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.... é precisamente o que ocorre ao mais comum dos mortais quando diante de um aparelho de televisão escuta gente tresloucadamente perorar acerca dos mais recentes eventos relacionados com o Brexit. Invariavelmente, sejam eles comentadores profissionais ou duvidosamente dotados jornalistas enviados, mostram à saciedade uma descarada satisfação por todos os escolhos desmioladamente colocados diante da Senhora May, primeiro-ministro britânico. Durante dias todos escutámos veladas apostas que tendiam para o agora é que cai, para logo depois do resultado a que sem surpresa alguma assistimos, apostarem numa vitória pírrica com os dias bem contados. Veremos, veremos.
Não possuindo dotes de adivinho que pelos vistos à muito mais esclarecida maioria esmagadoramente pertence, não arriscaria muito numa rendição incondicional britânica, pois se há coisa em que historicamente se notabilizaram, foi durante os mais desesperados momentos de aflição e quando tudo indicava estarem perdidos, com zelo encontraram soluções que não apenas os salvaram, como infalivelmente destruíram aqueles apostados na sua ruína. Não os provoquem e é precisamente o que neste momento todos os dirigentes dos 27 países fazem a cada minuto que passa, pois no final das contas bem feitas, o resultado poderá ser uma previsível catástrofe sem desculpa. Não pretendem tão só defender-se nos redutos de Estrasburgo e Bruxelas, mas sobretudo humilhar ao máximo quem até hoje foi um incontornável e bem sólido pilar desta construção. A mesquinhez tecnocrática sairá cara, disso não poderá existir a menor dúvida.
Tal como a Senhora May, desde o primeiro momento fui contra o Brexit, nem que tal posicionamento apenas fosse ditado pela nacionalidade a que pertenço ou se devesse à mutualidade da dívida histórica que ambos os países têm um para com o outro. Hoje é vergonhosamente indigno o espectáculo que diariamente nos é oferecido. Em vez de discretamente minimizar-se o efeito da soberana decisão de há dois anos, agravaram-no e acirraram os ânimos. Mais longe ainda, percebe-se que hoje tudo apostam na divisão do país.
Tanto pior. Aqueles milhões de ilhéus são gente de outra têmpera e para isso recorde-se simplesmente o que sucedeu em 1982, muito longe da Europa e contra a opinião do mundo inteiro. Não por teimosia, quixotismo ou que queiram considerar, desse tempo existe um já esquecido facto a reter: apenas foram publicamente apoiados na omnipresente imprensa por um governo, precisamente o português.
Ficamos ainda mais sós, não é verdade?