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Isabel Soares:
"A língua não é um produto de um acto de vontade do ser humano. A língua é uma propriedade emergente de comunidades humanas que surge independentemente de qualquer actividade consciente dessas comunidades. Neste sentido, a língua é um fenómeno da natureza. A língua está ligada à mente humana, emerge dessa mente e molda-a de formas que provavelmente nunca conseguirão ser inteiramente compreendidas pelo ser humano.
(...)
A língua não é um produto utilitário e não pode ser tratada como tal. Embora possa parecer um lugar comum dizer isto, não consigo deixar de ver no acordo ortográfico uma consequência da preponderância na sociedade de formas de pensar tecnicistas e cientistas. Há que perceber que manipular um fenómeno natural complexo tem, em regra, consequências que ultrapassam em muito as pretendidas. É característico do pensamento cientista tentar reduzir todos os fenómenos complexos a questões simples, e tratá-los como tal."