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Assim que Charlie Hebdo foi alvo do ataque terrorista, o chavão "liberdade de expressão" foi aclamado como salmo sagrado por um sem número de vozes que grita pelos direitos inalienáveis da prática jornalística. Desde esse momento, tenho vindo a pensar sobre o assunto e cheguei às seguintes conclusões; os meios de comunicação social e os jornalistas não são sacerdotes da independência de pensamento, e muito menos são donos da verdade. Os jornais, as revistas (mesmo as satíricas), as televisões, as rádios, assim como as editoras, pertencem todos a grupos económicos que por sua vez são controlados por governos. Deixemo-nos destas tretas, deste bullshit humanista com laivos de Esquerda esclarecida ou Direita carente, para enfrentarmos de frente os desafios que se nos apresentam. Não nos encontramos num mundo rasgado por linhas de precisão ideológica. Não. Vivemos num mundo de percepções fabricadas, alibis alimentados por agendas políticas, fundamentos resgatados de manuais com forte poder de doutrinação. A rápida ascensão de slogans, com intenso valor de mobilização, são a prova de que as nossas sociedades vivem sob os auspícios da vulnerabilidade da sua própria ignorância. Parece-me, que no contexto de falta de juízo individual, é mais fácil saltar para um comboio em andamento. O terrorismo, condenável sem resquícios de dúvida, está a servir para acomodar passageiros numa toada visceral, regrada pelas emoções e pela ausência de pensamento mais profundo. Temo que já tenhamos ido para além da estação de destino. Não me falem de liberdade de expressão assim sem mais nem menos. Falem de autorizações concedidas por conselhos de administração para publicar aquilo que convém a uns e menos a outros.