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A dona flor não tem amores, viaja na corrente de ar à procura de um sinal, a sinusite disponível para parodiar a dor. A sagração da alergia faz ecoar tons, dores lancinantes para uns, leve comichão de elefante para outros. A alergia desenha arcos temporais, do alto do céfalo acorda o olho e desce à cave do maxilar inferior. Lembra mistela diversa, falsas analogias - os pólens e a política não fazem parte do mesmo universo. Nada melhor que clonix - e fica o assunto arrumado -, um ou dois comprimidos conforme as noivas. De miserável, à beira de um fim de aprumo, passo a majestoso sobrevivente de uma armada histamínica. E não é nada. E não é mesmo nada. Não é o mesmo nada que valha a pena mencionar. Nada se passou enquanto lá fora tudo se passa. O digno de nota espojado na cartolina de um vão de escada, pobre, a alma arqueada pelas tenazes que apertam. Sou um pseudo-lastimoso, reclamante pela diminuta dose de mal-estar. Eles sim, os caídos em desuso, padecem de dor transcendental. Sentem-na, mas os que passam e os fitam, apenas tiram as medidas de uma estimativa, uma ideia escassa que não chega a ser dor vaga. Não imaginam. Nem imagino. Há muito que não conhecem as receitas. As da cozinha e as do consultório. Há muito que nunca viram a cadeira reclinante do dentista. E foi há tanto tempo que a mãe passou a mão pela fronte e depois pela fronha para aconchegar uma noite ao luar. A alergia vai nos idos de Junho. Os outros deixam-se estar. Não têm remédio.