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Inicio este post com um disclaimer (logo dois termos em inglés, que maravilha!): não é este o mundo que eu desejo, MAS, o que aí vem é inevitável se os governos pretenderem exercer uma das suas prerrogativas - garantir a segurança dos seus cidadãos. Embora haja a tentação do discurso integracionista do chá das cinco, que se inspira nos cânticos da multiculturalidade e da semelhança dos próximos, a verdade é que a crueza dos factos determinará outras sortes. Iremos assistir à israelização securitária das metrópoles, à instalação de checkpoints em pontos nevrálgicos das cidades europeias e acessos às mesmas, a acções de varrimento percepcionadas como aleatórias, à proliferação de uma administração policial com mais poderes discricionários e autonomia no que diz respeito à tomada de decisões, à intensificação de processos sumários judiciais legalmente enquadrados, ao desenvolvimento do conceito de vigilantes de bairro, à integração europeia de agências de inteligência e ao desenvolvimento de tecnologias de track and trace de potenciais terroristas que serão monitorizados preventivamente. Bem-vindos ao mundo novo, orwelliano dirão alguns, mas sustentado na noção de lesser evil, e provavelmente justificável. A questão que se coloca diz respeito à sobrevivência civilizacional, a liberdades e garantias, à democracia. Enquanto gira a tômbola do próximo ataque terrorista, decisões incómodas terão de ser tomadas, custe a quem custar, doa a quem doer. Estas noções transcendem ideologias ou posicionamentos partidários. Os ataques terroristas produzirão, com variantes discutíveis, um alinhamento político inédito. A Esquerda e a Direita, o norte e o sul, terão de concordar. O inimigo irá gerar consensos improváveis, mas necessários. Obrigatórios. Será uma escolha entre o chá das cinco e as facas longas.