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Hoje não é o primeiro dia do que resta da vida política do Partido Socialista. António Costa é o primeiro-ministro de Portugal. Fica demonstrado que ser perseverante e ardiloso produz resultados neste país. No entanto, resta saber qual será o preço a pagar no curto prazo. O cepticismo em relação à solidez dos acordos à Esquerda não é um exclusivo dos adversários da Direita. Esse facto transcende noções ideológicas ou partidárias. Tem a ver com dimensões formais e também com a substância que aproxima ou afasta as diferentes forças da Esquerda portuguesa. Mas é também aqui que reside uma boa parte da falha tectónica. O Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português enfrentam alguns dilemas existenciais, de identidade. Se o que esteve em causa neste processo foi derrubar o governo de coligação a todo o custo, e tendo sido alcançado esse objectivo, não vejo como possam manter a disciplina colectiva necessária à estabilidade governativa quando outras matérias de gestão política corrente venham a lume. Por essa razão estamos perante um governo a prazo. Mas existem outras razões. A não ser que um novo partido nasça a partir deste arranjo conveniente - o Partido Socialista Bloquista Comunista de Portugal (PSBCP). Contudo, para que tal aconteça, cada uma das partes da trapologia política teria de abandonar a sua missão individual e migrar para uma entidade ideologicamente amorfa. A "nova" oposição PSD-CDS tem capacidade para ler o mapa de fissuras do novo governo de António Costa, e certamente que saberá causar algum desconforto ao lançar propostas e temas geradores de hipersensibilidade ideológica. É natural que o faça e é expectável que o faça na qualidade de proponentes da oposição. António Costa, mestre na arte da decepção e aproveitamento políticos, deve iniciar a sua senda de iniciativas legislativas e de governação com matérias de fácil consenso com os seus colegas de extrema-esquerda. Um pouco mais tarde, quando os fundos de gestão corrente começarem a faltar, e a austeridade for apresentada como último recurso, teremos os primeiros indícios de desacatos sem que o PSD ou CDS tenham de mexer uma palha. Existe uma frase em inglês que serve na perfeição para relatar o que está para acontecer. No entanto, acrescento uma nuance à mesma: "it will be a self-fulfilling socialista prophecy". João Soares, que percebe que se farta de cultura, nem precisa de traduzir.

publicado às 18:29


1 comentário

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De Anónimo a 24.11.2015 às 19:59

Na prática foi o Eurogrupo que viabilizou o governo Costa, mas resta saber com que intenção. Há mais de um mês que o Eurogrupo anda publicamente a exigir um orçamento a Portugal, e uma vez que um governo de gestão da PàF, ou um governo de iniciativa presidencial, não o poderiam providenciar porque seria chumbado pela maioria de esquerda da AR, neste contexto só um governo minoritário do PS pode enviar um orçamento para Bruxelas. Mas agora é que vamos ver porquê e para quê. 
Homens próximos de Cavaco Silva, como por exemplo Joaquim Aguiar, dizem que a actual composição do Parlamento também dá para formar uma outra maioria, uma maioria de bloco central, pois o Costa irá esbarrar na impossibilidade de cumprir o seu programa devido ao "veto" do Eurogrupo. 
Já os socialistas acreditam que vão conseguir uma folga para Portugal e assim puderão cumprir os seus compromissos eleitorais e com a extrema-esquerda. 
Imaginemos que os primeiros têm razão - e é de facto a hipótese mais plausível - então será a primeira vez que um governo entrará em choque com o Eurogrupo por causa de um orçamento. Recorde-se que o orçamento tem de ser aprovado em Bruxelas antes de ir ao Parlamento. Neste cenário, ou o Costa dá uma volta de 180 graus e começa a esboroar-se o "acordo" com a extrema-esquerda, ou nem chega a aquecer o lugar em São Bento. 

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