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Amigos, amigos, governo à parte.

por John Wolf, em 04.12.15

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Qual a relação de parentesco entre Mario Draghi e António Costa? Provavelmente, best friends forever. Embora não exista uma correlação linear entre as decisões tomadas no âmbito do Banco Central Europeu (BCE) e a gestão do novo governo de Portugal, poderemos genericamente estabelecer as afinidades no quadro de uma visão macro-económica. O BCE prometeu ontem continuar a sua política de injecção de liquidez nas economias da zona euro, mas isso não é necessariamente um bom indicador. Significa que as economias de alguns estados-membro da União Europeia não se aguentam em pé sem a ajuda de uma bengala. Os mercados reflectiram esse facto de diversos modos. O Euro valorizou-se face ao USD - o que em última instância afecta as exportações da zona euro -, e os principais índices bolsistas da Europa registaram algum mal-estar com quedas  acentuadas em todas as praças bolsistas. Quando o governo de António Costa afirma que está a virar a página da política nacional, deve estar a pensar num pequeno caderno de notas, num livro com um título questionável: programa de governo de um governo sem membros de governo provenientes do Partido Comunista (PCP) ou do Bloco de Esquerda (BE). Mas faz algum sentido que assim seja, embora paradoxalmente. A aversão aos mercados, dos partidos radicais de Esquerda, é notória. Contudo, é precisamente nessa arena de alta finança, especulativa ou não, de financiamento público ou de emissão de títulos de dívida que o jogo se faz. Não entendo e não aceito, em nome da democracia genuinamente representativa, e depois de tanto frenesim em torno da legitimidade parlamentar, que o governo de Portugal não integre ministros do PCP e do BE. Esta solução colide com a natureza conceptual dos partidos políticos - a ascensão ao poder e o seu pleno exercício. Por outras palavras, estes factos corroboram o seguinte. O PCP e o BE sabem, embora não o admitam, que qualquer governo em funções fica efectivamente refém dos mercados. Nessa medida, se o PCP e o BE tivessem ministros em funções,  esses partidos ficariam definitivamente marcados pela contradição, pela colisão das práticas com a sua disciplina ideológica. Embora António Costa queira soprar a ideia de um tempo novo, sabemos que isso não passa de palavras de ocasião, do lirismo que acompanha o entusiasmo da decepção. Quem governa Portugal efectivamente não é nenhum dos elencados, ou aqueles deixados na bancada a rejeitar moções de rejeição. São forças maiores que ditarão o rumo de Portugal. A amizade tem limites. E os governos de conveniência também.

publicado às 09:41


1 comentário

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De Anónimo a 04.12.2015 às 16:45

Como é que era? "Ai aguenta, aguenta!", não era?
Pois então é assim. As metas do défice mantêm-se, por isso é que o Centeno saiu de Bruxelas sem abrir a boca e o governo anda a convocar  reuniões "para discutir o défice". O PS vai chorar se não cumprir e assim culpar o anterior governo. Se o défice ficar abaixo dos 3% este ano, os socialistas dirão que foi graças a eles, só que então vão ter problemas à sua esquerda, porque isso implica apertar o cinto até final do ano e no próximo. Daí a dramatização de que os outros deixaram os cofres "vazios".
Até aqui acusavam o governo anterior de manter a austeridade, mas este não podia ter gasto 600 milhões de euros da "margem orçamental" até Novembro, pois é eleitoralista, mas quando os socialistas queriam aumentar a despesa em 3 mil milhões no próximo ano já não é.
Isto é só "teatro de revista" para entreter papalvos, enquanto puderem. O essencial é que vão bater na trave, e por acaso até me surpreende a "velocidade" com que já vão...


http://economico.sapo.pt/noticias/governo-marca-reuniao-so-para-discutir-defice_236702.html

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