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Da submissão a interesses externos

por Samuel de Paiva Pires, em 20.07.14

José Pacheco Pereira, A direita deixou de ser patriótica (2):

 

"A ideologia desta submissão é múltipla. Há um aspecto de progressismo e de engenharia utópica, modernista e modernaço, e há a vontade de usar um poder exógeno para impor uma tutela endógena a favor de interesses de uma pequena minoria de portuguesas, como diriam os marxistas um “poder de classe”. Comecemos pela primeira: o nosso actual europeísmo não é muito diferente do iberismo do passado. Representa uma ideia progressista, iluminista, cosmopolita, contra os pacóvios das fronteiras. Trará o reino da razão aos ignaros rurais que pensam à dimensão da sua quinta e só se preocupam em manter os marcos no sítio, ou até, aos escondidos, em movê-los um pouco mais para dentro do terreno do vizinho. Para eles, só há ou nacionalismo identitário, ou internacionalismo europeísta.

 

A isto se junta a ideia de que quem não tem dinheiro não tem vícios, logo, um país em bancarrota não pode queixar-se dos credores mandarem nele. Coisa aliás que até não é má de todo, porque a pressão externa “impõe” políticas “responsáveis” aos portugueses irresponsáveis, obrigando-os a viver de acordo com as suas necessidades. Quero lá saber da Pátria, dizem alguns, se a troika (com a prestimosa e dedicada ajuda do Governo) está a fazer aquilo que nenhum governante português seria capaz: baixar salários, reformas e pensões, acabar com o Estado como instrumento social, correr com os funcionários públicos, e destruir os direitos do trabalho. O colaboracionismo com o poder de fora faz-se por afinidade ideológica e, claro, com vantagem própria.

 

É na direita que estas ideias hoje fazem mais estragos porque encontrou nas posições da troika e dos “protectores” alemães um instrumento precioso para obter ganhos “sociais” em Portugal. Porém, ainda há um pequeno problema, ainda há eleições. Por isso, mesmo que se deixe de falar em Pátria e patriotismo, pode-se sempre colocar a questão em termos democráticos: que sentido tem a democracia portuguesa se os eleitores portugueses vão deixar de poder escolher quase tudo que é decisivo para o seu país e para as suas vidas?"

publicado às 12:07


1 comentário

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De Nuno Castelo-Branco a 20.07.2014 às 16:43

Ridículo!que andou JPP afazer no PE durante anos a fio? O que andou ele a fazer em S. Bento outros tantos anos? O que tem dito ao longo de infindáveis programas televisivos, senão adequar os remoques a cada momento?

Ridículo, tão ridículo como oportuno!

Ainda hoje folheei um livro catastrofista de João Ferreira do Amaral - descendente do "makavenko" que traiu D. Manuel II, o regime da Carta e as liberdades públicas -, outro homem que é tão do esquema vigente como Pacheco Pereira. Anda aflito com a "perda da soberania" e na contracapa surge um pequeno excerto tecendo loas à resistência nacional durante séculos. Mas… o que estiveram todos eles a fazer e a dizer durante 25 anos (pelo menos) de permanência de Portugal na UE? Têm eles a mais leve ideia acerca da reorganização deste espaço que é sobretudo económico e assim sempre deveria ter sido? Não têm, nem podem ter, apenas alimentam toda a verve com o pavor da Alemanha, como se fosse possível "fazer a Europa" sem essa Alemanha.

Tudo isto nada mais é senão populismo - pois pois, embora não gostem de o ouvir ou ler a acusação, eles também são populistas - enche ouvidos do vulgo.

Samuel, fala-lhes na reconstrução do regime e naquilo que É MESMO essencial à tal afirmação da subitamente sacrosanta soberania: chefia do Estado e rápida, urgente liquidação da república - há que ser coerente, a reforma e salvação do Estado implica a aceitação de todo o "pacote"-, novo mapa e sistema eleitoral, a política do Ensino, a política de Defesa - com d grande e não aquilo que hoje se chama submarinismo político-eleitoral -, Relações Externas, etc. Morrem de pavor, pois é a negação de tudo aquilo que esta gente têm sido e defendido ao longo das suas já longuíssimas carreiras políticas. Isso mesmo, carreiras. Cheira-me demasiadamente a ranço ferreiroso-leiteiro, mas com algum brilho estilístico e "savoir dire", sem lacas ou tailleurs Chanel.

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