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A conferência de imprensa de Yanis Varoufakis

por João Quaresma, em 22.02.15

Apesar de tudo o que já foi dito e escrito, e não tendo conseguido acompanhar integralmente a conferência de imprensa de Sexta-feira (e os jornalistas portugueses de serviço não conseguiam fazer uma tradução simultânea capaz e também não deixavam ouvir o som original), estive hoje a visioná-la no Youtube.

Mesmo não me revendo minimamente nos partidos no poder na Grécia, e também não vendo grandes hipóteses de sucesso no projecto a que se propõem (a menos que a Rússia entre em cena...), há que reconhecer mérito ao ministro das Finanças grego pela postura e argumentação.

É difícil não concordar que é necessário aligeirar o pesadíssimo fardo que foi colocado sobre a Grécia pelo pagamento de uma dívida que tem sido maioritariamente canalizada para os bancos, provocando uma devastação económica e social da qual, a ser prosseguida, o país nunca recuperará. É também compreensível que, neste cenário, os gregos queiram negociar as reformas, o modo de pagamento da dívida, e decidir sobre as suas privatizações. Sobre isto, e mesmo admitindo continuar as privatizações de forma ponderada, Varoufakis diz (aos 43 minutos do vídeo):

«A ideia de liquidar os meios do Estado para ganhar uns tostões que depois serão deitados no buraco negro de uma dívida impagável não é algo que subscrevamos. Não é preciso pertencer à Esquerda radical grega para concordar com isto.»

Outro momento importante é, aos 53 minutos, quando Yanis Varoufakis se refere à postura de Portugal e de Espanha, com bastante cordialidade.

É claro que Varoufakis não é o Syriza, e obviamente não devemos cair na ilusão de que o seja. Mas vale a pena ouvir o que o lado grego tem para dizer, mesmo que o fracasso seja a hipótese mais provável.

(Em Inglês, a partir do minuto 11)

publicado às 01:30


9 comentários

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De João Quaresma a 22.02.2015 às 22:14

(Continuação)
Também tem razão quando diz que deve ser o próprio governo grego a decidir sobre as privatizações a efectuar e não organismos estrangeiros, cuja motivação poderá ser outra que não sanear as contas públicas. Nestas alturas, e como nós vemos em Portugal, tende a acontecer o que sucedeu no Sul dos EUA, na sequência da Guerra Civil: aparecerem os "carpetbaggers", oportunistas sem escrúpulos que se aproveitam da desgraça para comprar tudo por ninharias. Ou em alternativa, através das troikas, alguns países aproveitarem para servirem os interesses das suas empresas destruindo a concorrência dos países intervencionados. Num desses casos, o anterior governo grego recusou-se a fechar as indústrias estatais de armamento (Hellenic Defence Industries), como exigia a Troika, uma vez que a Grécia passaria a importar tudo o que as suas forças armadas consomem. Escusado será dizer que para a indústria de armamentos alemã, com o poder de influência que a Alemanha tem actualmente, isto seria extremamente conveninente para obter ainda mais encomendas na Grécia.
Sobre a atitude do Governo Português, Marcelo Rebelo de Sousa, à bocado, foi bastante claro na maneira como explicou porque é que não nos convém exagerar, mesmo que seja do nosso interesse estar do lado da Alemanha e mostrar que não somos a Grécia. Temos que nos preocupar com a opinião de todos os outros países do Euro e da UE (e mesmo fora dela), e não apenas com a da Alemanha. Além de que não se deve dar razões para ressentimentos e futuras vinganças dos gregos (quaisquer que sejam os governos gregos no futuro), não só porque os gregos são um povo orgulhoso e com memória, mas também porque não estamos (nem pouco mais ou menos) livres de precisar de outro resgate no futuro próximo.

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