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Fisting político de António Costa

por John Wolf, em 10.11.15

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Portugal vive, hoje, mais um dia histórico. Alguns pressupostos do funcionamento do sistema político caem por terra. A força política que ganhou as eleições será derrotada no parlamento, apesar de ter ganho nas legislativas. E esse facto abre um precedente interessante. No futuro deixará de ter importância vencer eleições legislativas - o mérito eleitoral será um assunto dispensável. Contudo, a maioria dos menores não significa necessariamente que o Presidente da República emposse um governo resultante desse arranjo. Um governo de gestão não seria o fim do mundo. A Bélgica teve um durante dois anos e registou crescimento económico assinalável. Um governo de iniciativa presidencial parece estar fora de questão, porque qualquer que seja o seu programa irá esbarrar com a censura e a rejeição da maioria do parlamento. Se António Costa vier a ser primeiro-ministro, como tudo aparece apontar, terá de lidar com as mesmas condicionantes que afectaram os movimentos de Portugal. À entrada para a reunião do Eurogrupo, Schäuble e Dijsselbloem disseram que Portugal «vai continuar no bom caminho». Por outras palavras, não permitirão extravagâncias a Costa e seus colaboradores. Ou seja, de uma perspectiva externa nada pode mudar. Catarina vai ter de se dobrar, e mesmo assim nunca estará à altura do ministro das finanças alemão. Os socialistas já produzem afirmações como se o país fosse integralmente soberano, como se não fizesse parte da União Europeia e como se não existisse um diktat da Troika. Todas as premissas de libertação do jugo da Austeridade são falsas. Registamos, deste modo, elementos de desconexão com a realidade. Os próximos seis meses serão de tumulto governativo, de fissuras entre o Partido Socialista e os subalternos acomodados do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda. A "nova oposição" deve, na minha opinião, ficar quietinha, nada fazer. As contradições de um menage político a trois falarão por si. Não faz parte da matriz cultural e ideológica da Esquerda ceder ad eternum no que diz respeito às suas premissas identitárias - hão-de querer voltar às suas casas. Os acordos de incidência comprados por António Costa são na sua essência a perfeita expressão do mercado que tanto abominam - houve manipulação, existe um cartel e confirmamos dumping ideológico. Ao que parece, António Costa terá feito uma proposta irrecusável aos partidos do barco de governação, mas não tarda nada irá meter água. A canoa está carregada com promessas obesas, passageiros do irrealismo que Portugal deveria deitar borda fora. Esperemos que não tenham sido quatro anos em vão.

publicado às 08:56


1 comentário

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De Anónimo a 10.11.2015 às 14:35


Sim, há o exemplo da Bélgica, mas é um país que não depende tanto do Estado, as suas regiões têm uma larga autonomia política e a situação financeira é melhor do que a portuguesa. Mas os partidos do centro-direita não querem ficar em gestão no governo. Já estão noutra. Mas ainda falta saber o que fará Cavaco. Pode vir dali surpresa, porque ele não tem nada a perder e não fará favor algum ao Costa, que despreza.
Atenção com outra coisa. Os portugueses estão furiosos com o que se está a passar (basta apanhar as conversas nos cafés, nos talhos, nas lojas, etc., mesmo em sítios onde há uma maioria de esquerda), não porque tenham "pena" do Passos Coelho, mas porque percebem que isto tudo é uma trafulhice e pressentem que o país vai ficar pior. Quando a opinião pública no facebook ou nas conversas de rua for cada vez mais pressionante, o PCP e o BE saltam fora, pois são partidos que não estão habituados a estar do lado do poder e por isso não gostam de ser alvo da crítica popular, deixando o PS sozinho. E isto pode ser muito mais rápido do que se pensa.

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