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Claro como o cloro

por João Quaresma, em 12.03.15

claro como cloroNo mesmo dia em que circula no Facebook este texto certeiro sobre a política norte-americana para o Médio Oriente, ficou-se a saber que, nos últimos dias, a organização "Estado Islâmico" tem estado a usar armas químicas nos combates na cidade de Tikrit. São bombas de cloro, rudimentares mas ainda assim eficazes ao serem capazes de contaminar áreas e de causar baixas entre as forças governamentais e a população civil. E, para todos os efeitos, são armas de destruição em massa.

Afinal, as armas químicas fizeram a sua aparição no Iraque, doze anos depois da invasão que mergulhou o país no caos, e nas mãos de uma entidade ainda mais ameaçadora à segurança internacional que o regime de Saddam Hussein.

E agora, o que fazer para lidar com esta situação?

publicado às 23:16


6 comentários

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De Octávio dos Santos a 13.03.2015 às 14:51

No Iraque as armas químicas fizeram a sua (verdadeira, primeira) aparição no final dos anos 80, quando Saddam Hussein as usou contra os curdos e os iranianos. 
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De João Quaresma a 13.03.2015 às 20:02

...E contou com empresas europeias para desenvolver a capacidade de as fabricar.
Eu refiro-me a terem (re)aparecido após a Guerra de 1991, quando era suposto terem sido destruídas.
Obrigado pelo seu comentário.
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De Nuno Castelo-Branco a 13.03.2015 às 15:36

Como lidar? Actuar de forma racional. Falar com os russos, falar com Assad, falar com os chineses e com os persas, deixando completamente de lado sauditas, qataris e outros que apenas podem atrapalhar. Se os nossos mais poderosos aliados não querem fazê-lo, então a Europa deverá coordenar esforços, tomando a iniciativa. Uma miragem? Talvez, mas dentro de pouco tempo seremos forçados a fazê-lo e será melhor agir antes da mudança da liderança americana. Imaginemos um sucedâneo de Bush na Casa Branca. Estaremos preparados para uma calamidade destas? Ou a inepta, ignorante e arrogante Hillary? Ou uma espécie de Applebaum Sikorski no Dep. de Estado?


Aquilo que o João Quaresma aponta, é o culminar de mais de meio século de erros crassos, repetitivos, numa constância que causa estranheza. Jamais deixarei de referir o esquisito paralelo que se verificava de estarem aliados a combater o comunismo em África, quando outros aliados faziam o mesmo de forma ostensiva no sudeste asiático e naquela forma que julgavam ser uma guerra total. Note-se que o cenário indochinês era de longe menos importante à estabilidade ocidental, do que as estratégicas passagens marítimas do Canal de Moçambique e do Atlântico Sul onde se situa Angola. A queda dos Estados Ultramarinos portugueses, consistiu num desastre irreparável, quando pelo contrário, a contemporização com o regime vietnamita - inicialmente profundamente nacionalista e que sairia como o grande e incontestável vencedor da guerra - acabaria por talvez ter estabilizado toda aquela zona. Após a queda de Saigão, desde logo se inciaram hostilidades na fronteira sino-vietnamita - desfazendo o espantalho da ameaça da aliança comunista global - , ao mesmo tempo que a Tailândia e Malásia se mantiveram segundo os padrões pró-ocidentais. Nestes países, não se verificou qualquer êxito da subversão, nem sequer houve invasão de qualquer espécie. Mentiras, invencionice, criação de alarmismo, foi aquilo que nos ministraram desde meados dos anos sessenta. Mais ainda, foram os vietnamitas responsáveis pela liquidação dos khmer vermelhos, mitigando uma situação de drama humanitário que teve origem na deposição dede Sihanouk e mais a norte, na grosseira instrumentalização da monarquia laociana. O resultado está à vista. Guerra errada no lugar errado. Em simultâneo, aos aliados atacados em três frentes africanas, causavam-se todo o tipo de dissabores. Nunca será demais referi-lo, pois os chefes militares americanos da década de 80, estavam disso bem conscientes. Da forma mais arrogante, as consecutivas administrações  fizeram aquilo que se sabe e nem sequer no âmbito do Atlântico Norte, tiveram o discernimento suficiente para atenderem às obrigações que o tratado de 1949 impunha. Este é o primeiro termo comparativo, mas existem outros, desde a queda do Xá - uma desgraça em boa parte induzida e acicatada por uma louca campanha mediática em todo o ocidente - até ao pós-Iª Guerra do Golfo. 


