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Não importa que a eutanásia afronte a ideia da vida humana como digna por si só. Não importa que a eutanásia passe por cima da necessidade de cuidados médicos de qualidade para todos. Não importa que a eutanásia passe por cima do princípio da eliminação da doença para atingir o grau de eliminação do doente. Não importa discutir o que seja "viver com dignidade". O direito à vida é hoje um direito higiénico. Tens direito à vida se tiveres a certeza, à nascença, de que vais ter uma vida de sorrisos. Se tiveres a certeza que vais ser forte, saudável, bonito, inteligente, com rendimentos, com estudos. Se não se adivinhar nada disto, aborta-se. Perdão, "interrompe-se voluntariamente a gravidez". Se estás doente, se te apetece morrer, então o teu direito a escolher morrer é maior que o direito à vida, que um dia já foi inviolável e inquestionável. Não importa nada que viver seja mesmo isso - viver. Com dificuldade, com aspereza, com obstáculos, com doença, com estados lamentáveis. Não importa que os cuidados paliativos não cheguem a todos. Mate-se. Matemo-nos, então. Perdão, "suicidemo-nos com assistência". Já que se arranjou, como sempre, um eufemismo, agora é esperar que se legalize. Eu baixo os meus braços perante uma cultura que banaliza o direito à vida, perante uma cultura que entende a vida como um estádio de saúde, de força, de vivacidade, de felicidade. Josef Mengele deve estar a adorar.