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Ponham de lado as sondagens. Esqueçam os estatísticos da praça. Façam-se de surdos e não escutem o ruído dos comentadores de sempre. Olvidem a ideologia que vos doutrinou sem que dessem por isso. Distraiam-se dos partidos e concentrem-se no essencial. O que aconteceu a Portugal nos últimos 4 anos poderia ter acontecido a qualquer governo. Se estivesse lá um outro grémio de poder, de outra cor política, o resultado seria o mesmo. Em 2011 Portugal rebentou pelas costuras e a responsabilidade desse facto recai sobre todos os portugueses sem excepção. Desde o 25 de Abril que os cidadãos deste país tiveram oportunidades e mais oportunidades para experimentalismos doutrinários na escolha dos seus magnos representantes. Puderam colocar estes ou aqueles no poder, puderam cultivar a sua discórdia, puderam fazer parte da construção política do país. Em ambiente de escolha livre e democrática, puderam colocar quem bem entenderam nas diferentes cadeiras do poder. Portugal e o seu parlamento espelham essa diversidade de posições. Em suma, sempre houve sabores para todos os gostos. Mas essa oferta variada não se traduziu necessariamente na ideia de prossecução do bem colectivo. Houve quem se apropriasse da titularidade do cargo para avançar interesses parcelares. Quando no dia 4 de Outubro os portugueses forem chamados à liça, mais uma vez poderão exercer o magistério desse direito inalienável. Se não votarem, perdem, na minha opinião, a chance de contribuir para o desenvolvimento nacional. Se faltarem a esse chamamento deixam de poder vaticinar sobre o que poderia ter sido ou o que deveria ter sido. E este apelo à missão cívica também diz respeito aos visados no processo electivo, mas de um modo particular e no que diz respeito a princípios de exequibilidade governativa. Temo que uma derrota socialista se traduza noutro prolongamento de rancores e bloqueios, atrasos e intransigências. O aviso foi feito por António Costa no que diz respeito ao Orçamento de Estado e deve ser levado à letra como se fosse uma séria ameaça. Se eu fosse integralmente prático, e concebesse um cenário de mal menor, a solução de maioria absoluta seria a exclusiva, a melhor. Se por hipótese o Partido Socialista assumisse essa vitória esmagadora, mais rapidamente as fragilidades da sua utopia governativa conheceriam a luz do dia e morderiam a própria cauda. Ou seja, um governo socialista extinguia-se no auge da contradição e da quebra de promessas eleitorais. Por outro lado, se a coligação se afirmar novamente enquanto governo de maioria, poderá mais rapidamente fechar um ciclo de medidas penosas que foi obrigado a implementar para salvar um país à beira da catástrofe. Em suma, o resultado que melhor serve Portugal deve ser inequívoco. Um desfecho que não seria peixe nem carne. Votem bem que eu fico a ver. E esperemos que Portugal não fique refém da ditadura da relatividade eleitoral.
O partido socialista já nem devia existir sequer. A Constituição devia prever a ilegalização dos partidos que, quando no governo, levassem o país à bancarrota, que é um crime gravíssimo. Mais, os políticos responsáveis deviam ficar privados de direitos políticos durante um tempo prolongado após se ter verificado a bancarrota e até que fossem reparados os prejuízos que causaram. Isto seria o mínimo que um país verdadeiramente civilizado devia fazer.
Mas tal não acontece. A Constituição só se preocupa em abrir o caminho para as pestilências do costume: para o socialismo, para o “tendencialmente” gratuito disto e daquilo, como se os bens de consumo caíssem do céu e não fosse preciso pagar nada por eles, etc., etc..
A Constituição é pobre, muito pobre mesmo. E ninguém se preocupa em melhorá-la, o que é pena.