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Anda por aí meio regime aflito com um processo que corre no tribunal. Refere-se às actividades de Manuel Alegre durante a guerra que Portugal enfrentou entre 1961 e 1974. Numa época de alteração de conceitos, o dito por não dito tornou-se regra, mas há então que passarmos uma vista de olhos naquilo que os dicionários ainda ousam informar:
Traição, s. f. Acto ou efeito de trair.|| Quebra da fidelidade prometida ou empenhada. || Infidelidade no amor. || Emboscada; surpresa inesperada. || Pl. Ajuda de trabalhadores campestres, feita à revelia do amigo ou vizinho ajudado, que termina com um pagode, forma festiva de agradecimento, tocata com dança e canto. || À traição, traiçoeiramente; aleivosamente.
Está assim tudo explicado, felizmente existindo várias interpretações possíveis.
Para a acusação, deverá o tribunal atender àquilo que o dicionário diz quanto ao acto ou efeito, a isto podendo o advogado de ataque acrescentar a embocada, a surpresa inesperada. Em resposta e dada as habilidades artísticas do visado, a defesa deverá remeter-se à desinteressada e generosa ajuda aos tais trabalhadores campestres - provenientes da Guiné-Conakri, Senegal, Tanzânia, Zâmbia e Congo - e que uns anos mais tarde em Portugal terminaria num pagode, essa forma festiva de divertimento e de agradecimento por abnegados actos, com tocatas de trovas do tempo que passa, dança com flores de verde pinho e canto à guitarrada. Quanto às charutadas, convém não mencioná-las.
Desde que o juíz não se lembre do video que aqui deixamos, tudo correrá nos conformes. Afinal de contas, quem era o tal William Joyce da Rádio Berlim, esse posto tão longe de Argel?