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Existem momentos na história que devem gerar algum pânico. Este é sem dúvida um deles. E não me refiro à história passada. Trato do tempo presente com todas as maiúsculas que este exige. Encontramo-nos numa encruzilhada onde confluem distintas fronteiras de ameaça e perigo. A Grécia está cada vez mais perto de inaugurar uma nova modalidade no espaço da União Europeia (UE) - a saída da Zona Euro. A Rússia avança sobre a Ucrânia com fulgor e sugere incursões nos Bálticos, aplicando um sofisticado conceito de belicismo híbrido. O Estado Islâmico parece cada vez próximo de uma travessia firme do Mediterrâneo em direcção a Itália para aí estender a sua acção de um modo ainda mais ousado. Tudo isto combinado num caldeirão de volatilidade e incerteza provoca, sem dúvida alguma, elevados níveis de inquietude no espírito das pessoas. Portugal começa a dar sinais de recuperação, mas lamentavelmente pode vir a ser apanhado na torrente da actualidade macro-económica europeia, deitando por terra o esforço e o sacrifício das suas gentes. Ainda estamos para saber quais as efectivas consequências do descalabro grego; se a extrema-direita daquele país golpeia a traição involuntária de Tsipras, e toma o poder com todas as nuances de um Estado fascista. Por outro lado, a saída do Euro e a adopção do Dracma talvez seja a melhor solução dada a inviolabilidade de certos princípios preconizados pelo poder político de Bruxelas - a necessidade de preservação do acervo de disciplina económica e financeira da UE. Por vezes é necessário morrer para renascer mais forte. A Grécia exige uma nova Grécia, mas não parece disposta a prescindir da sua primeira vida. O Banco Central Europeu (BCE) soube implementar, há pouco mais de um mês, a adopção de medidas de estímulo das economias de estados-membro da UE em dificuldades. A compra de títulos de dívida desses países, ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês, serve também para acomodar mais que previsíveis choques estruturais. Ou seja, a saída da Grécia, seguramente que já estaria descontada nessa decisão monetária do BCE. Varoufakis e Tsipras quiseram adiantar-se aos tempos que vivemos, mas não são imortais. São tão humanos quanto o ministro das finanças da Alemanha.