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Na maior parte dos casos os problemas sistémicos revelam-se fora da caixa onde se encontram os decisores políticos que julgam poder encontrar as soluções adequadas. Muitas vezes, enquanto os olhos seguem com atenção determinados eventos, outros acontecimentos passam despercebidos. Todos sabemos que o sistema financeiro, tal e qual como o conhecemos, se encontra seriamente debilitado. A União Europeia procura, nesse sentido, implementar mecanismos por forma a garantir uma maior segurança no sistema bancário pan-europeu. Contudo, e independentemente da face visível das intenções dos ministros das finanças da zona Euro, outras dinâmicas que ocorrem, demonstram, de um modo inequívoco, que a confiança foi permanentemente afectada pela crise que se iniciou em 2008 e que comprometeu a retoma das economias europeias e a geração de emprego. Embora o futuro da divisa euro pareça estar salvaguardado por decreto político dos decisores em Bruxelas, a verdade é que um fenómeno de substituição de divisas está a ocorrer nos bastidores. A procura desenfreada de ouro prova que os aforristas não acreditam nas palavras optimistas dos governantes. Um pouco por todo o mundo o sentimento de pessimismo é semelhante, e as "casas de moeda" de muitos países estão a cunhar ouro a um ritmo desenfreado por forma a acompanhar a crescente procura. Se não o fizéssem, o preço da onça de ouro certamente se encontraria em níveis muito mais elevados (USD$2000-$2500?) e geraria um efeito de contágio dramático minando os esforços de escaparate dos políticos que afirmam que a esquina foi dobrada, que a retoma é uma realidade. São sinais desta natureza, que não ocupam as primeiras páginas de jornais, que devem ser interpretados. A ascensão do ouro é uma consequência natural, uma reacção à impressão realizada pela Reserva Federal e à compra de títulos de tesouro pelo BCE que procuram mitigar o fraco comportamento do mercado aberto. Um sistema financeiro assente na virtualidade e na capacidade de execução electrónica, encontra-se a milhas das dramáticas necessidades da economia real. O que está a acontecer com o ouro representa um "regresso" à ideia de sector primário da economia. A riqueza deve assentar em pressupostos materiais, em objectos e bens físicos. O conceito de crédito, que tantos danos causou às economias de muitos países, deve ser gradualmente substituído por divisas com valor efectivo. Nessa medida, o ouro, assim como a prata ou a platina serão escolhas naturais para aqueles que deixaram de acreditar no poder endeusado de dólares ou euros, na música harmoniosa que sai da boca de tantos políticos.