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António Costa é europeísta. Por isso decidiu vestir calças de Nimes (Denim, De Nimes, vide origem da ganga, googlem...) para ser recebido no aeroporto de Luanda por Manuel Augusto Domingos, ministro dos negócios estrangeiros de Angola. Mas o primeiro-ministro de Portugal também pode ser atlanticista - as blues jeans tanto podem ser da Levi´s ou da marca Lee - ou seja, nada contra John Wayne e os cowboys americanos. No entanto, o primeiro-ministro quebrou o protocolo. Passou a ferro e deixou queimar o único protocolo que verdadeiramente interessa. A qualidade da abstracção representativa, a dignidade que os Portugueses merecem que seja espelhada no principal e mais importante embaixador de Portugal - os Portugueses não gostaram de ver o desfile na passerelle. Mesmo a família mais remediada de Portugal, quando convidada para o baptizado da vizinha coxa e vesga, veste a melhor camisa que tem e calça o único par de sapatos de ocasião que tem. Mas não, António Costa entrou em modo relax, chill-out, a fazer bluff - a fingir não dar grande importância a Angola e a fatia grossa que pode ser talhada para Portugal e alguns socialistas mais empreiteiros do que outros. Eu entendo que a Geringonça que o colocou em tal posição de autoridade e titularidade pública é, em si, uma manta de retalhos. Nesse caso, serviu mal aqueles partidos que o levantaram em ombros de governação. As calças de ganga têm uma conotação mais UNITA do que MPLA, mais colonizadora do que nativa, e isso já não se usa. O pós-colonialismo é doutrina com falhas conceptuais graves. Se Costa quisesse espelhar as Catarinas e os Jerónimos da sua praça parlamentar, levava consigo alguma "merda na algibeira" e uma tê-shert com a cara estampada de Che ou Maduro. Assim, com a farda a meio-gás, dá ares de pertencer a um gangue com jogadas espertas e truques na manga. Esta política da ganga, gangolana, não serve. Não tem a medida certa. O respeitinho é muito bonito.