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Vamos lá ver se a gente se entende. Foi a 12 de Junho de 1975 que a Grécia solicitou a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) e a 1 de Janeiro de 1981 tornou-se efectivamente membro da CEE. Foi aquele país que quis fazer parte do clube da modernidade europeia. Foram eles que analisaram as implicações do projecto europeu. Ou seja, a Grécia dispôs de 40 anos para se organizar de um modo sustentável e pôr a casa em ordem. Teve quatro décadas para praticar a economia de mercado que bem quis. Teve tempo suficiente para passar de um país economicamente atrasado a país desenvolvido (ou em vias de desenvolvimento). Recebeu rios de dinheiro a fundo perdido (tal como Portugal), ao abrigo da necessidade de nivelar as diferenças entre o norte e sul da europa comunitária - os tais fundos estruturais e outros com a mesma finalidade. Pelo meio ainda teve fôlego para brincar à "sofisticação dos ricos" e organizar uma edição dos Jogos Olímpicos. Mas lamento: agora tenho de entrar com uma componente cultural, a dimensão que determina o sucesso de uns e o falhanço de outros. Podem vir com o argumento da intenção do eixo franco-alemão em alargar os seus mercados a compradores de Mercedes e BMWs por essa Europa fora, mas essa explicação assente numa ideia de exploração colonial intra-europeia não pega. Por que razão uns se propõem a objectivos e os alcançam, e outros nem por isso? Por que razão uns são suecos e outros cipriotas? Será uma questão étnica ou racial? Não. Será uma questão ética? Talvez. Provavelmente. Certamente. Em tempos de convulsão política onde se exige a cabeça de uns e os braços de outros, estamos obrigados a esta reflexão sobre as causas profundas do descalabro existencial de certas sociedades. Esse exercício de auto-crítica é penoso, mas qualquer nação à face da terra está obrigada a encarar a sua condição existencial. Pode ser que o paradigma europeu esteja a ser posto em causa, mas a explicação exclusivamente financeira não serve para responder à totalidade do questionário. Se o casamento entre a Grécia e a Europa tiver que chegar ao fim, que assim seja, sem dramas. Provavelmente com drachmas.