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Em princípios de 2009, assisti na Fundação Gulbenkian à apresentação de um livro escrito por um grupo de eurodeputados (entre os quais a portuguesa Maria João Rodrigues) sobre o modelo social europeu, cujo título não me recordo. Mas recordo-me que todos os autores concordavam na necessidade imperiosa de defender a todo o custo as conquistas do modelo social europeu, algo que não poderia ser posto em causa pela crise económica internacional. Crise essa que consideravam sem precedentes e que, apesar de também ninguém saber bem como tinha surgido, só poderia ser resolvida com o aprofundamento da integração europeia. Um dos eurodeputados, um escandinavo veterano da política e também (orgulhoso) do Maio de 1968 nas ruas de Paris, confessou que esta crise era tão grave, tão preocupante que o tinha levado a fazer algo que nunca tinha feito na vida: ler a The Economist e o Financial Times.
É claro que quando um decisor e representante (muito bem pago, por sinal) num órgão com poder para influenciar a vida de centenas de milhões de cidadãos nunca na sua longa carreira política se sentiu na necessidade de ler duas das publicações internacionais de referência - e não ter vergonha de o dizer publicamente -, é legítimo perguntar que espécie de gente é que os partidos mandam para Estrasburgo e até que ponto este parlamento tão pouco escrutinado deverá ser levado a sério e legitimado com o nosso voto.
Naturalmente que esta não será a regra entre os eurodeputados e que o Parlamento Europeu não é apenas isto. Mas o problema é que também é isto.