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Catalunhex

por John Wolf, em 21.09.17

 

Não é preciso ser constitucionalista ou estudioso de sistemas políticos para entender o que sucede na Catalunha. Basta olhar para a história e aceitar que são precisamente conflitos e rupturas que estão na origem de Estados, e que a base nacional tem sido o fundamento para a sua fundação, tendo em conta o que resulta desse marcador importante que é a Paz de Westfália de 1648. Por mais que o governo central de Madrid tente proibir a consulta popular à independência da Catalunha, a mesma não deve depender de autorizações "excêntricas", ainda que legitimadas pelo poder político - nenhum governo, dada a sua natureza integracionista, autorizaria um movimento secessionista (seria uma contradição de génese política). Assistimos, deste modo, à sindrome do gato escaldado pelo Brexit. Madrid não quer que aconteça o que sucedeu em Londres. A Monarquia Constitucional de Espanha e o governo que dela resulta, consagrada como modelo de Democracia de pleno direito, demonstra de um modo preocupante que certas práticas de censura e controlo dos tempos de Franco ainda continuam válidas. Não se pode admitir, que na dita Europa civilizada, embalada pela União Europeia, a perseguição política aconteça. A Catalunha é uma das jóias da coroa, um contribuinte importante para o PIB espanhol e é sobretudo essa dimensão económica que está em causa. Não existe nada de romântico ou lírico na união de regiões "à força", de territórios e gentes que perseguem outros sonhos. Se o referendo não acontecer de um modo pacífico, rapidamente a situação evoluirá para o caos e a expressão ainda mais violenta do que aquela até agora registada. Se porventura chegarem à mesa de negociações da independência, quero ver qual será o preço que o governo de Madrid exigirá, qual o valor em causa e quais os demandantes que se seguirão. A Europa das Regiões, essa bandeira agitada para dar ares de descentralização do poder político, tem agora um belo exemplo para hastear. A Catalunha é uma nação. E existem muitas outras por essa Europa fora.

publicado às 16:47


4 comentários

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De Alain Bick a 21.09.2017 às 18:05

no fute o Barça só pode jogar com o Espaniol.


o desmembramento da Europa termina com o separatismo nos países artificiais:
Espanha, França, Alemanha, Itália ...
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De Nuno Castelo-Branco a 22.09.2017 às 15:51

O problema é outro a Constituição referendada com o massivo apoio catalão. É válida para todo o território espanhol e deve ser revista para permitir secessões. Não aceitar este princípio consiste numa capciosa forma de fazer crer, à imagem do que o directório de Bruxelas tem feito, de tudo poder estar sobre a mesa, mesmo que isso signifique uma total subversão dos princípios que apontas e são consagrados pela Monarquia Constitucional, aliás um sistema muitíssimo mais livre e decente do que aquele por cá existente. Têm as autonomias que permitiram o crescimento económico meses a fio e sem a intervenção do poder central. Todos têm as suas flâmulas, umas mais inventadas do que outras, aliás, foi da catalã que saíu a bandeira espanhola escolhida por Carlos III. O problema na Catalunha é um misto de várias coisas: um orgulho desmedido e megalómano que facilmente pede meças ao castelhano; um caso típico de egoísmo nacional em claro prejuízo de outras regiões de Espanha - seria o mesmo que a Grande Lisboa reivindicar a possibilidade de serem nela reinvestidos todos os impostos aqui colectados; uma classe política desesperada por não ser processada judicialmente, extraordinariamente medíocre e envolvida nos habituais esquemas que aqui também conhecemos, mas na proporção local, ou seja, muito mais extensos, graves e declaradamente espoliadores dos recursos públicos. Dito isto, vamos então ao que nos interessa: Portugal, com uma única fronteira com o mais poderoso reino componente da Espanha, não tem o menor interesse na perturbação da paz interna do vizinho. Nada temos a ganhar com separatismos, antes pelo contrário, pois com o Reino de Castela partilhamos não apenas as vias de conexão terrestre com o resto da Europa, mas também os principais rios, no preciso momento em que se adivinha o potencial aumento de conflitos em torno dos recursos hídricos. Eis o que a nossa seguraça exige: paz. O caso geopolítico, um desastre antes de tudo para os próprios catalães deixados sem moeda, com uma dívida interna e externa astronómica, sem forças armadas e fora da U.E. sem apelo nem agravo. Tornar-se-ão num alvo fácil de todo o banditismo mundial, seja ele o sul-americano ou aquele outro dos centros mundialistas onde pontifica o criador de "revoluções" Soros. Outro aspecto ainda mais temeroso? A completa queda nas mãos cheias de petrodólares da máfia islamita que já conseguiu a proeza de ver a Monumental de Barcelona ser vendida a um daqueles "fundos esquisitos" para ser transformada numa colossal mesquita, um símbolo de aberta conquista de espaço. Na mentalidade deles não passa disso mesmo: conquista territorial. Indecente é a palavra que me vem à cabeça. Indecente par não dizer um palavrão. Nesta senda, os sujeitos da generalitat, em desespero de causa, subverteram localmente as regras da concessão da nacionalidade a tudo e a todos susceptíveis de satisfazerem os seus apetites bestiais. Concessão desregrada e à pressa de cidadania - nisto contornando a lei geral prevista pelo articulado espécifico da Constituição - para poderem livremente participar no pseudo-referendo secessionista. Dados os ensinamentos da história conceberias algo de semelhante nos EUA? Pois é, convém sempre relativizar antes que nos suceda o mesmo nos Açores, em Miranda do Douro, ou no Arizona, Califórnia, Utah, Novo México e outros Estados da União. O que é válido para a Espanha passará então a ser válido para todo o ocidente, outros países europeus incluídos. Não pode ser, há limites que devemos encarar como naturais.
Vamos então à possível secessão, para além da completa ruína interna da Catalunha isolada pós-independência e sem sequer fronteiras internacionais reconhecidas. Conhecemos por experiência própria o indomável espírito de vingança dos castelhanos em sentido lato do termo, andaluzes incluídos. Boicotariam totalmente as exportações para o mercado interno espanhol e logo, para o português, Haveria uma interminável guerra pelo controlo do Ebro e outros rios que nascem fora da Catalunha, por exemplo. Ficaria a "Catalunha islamita" completamente isolada e um fraco émulo da Formosa que apenas parece ser reconhecida internacionalmente por S. Tomé e Príncipe. Grande coisa. O resto adivinha-se.
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De Anónimo a 22.09.2017 às 22:36

Catalunha é uma nação, a Espanha, pelos vistos, não. E os cidadãos da Espanha deixaram de ter direitos, uma vez que os direitos dos catalães prevalecem. Já não interessa que a Espanha exista neste formato há 500 anos, e que a Catalunha nunca  na sua história tenha sido um reino independente. A narrativa é que os espanhóis subjugam os coitados dos catalães. A demagogia, agora conhecida como populismo, chega de mansinho a todo lado.
André 
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De Nuno Castelo-Branco a 23.09.2017 às 18:59

Subscrevo, coitadinhos dos biliões de "catalÕes". Espanta-me a parvoíce das televisões locais que vão garantindo mega-manifestações e depois ficamos a saber que se tratou duma arruada de 45.000 pessoas. Fraquinho, fraquinho numa cidade como Barcelona.

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