A verdade nua e crua que agora mais nos interessa: estamos perante outro cenário de guerra errada, no local errado que ainda por cima em muito reforça Putin. A complicação ucraniana consiste na maior ameaça à sempre desejável unidade da NATO e qualquer acto impensado levará a clivagens de difícil conserto: Alemanha, todo o norte da Europa, o flanco sudeste, eis as divergências que se adivinham apesar da propaganda de "preparativos noruegueses" e outros aspectos que não podem deixar de ser considerados como residuais. Alguém acredita na Alemanha como participante na primeira linha? Não creio em tantas certezas. Mesmo na Grã-Bretanha, ao sinal de qualquer tamborear preparativo de uma guerra contra a Rússia, é infalível uma forte contestação, mesmo nos meios castrenses. Esperem e verão. 


Portugal faria melhor se em vez de turismo aéreo no Báltico, dedicasse todo os eu empenho a vigiar a nossa vizinha a sul, insistindo no auxílio e assistência ao Mali e aprofundamento dos contactos com Marrocos, o Reino Unido - Gibraltar é fundamental - e Espanha. 
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De Nuno Castelo-Branco a 13.03.2015 às 15:39

Caro João, para que conste. Não, não se trata de um texto escrito por um  "espantalho, traidor pró-russo, appeaser" ou qualquer coisa do género: http://blogs.reuters.com/great-debate/2015/03/10/military-analysis-of-what-russia-really-wants-reveals-nuclear-dangers/?utm_source=Facebook
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De João Quaresma a 13.03.2015 às 20:29

Actuar de forma racional, sem dúvida. Não estou é a ver como se consegue fazer isso com gente sem preparação como a que está na Casa Branca. O John Kerry é uma desgraça. E não há perspectivas que melhor venha a suceder ao Obama. Há dias, a chegada daqueles tanques americanos à Letónia, com camuflagem de deserto, isto um ano depois da invasão da Crimeia, diz muito da "clarividência" que está no poder "across the pond".
A Europa? Não existe. O que estou a ver qualquer dia é a China entrar em cena, como está a fazer em África.
Concordo totalmente que o nosso foco de interesse está no Norte de África/Golfo da Guiné. Sem dúvida que a nossa participação na NATO não deve ser descurada (até porque vai-se ganhando experiência e conhecimentos) mas a nossa prioridade deve ser o que está a acontecer e que nos pode afectar directamente. Pelo que vou percebendo, até se está a prestar alguma atenção e a fazer alguma coisa (pouca, mas não estamos a zero). Mas eu temo que, no pior cenário, iremos de novo para uma guerra de maneira improvisada e despreparada, como de costume.
E, obrigado pelo comentário.
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De amg a 19.04.2015 às 22:53

<br />../.. «<span style="font-size: medium; line-height: 1.5; color: rgb(51, 51, 51);">Sem dúvida que a nossa participação na NATO não deve ser descurada (até porque vai-se ganhando experiência e conhecimentos) mas a nossa prioridade deve ser o que está a acontecer e que nos pode afectar directamente. Pelo que vou percebendo, até se está a prestar alguma atenção e a fazer alguma coisa (pouca, mas não estamos a zero).» ../..</span><br /><span style="line-height: 1.5; color: rgb(51, 51, 51);"><font size="3"><br /></font></span><span style="font-size: medium; line-height: 1.5;">... e para isso dava jeito o Siroco, certo?</span><br />abçamg

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