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Comecemos por ignorar que uma semana tem sete, e não dez dias. É seguro, correcto e recomendável agora que todas as fronteiras do ridículo e da fantasia parecem ter sido galgadas, com o anúncio de que a Santa Inquisição Fisco-Liquidatario-Social (SIFILIS) vai propor-se a facilitar a sodomia ao contribuinte, ora sócio à força deste pacto demente, por débito directo em conta bancária.
Ainda neste contexto, chegou-me indirectamente um comentário aposto num dos tópicos dedicados à notícia, que dizia assim, e cito entre estados de espírito contraditórios:
"parece-me bem; poupa-se nas multas por esquecimento em pagar o IUC".
Isto, para mim, é algo entre o já vir nascido para escravo desde a antepenúltima geração, e a completa lassidão do esfíncter mental. Causa-me vergonha de viver no mesmo país por onde respira gente desta índole.
Gás, gravatas e guilhotinas
Com o acordo alcançado entre a Rússia e a Ucrânia para fornecimento ininterrupto de gás natural até Março, respira-se de alívio a Norte, e ainda não se viu bem o outro lado da moeda a Sul.
É que a Ucrânia, país que tanto os EUA do Cristo Misto como a Europa neo-Maoísta ardem por integrar na NATO abarbatando-se assim às commodities ali produzidas, cerceando geograficamente mais um pouco da Rússia de caminho, está falida e vai precisar de injecções, urgentes e sucessivas, de dinheiro oriundo do FMI, do BCE e da Fed. Que é como quem diz, baixem lá as calcinhas mais uns anos. Nada que o regresso do imposto sobre isqueiros e barbas não resolva.
Num país sub-desenvolvido como o Burkina Faso, queimava-se o Parlamento. Em Portugal, moderno e evoluído, acolhe-se o estupro com a candura de um coro monástico. Em França é que parece que a coisa se arrisca a regredir uns anos, segundo notícias sobejamente reiteradas que dão conta de três fenómenos em correlação perfeita: o aumento da "tensão social", a insolvência iminente do país, e a queda de outro Messias da esquerda aborígene.
Uma relíquia bárbara
Os Suíços vão referendar, a 30 de Novembro se não me falha a mielina, o repatriamento de uma fracção significativa das suas reservas de ouro armazenadas fora do território nacional. Supõe-se que finalmente alguém tenha achado estranho que a Reserva Federal Americana tenha dito à Alemanha que o seu pedido equivalente, feito há uns meses, demoraria sete anos (sete anos) a processar, em suaves prestações.
Suponha-se agora que o ouro Suiço, tal como o Alemão e provavelmente boa parte do Português e do de todas as nações falidas do Ocidente, que não obstante continuam a endividar-se como zombies viciados em crack, não esteja, de facto, onde deveria estar. Impossível? Nem de longe. Na verdade, o inventário actual de ouro (e prata) da COMEX e de vários outros mercados centrais onde se negoceiam metais preciosos é tão baixo que bastaria um punhado, literalmente, de ordens de entrega física (em mão, e não em papel, cujos preços actuais reflectem tanto o real valor dos metais como o meu escritório, hoje, reflecte o aprumo e a organização) para estoirar com a ilusão de controle que os planeadores centrais ainda mantêm.
Junte-se a isto a sucessão de evidências que mostram a China a acumular febrilmente ouro, prata, cobre, e terras raras; e tempere-se com a fresquíssima loucura do Banco do Japão, a quem Kuroda o Suicidário acaba de mandar imprimir mais uns triliões de Yen, ao mesmo tempo realizando o sonho molhado de Mário Soares e confirmando a morte tripla dos nipónicos num caldo de radiação, deflação e declínio demográfico - em suma, um perfeito bukakke-fest social.
E temos mais um pavio curtinho para o Armagedão.
Milhafres, Tordos e Papagaios
Esta semana andaram por perto dos Açores uns aviões Russos, em concreto uma célula de bombardeiros Tu-95 acompanhados por reabastecedores Il-78. A nova doutrina da Força Aérea Russa é pautada pelo conceito de BVRE (Beyond Visual Range Engagement), ou combate além do alcance visual. Neste sentido, o serviço (chamemos-lhe assim) tutelado pelo vice-PM, e magistral twitter-troll, Dmitry Rogozin (um dos tipos mais engraçados e com melhor sentido de pragmatismo que jamais vi no mundo da política) vem vindo a efectuar modernizações vertiginosas sobretudo em duas tecnologias: propulsão e orientação.
Com efeito, munidos dos mísseis de cruzeiro AS15, Yakhont, Kh555 e BrahMos, e acompanhados pelas múltiplas variantes - também actualizadas - de caças interceptores Flanker, Foxhound e Fullback, aos bombardeiros Russos bastará aproximarem-se a cerca de 1500 milhas náuticas (bué quilómetros) dos seus alvos, largar uma salva de foguetes hipersónicos, e era uma vez oito cidades. Os caças estão armados com misseis ar-ar AA9, AA12, e AA13 - qualquer dos quais com alcance superior (no caso do AA13, 5x superior) aos brinquedos que os F15, F16, F22 e F35 transportam. É o resultado dos investimentos marcianos em políticas sociais a Oeste, e da manutenção de uma higiene mental apurada a Leste. Assim, cairiam que nem tordos os nossos obsolescentes aviõezitos.
Depois é giro ver Nuno "Saddam tem Cidades Subterrâneas" Rogeiro e José "Sacerdote Ortodoxo" Milhazes a debitar alucinações frenéticas onde Obama nos salva projectando relâmpagos pelos olhos, os aparelhos Russos são feitos de ferrugem e Portugal está sólido.
Uma palavra para os "stress tests"
Ahahah.
Um filme: "Fury", de David Ayer. Por vezes é preciso desligar o complicómetro. 8.5/10.
Um álbum: "Écailles de Lune", dos Alcest. A eloquência de uivos ferais numa atmosfera feérica. 8/10