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A cornucópia de Marcelo

por John Wolf, em 18.12.16

cornucopia.jpeg

 

Antes que me atirem dardos; a seguinte manifestação de opinião nada tem a ver com a qualidade ou a substância da missão da companhia teatral a Cornucópia. Tem mais a ver com Marcelo e algumas dúvidas existenciais. O Presidente da República Portuguesa tem de decidir se quer ser um mero agente da sociedade civil ou se um digno titular do cargo público que ocupa. Não pode misturar as peças. Não pode confundir os distintos teatros de operações. E não pode vestir qualquer farda a seu bel prazer. Por mais afectos que nutra pelo seu amigo Luís Miguel Cintra, Marcelo simplesmente não pode fazer uso de prerrogativas institucionais disfarçadas de informalidade e convívio para alavancar soluções que dizem respeito ao putativo ministério da cultura. Mas há mais. Se vai a uma tem de ir todas. Tem de ir às companhias teatrais de norte a sul do país, que com igual empenho e devoção, quantas vezes pro bono, servem a mesmíssima causa e que também se encontram em situação precária, senão terminal. Eu sei que o estatuto de Deus conta muito em Portugal. Que Luís Miguel Cintra é um monstro da cultura e que deve ser protegido custe o que custar. Nada de mais errado. O princípio que parece estar a ser posto em prática põe em causa algumas nuances ideológicas. A saber; que o dinheiro da maioria dos contribuintes deva servir causas parcelares, por vezes despropositadas intelectualmente ou culturalmente, de certos agentes, porque a cultura não é "mensurável" em termos de investimento ou retorno financeiro. O que está ser chorado não é muito diferente da missa do salvamento de bancos privados, a título de exemplo, e sem adiantar mais em analogias.  Do lado das cornucópias do país também há críticas a realizar. Os encenadores e directores de companhia não podem assumir cargos de gestão. Não é essa a sua missão. Devem concentrar-se naquilo que sabem fazer. Ou seja, no fogo-cruzado de razões e lamentações que já vai no ar, convém realizar a destrinça entre o efémero e o essencial. Portugal não detém uma visão sustentável e de longo prazo no que diz respeito às artes e letras, e os sucessivos governos ainda estão contaminados com a ideia doutrinamente carregada de que o Estado deve, "a fundo perdido", subvencionar as artes e os devaneios intelectuais que o pobre do cidadão comum mal consegue assimilar. Assim não se educa um povo, e confirmamos assim, que existe aqui alguma perversão. Uma certa intenção tácita em manter o fosso entre as Óperas e os festivais onde deambulam meritoriamente, e dentro do seu género, espécies como Tony Carreira e afins. A discussão é longa e relevante, mas na maior parte das vezes infrutífera. Hoje Cornucópia, amanhã a Barraca. Abana tudo, no fim.

publicado às 13:35


3 comentários

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De isa a 18.12.2016 às 16:52

Nada de novo, querem dinheiro porque, como (ainda) não podem arrastar a clientela pelos cabelos para os obrigar a comprar bilhete e, muito menos,  amarrá-los às cadeiras para assistir aos espectáculos, "No Problemo", assistindo ou não, sabendo ou não, pagam, mesmo que não haja dinheiro e se continue a aumentar a dívida, em último caso, ainda vão andar os nossos trinetos a pagar "cultura" antiga.
Nada que me surpreenda, especialmente os afectos do nosso Presidente, sempre foi assim, amigo dos amigos, adoro ver a troca de sorrisinhos entre ele e Costa e, tanto se senta com os da companhia teatral a Cornucópia como se senta no salão do grupo bildeberg (From Wikipedia, the free encyclopedia  Rebelo de Sousa (1998),[71] (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Bilderberg_participants#cite_note-correio-71) former Minister of Parliament Affairs).
Adoro notícias antigas, http://www.tvi24.iol.pt/politica/rui-rio-antonio-costa-porto-lisboa-bilderberg/966700-4072.html e, esta de 27-06-2008, de outros amigos do Presidente: "Rui Rio e António Costa juntos no clube Bildeberg (entraram depois de Marcelo). Clube é famoso por impulsionar figuras políticas até ao topo"
Agora, para compor o "ramalhete", só falta repetir os "chutos no traseiro", depois de Costa "chutar" Seguro, Rui Rio dará "um chuto" no Passos (que recusou o convite do 1%)... "coincidências extraordinárias" para se chegar ao Topo ;) 
Nada de novo, Nós pagamos e eles podem fazer o que lhes apetecer desde que nunca se esqueçam a que "clube", realmente, pertencem ;)



Por acaso, deixei um comentário no seu colega de blogue, daqui a uns anos talvez saia lol mas, tenho curiosidade, têm assim tanto medo dos "dardos" que não passam de palavras e não arrisquem fazer como no 31 da Armada, comentamos e, imediatamente, sai o comentário. Duvido que seja por motivo de censura e, se alguém fizer comentários idiotas ou mal educados, o problema será deles, não vosso. Peço desculpa pelo meu bitaite mas, quem for adepto da Liberdade, pratica-a porque os radicais de esquerda é que costumam usar mais a técnica da censura, do só passa, o que lhes agrade (falo por experiência própria) ;) 
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De Anónimo a 20.12.2016 às 19:44

Parabéns pelo seu comentário, Isa. Não sabia que Marcelo tinha ido a uma reunião dos Bildeberger's, mas tinha que ser. Os 'democratas' não sobem na vida se lá não forem marcar presença . Daí a sua ascensão de Marcelo a Presidente. Aconteceu com todos os anteriores presidentes, assim como com todos os outros situacionistas cujos cargos políticos, governativos ou não, dependeram e continuarão a depender da respectiva presença nas ditas reuniões. É este o método ilegítimo em que se processam em todas as democracias, erradamente assim chamadas. Os povos vivem escravizados (e sem terem noção deste facto real) sob a pata de um governo global não eleito cujo derrube infelizmente só se tornará uma realidade com o despoletar de uma nova guerra mundial. É aliás isto mesmo que esse governo mundial não eleito está à espera que aconteça há larguíssimas décadas, para dominar por completo os cinco Continentes e que eles acham ainda não se verificar totalmente. Guerra essa, que, como todos sabemos, já teve o seu início há bastante tempo.

Parabéns ainda ao John Wolf por mais um bom texto.
Maria
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De Anónimo a 21.12.2016 às 14:10

John Wolf, desculpe lá, ontem precipitei-me nos parabéns..., desta vez vão com algumas reservas:) Fui reler o seu texto e concordando com ele numa primeira leitura, por tê-lo feito apressadamente, numa segunda leitura acabei por discordar dele nalguns pontos, facto que normalmente não acontece como saberá. Não necessito mencioná-los, a Isa salienta-os com suficiente clareza e bastante acuidade.
Maria

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