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Tenho acompanhado de forma bastante deficiente as primárias nos Estados Unidos. Vão-me chegando as afirmações mais ou menos estapafúrdias de Donald Trump. Tenho acompanhado as intervenções acertadas mas com pouco impacto nas sondagens de Carly Fiorina. Acompanhei mais atentamente o processo eleitoral em Espanha. A ascensão do Podemos, a vitória do PP, o desastre do PSOE, a surpresa do Ciudadanos. Não quero falar sobre nenhum deles. Nem sobre Trump, nem sobre Fiorina, nem sobre o inominável Iglésias ou o falhado Sanchéz. A verdade é que mal ou bem, de forma mais acertada ou mais escabrosa, mais racional ou mais estapafúrdia, toda esta gente se tem atravessado por convicções. Podem ser as convicções de hoje - com o risco da contradição no futuro. Podem ser as convicções mais imbecis do mundo. Mas são convicções. No debate democrático, o que realmente importa são as convicções. Mais que os partidos a que se decide pertencer (ou deixar de pertencer) ou que os canais por onde a mensagem se espalha, importante em democracia é discutir convicções. Ideias e programas. Posições políticas e sociais sobre os temas que importam ao regime e ao sistema democrático. Lutar pela democracia não se faz só quando ela não existe, em ditadura. Lutar pela democracia não se faz só votando. Lutar pela democracia faz-se pugnando por este debate, pelo aprofundamento das questões e das clivagens, pela defesa das ideologias, com lealdade e honestidade intelectual. E o contínuo abandono das convicções e das ideologias a que temos assistido um pouco por todo o mundo não tem favorecido outra coisa que não o surgimento de Trumps ou de Iglésias. É legítimo escolher o contrário? É. Mas é importante que não se esqueçam que isso significa a transformação do sistema democrático num mero processo de venda de candidatos. Assim como quem vende detergentes ou tupperwares. Não venham é queixar-se depois.