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Não será Cavaco Silva a decidir. Nem será António Costa a impor um governo de Esquerda. Será a Europa a ditar as regras do jogo. O problema de mentes pequenas é olharem apenas para o seu umbigo, mas há mais paisagem para além do reino da Dinamarca. O secretário-geral do Partido Socialista parece omitir alguns factos determinantes. A Troika, embora já tenha sido despedida, vincou a sua residência no território nacional para muitos e bons anos. Nada muda com um governo de maioria de Esquerda, congeminado entre promessas de bem-estar e ameaças de desagregação nacional. E existe uma outra dimensão que deve ser sublinhada. O efeito de um assalto da Esquerda portuguesa nos restantes países europeus que terão a breve trecho ou não eleições. São efeitos secundários desta natureza que certamente já terão posto em marcha acções "contra-revolucionárias" em congéneres governativas e instituições de países-membro da União Europeia. Antes que as coisas se desenrolem de um modo desorganizado, os mercados serão dos primeiros a reagir, agravando a percepção de risco de Portugal. António Costa, que tem confirmado a sua incompetência táctica e estratégica, leva a sua luta ao destino errado, ao falso patrão. Se fosse inteligente, o socialista-mor já teria iniciado o seu roadshow junto dos avalistas europeus, os emissores de cheques de salvamento, as instituições conservadoras da Europa, aquelas que mais se amedrontam com febres vermelhas. O excesso de fervor soberano de Costa não é, infelizmente, compatível com o firmado em contrato. Portugal não pode simplesmente rasgar o clausulado de condições impostas sem sofrer as consequências que geralmente estão associadas a Estados-pária. Não julguem por um instante sequer que a Europa é uma simples espectadora. Existem várias vacinas que poderão ser usadas para conter os ânimos desmedidos. António Costa deve sabê-lo, mas os socialistas que são conhecidos por alimentar fantasias à custa dos outros, enfrentam agora um momento de verdade ainda mais crucial do que os restantes. António Costa pode até ter uma claque apurada para estes propósitos, mas em última instância acena a falsa cenoura da governação aos outros partidos da sua área de influência. Neste momento delicado da história de Portugal seria de esperar outro tipo de inclinação ética. E para finalizar: julgam mesmo que Cavaco quererá ser lembrado por se ter vergado às ameaças de radicais de Esquerda? Não me parece. O homem, bem ou mal, estudou em York. E isso soa mais a Churchill do que a Fidel Castro. Pudim.