único que lhe dê dois conselhos?
*Entretanto, as tais hienas tinto-verde antes referidas, andam a recolher assinaturas, pretendendo levá-las a S. Bento para uma destituição! Até o Expresso balsemeiro nisto colabora e em questões de "má moeda", já vimos que a republicana anda muito desvalorizada. Pior ainda, a outra balsemada SIC Notícias, tem sido mortífera, multiplicando "notícias" e organizando tertúlias de escárnio e mal-dizer em torno do programa "Opinião Pública". Como se nós fizéssemos coisas destas...
Ao que "isto" chegou.
Não cabe aos monárquicos o papel de defender o Presidente da República, nem nisso temos qualquer interesse, seja ele quem for. Ninguém disso está à espera e jamais o faremos. Defenda-o quem nele confia ou quem dele dependa. Desta forma, estamos muito à vontade para opinar acerca do entusiasmado indignar e risos de hiena que andam pelas redes sociais e via alguns blogs conotados com a eleitoralmente deposta antiga maioria parlamentar.
Cavaco Silva cometeu uma tremenda gaffe, é verdade. O que se torna ridículo e bem sintomático do enveredar pelo "vale tudo", é este aproveitar até à exaustão e precisamente por parte daqueles que sempre andaram vendados nos tempos dos imediatos antecessores de ACS. Já se leu alguma vez, uma linha que fosse acerca das estranhas amizades e do patchwork relacionado com Macau, aliás volatilizado pela inexistente censura que existe? Este é um exemplo entre muitos outros, aos quais se somam escandalosas omissões, descarado conluio com a incompetência governamental, desleixo ou contemporização relativa a más políticas oportunamente denunciadas. Os antecessores de Cavaco, inventores dos "direitos à indignação" que tão bem lhes serviu para ocultarem as próprias pústulas, puderam sempre dormir descansados, pois os trolhas de serviço obravam judiciosamente para lhes erguer poderosa paliçada protectora. Negócios, amizades impensáveis, viagens perdulárias à conta do contribuinte, atropelos à normalidade constitucional, uma lista civil sempre em vergonhoso crescendo de mordomias, faltas de respeito para com entidades estatais que lhes garantiam a segurança e a dignidade do cargo, tudo, tudo passou em branco numa imprensa medrosa e bem controlada.
Devíamos estar satisfeitos por esta onda que visa achincalhar o actual Presidente, mas os monárquicos são por regra gente decente, ordeira e respeitadora da legalidade e das instituições, mesmo - como é o caso - não mercendo estas qualquer tipo de homenagem.
Denegrindo o titular do cargo máximo do Estado, atingindo a sua honorabilidade, arrastando-o pela lama ou encostando-lhe o canivete à jugular, os refastelados patetas estão precisamente a fazer um trabalho que parecia impossível: dão a machadada final, na única instituição que até há pouco era passível de contemporização por parte de um povo farto de abusos. Se um dia destes começarem a ouvir-se uns tiros aqui e ali, não se admirem. Uma vez mais, a responsabilidade será deles, precisamente dos herdeiros dos bandidos de 1908 e 1910.
Entretando, já entrámos naquela fase do soma e segue. Ainda bem.
Muito já se disse sobre as escandalosas declarações de Cavaco Silva, e mais se irá continuar certamente a dizer.
Deixo aqui o link para o comunicado do PPM no Jornal Público.
Não valerá a pena estarem agora todos muito nervosos com os gastos presidenciais que bem feitas as contas, são apenas uma folhinha nas centenas de resmas da despesa pública. Muito mais importante do que a contagem dos milhões, trata-se duma questão de princípio, num regime que nasceu latindo muitos, para melhor poder evitá-los. Se excluirmos Ramalho Eanes e por aquilo que a imprensa descobriu, Cavaco é de longe o menos afortunado dos Presidentes em caixa de contabilidade. Também surgem as suas nada espantosas ligações a certos amigos perigosos. Pois sim, mas então e os outros, aqueles que o antecederam em Belém e que sendo exímios palradores, ainda "presidem" a várias situações de poleiro?
Ocultando o assunto que varreu durante uns dias os jornais e os noticiários televisivos, arranjou-se agora um bode que sendo sem qualquer dúvida conviva na mesma pastagem, foi incumbido de expiar todos os males. Na imprensa e na net, surgiu a lista das propriedades e bens de investimento de Cavaco Silva. Seria interessante fazer-se o mesmo relativamente a Mário Soares e a Jorge Sampaio. Porque tal coisa não acontecerá? Porque é um atentado a um certo ordeirismo arrogante que pontifica na auto-proclamada inteligentsia do regime, precisamente essa que jamais olhou a gastos para satisfazer as suas vaidades e prazeres garantidos nas mordomias. Cavaco é um alvo fácil pela sua proverbial inabilidade, numa sociedade formatada para condescender com caríssimos "companheiros e companheiras, amigos, amigas e resistentes". Pior ainda, os republicanos achincalham-no em público e disso retiram o maior gozo. Nada que nos admire, pois até poderemos estar a assistir a uma escalada que decerto terá como base exclusiva, questões relacionadas com dinheiro. Já assim foi em 1907 e eles têm a lição mal aprendida. Ainda bem.
Queiram ou não queiram, a República é mesmo isto e muito bem faz o Diário de Notícias em ir levantando esta espécie de "tchador" laico.
Vamos ao que interessa: Presidentes da República na retraite.
Os ex-presidentes de República têm, para além de uma subvenção mensal correspondente a 80 % do vencimento do Presidente em exercício, os seguintes privilégios:
Ao que consta, a visita da Presidência da República Portuguesa aos EUA prende-se com uma multiplicidade de questões, com especial ênfase em melhorar a imagem de Portugal junto dos EUA - dado que a visão que os americanos têm de Portugal, é muitas vezes distorcida..
Até aqui tudo bem.
Apenas um detalhe: Não me parece que o Sr. Presidente seja a melhor pessoa para dar uma boa imagem de Portugal.. mas isso sou só eu.