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Inveja de vizinhos

por John Wolf, em 08.03.24

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A poucas horas de fecharem a torneira temporal das campanhas, podemos tecer algumas considerações. Posso estar enganado ou ser zarolho, mas as dezenas de debates em formato contra-relógio a que assistimos não serviram para ir ao osso das questões. O mais grave é que esse formato de mini tira-teimas resultou de um acordo de todas as forças políticas — como se concordassem num toque e foge ao busílis dos problemas mais prementes que afectam a vida dos portugueses. Acresce ainda outra constatação. A esquerda, mais ou menos radicalizada, ocupou-se com as campanhas dos vizinhos, numa espécie de inveja de pénis, realizando a soma das partes baixas dos outros, especulando sobre cenários de cópula ideológica ou de namoro partidário para a formação do próximo governo. Este tipo de política de quintal denota falta de convicção nas próprias ideias, nos putativos argumentos caseiros, ou seja, corresponde ao assumir da derrota. O Partido Socialista tem sido o vizinho mais invejoso. Espreita por cima da sebe para o jardim da Aliança Democrática para controlar se o jardineiro já chegou para aparar o roseiral. Pedro Nuno Santos parece aquelas comadres (feliz dia da mulher, já agora!) que passam a vida a cochichar sobre os afazeres da vizinha a quem não admitem que lhe tire a fruta caída na via pública. Lembra aquelas disputas de província nas quais alguém mexeu nos marcos dos terrenos para ganhar escassos metros de terra infértil. As televisões, que têm de vender sabonetes com cheiro a cravo para garantir a próxima mesada, nem precisaram de escrever o guião. O Largo do Rato forneceu os chavões sobre o papão do passado que regressará para tornar a vida dos portugueses num inferno. Os idosos, já amedrontados e fragilizados pelo descalabro do serviço nacional de saúde e pelas reformas rachadas, são os principais visados pela vigarice. Domingo chegaremos a vias de facto. Os portugueses já não vão em cantigas. Não têm ódio, mas estão zangados com os compadres que lhes fizeram a folha. E sabem muito bem que os comentadores tudo fizeram para inclinar o plano do écran. Pedro Nuno Santos vai descobrir que não os tem. Não os tem e não os tem no sítio. Mas vai ficar com a voz ainda mais esganiçada quando sair a taluda das eleições a horas tardias de domingo ou na alvorada de segunda-feira.

publicado às 13:26


3 comentários

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De O apartidário a 08.03.2024 às 14:39

"Mas vai ficar com a voz ainda mais esganiçada quando sair a taluda das eleições " ------------------ Ao menos isso, mesmo que não dê para mais. 
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De Manuel da Rocha a 08.03.2024 às 15:37

Quando a AD, IL e Chega (mais 7 dos outros candidatos de direita) assumem que querem 181 deputados para acabarem com o estado e as eleições, é normal que os outros vão reclamar contra isso. 
É uma escolha simples: quem quiser continuar a votar em democracia, não pode votar naqueles 3 ditadores, que já assinaram acordos de governação, para 50 anos, em que se acabaram as eleições. 
Pior é ver a AD, que afirma ter gasto 6.5 milhões de euros, nos pareceres do seu programa de governo, onde começa logo por fazer desaparecer 70000 milhões de euros, de dívida pública, porque se lá apareciam, lá se iam 99,99999999999% das promessas eleitorais. Nem os idosos podem receber mais de 500 euros, de reformas, nem os polícias podem receber 80000 euros, de salário base, anual. Ainda menos os médicos receberem 150000 euros... nem os enfermeiros chegarem aos 120000 euros. Com salários anuais destes, nem com o IVA, taxa única, de 30% (que a IL revelou nas primeiras versões dos seus 8337436345634600000436347845365230 programas actualizados) consegue pagar, sem o PIB crescer 65000%, nos próximos 4 anos. 
Ainda pior que a ideia das empresas pagarem 0,0000000000001% de impostos, quando a UE vai tabelar o mínimo em 15%. Curioso é que vemos Paulo Rangel e Nuno Melo, deputados europeus, que aprovaram essa legislação, no Parlamento Europeu, defendem que o governo de direita pode ir contra ela. 
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De Marques Aarão a 08.03.2024 às 16:19

O Estado do sitio é refugio do refugo.

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