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Je suis Orlando

por John Wolf, em 13.06.16

Enquanto as Esquerdas e Direitas iluminadas cá do burgo discutem o correcto posicionamento em relação ao ataque terrorista ocorrido em Orlando na Florida, por causa da trictomia homossexualidade-arma de fogo-Estado Islâmico, convém relevar os seguintes pontos; na corrida presidencial dos Estados Unidos (EUA) quem mais vai beneficiar é Donald Trump. Há meses atrás, neste mesmo blog, referi este facto. Um ataque terrorista em solo americano serviria para validar a sua tese securitária, anti-islâmica e proteccionista -  e isso ajuda a sua campanha baseada no medo colectivo. No entanto, existem diversas dimensões que devem ser analisadas. Pelo que sabemos, nenhum dos gay que participava na festa latina na discoteca Pulse tinha em sua posse uma arma de defesa pessoal - lá vai pelo cano o anti-americanismo primário de que andam todos armados na América - pelos vistos estes não. Em segundo lugar, somos informados que o Federal Bureau of Investigation (FBI) já detinha um ficheiro respeitante ao principal suspeito - ou seja, os serviços de informação não foram irrredutíveis e competentes na triagem de vilões. Em terceiro lugar, o operacional ao serviço do Estado Islâmico (EI) acaba por colocar em prática cânones que precedem esta organização terrorista - o Alcorão é intensamente declarativo em relação ao seu desprezo pela homossexualidade. Em quarto lugar, as grandes teorias organizacionais em torno das ligações, comunicações e linhas de comando dentro da estrutura do EI não servem a causa de interpretação dos factos. O agente do EI em causa valida-se na sua missão de um modo remoto da Síria ou Iraque, apetrecha-se no mercado local de armas semi-automáticas, presta vassalagem aos senhores do EI e ainda informa as autoridades locais sobre a iminência de um ataque. Assistimos também a outro processo em curso. À segmentação do alvo. O grau de diferenciação que instiga aquele que perpetra o ataque a escolher uma sub-categoria de inimigo - os homossexuais -, revela uma maior sofisticação operacional. Será expectável, na senda da mesma lógica, outros modos de distinção. A saber, e por exemplo, um enfoque especial do EI em relação a organizações de defesa dos direitos das mulheres. Mesmo com a chuva de críticas de que tem sido alvo os EUA, as autoridades não produziram os discursos inflamados que a Europa desejava. Por outro lado, o grau de solidaridade europeu em relação aos eventos de Orlando parece ter sido mitigado por outros espectáculos, como aquele de Marseille. Não vejo muitos Je Suis Orlando por aqui. É mais bota abaixo bola acima. Os de cá não querem ser confundidos como sendo de outras equipas.

publicado às 13:56


8 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 13.06.2016 às 21:04

Não percebo é a admiração a propósito deste tipo de coisasque há muito sabemos   inevitáveis, assim dita a interpretação literal - NÃO existe outra - do tal subitamente repugnante corão. Os próximos ataques poderão até revestir-se de outras formas mais chocantes, se é que isto possa ser possível.


Desde a queda do Xá Mohamed Reza Pahlavi, de coisa religiosa, o islamismo passou à fase fisicamente violenta e expansionista na senda de outras doutrinas do passado. Consequentemente, a resposta deverá ser estritamente política, marcando o terreno das democracias ocidentais. Não existe a menor hipótese de outro caminho. Quem aceitar o primado da Lei, pode ficar. Quem não aceitar, deverá partir para onde bem entender: a bem, ou através do recurso à necessária força. E assim será, não duvidemos. 


De execuções em discotecas - gays ou não gays, tanto faz, não se trata da questão... "com quem dormes tu?"  - ao atirar de "filhos de Lot" do alto de qualquer prédio, seja ele em Mossul, Raqqa ou qualquer outro sítio como Paris -que ostensivamentecensura nos media esses eventos -, Londres - que ostensivamente censura nos media estes eventos - ou Estocolmo  - que ostensivamente censura nos media estes eventos -, este será sem dúvida um procedimento normal. 


Aguardemos então pelo "day after", até porque não perderemos pela demora. Amanhã bem poderá ser em Lisboa. Ficamos então avisados.  Apenas lamento apontarem-me o dedo como "curto e grosso". É um apontar que me é totalmente indiferente, pois para grandes males, remédios radicais, não existem outros. 


Já bem nos bastaram os anos 30. 
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De Anónimo a 13.06.2016 às 22:50

É, existe um claro embaraço, porque muitos não se identificam com as vítimas do Pulse, por serem gays. O Marcelo até omitiu isso na sua mensagem de condolências. Enfim.
Mas há outra questão importante. Este é o terceiro atentado nos EUA desde que Obama é presidente, e claro, uma vez que não se pode esconder a ligação islâmica, enfatiza-se que não existe uma ligação com o exterior, que não existe uma célula. Nem é preciso, basta a ideologização através da internet. 
O pai do fulano que perpetrou o atentado em Orlando vive há anos nos EUA e é apoiante do Talibãs. O Omar é cidadão norte-americano e odeia a América. O que é que esta gente está a fazer nos EUA? Porque é que não voltam para o Afeganistão, ou para o raio que os parta? E depois não querem que isto beneficie a campanha do Trump? Não, que ideia!
E ainda outra coisa: Guantanamo. No tempo do Bush não houve mais atentados depois do 11 de Setembro, porque tipos como o Omar mal fossem sinalizados pelo FBI eram "engavetados" em Guantanamo. Agora, como queremos tudo conforme as leis, temos que esperar que eles matem quem quiserem para fazer Justiça, ou seja, não fazemos Justiça, porque eles suicidam-se primeiro em combate. Agora está melhor?
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De Anónimo a 14.06.2016 às 10:56

Uma pequena correcção, o mercado local é de semi-automáticas, como a Armalite Rifle -15 que o terrorista usou. Ele também possuía uma Glock (handgun). Dessas até há automáticas mas presumo que não se vendam ao público nem nos States.
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De John Wolf a 14.06.2016 às 11:47

Obrigado pela correcção. ;)
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De xico a 14.06.2016 às 16:24

Depois de ler algumas teses sobre o assunto em relação ao Alcorão e depois de ter lido, uma única vez é certo (o que é insuficiente), o dito livro, não vejo onde é que se pode afirmar que o mesmo é mais declarativo em relação ao seu desprezo pela homossexualidade do que a própria Bíblia, isto é praticamente nada. Ao que li, existe mesmo discussão e debate académico sobre o que se pode interpretar no Alcorão em relação à homossexualidade, uma vez que não há clareza nem assertividade sobre esta matéria. A ser assim, os muçulmanos que entendem que os homossexuais devem ser mortos não o fazem baseados em qualquer conceito ou determinação Corânica.
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De Nuno Castelo-Branco a 15.06.2016 às 08:00

…ainda a propósito da compra e venda de armas. Sabe-se ou andam "zunzuns" pelo ar acerca de locais onde tal comércio existe: Kalashnikovs, G-3, etc, não percebo nada disso. Não se trata de Orlando, Okhlahoma, Bronx ou Miami: tal troca de especiaris é em Lisboa e arredores. Pelo que consta, a preços muito baixos. Portugal é um autêntico arsenal informal, via caçadores e creio que o número de armas largamente ultrapassará os registos oficiais.
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De João José Horta Nobre a 15.06.2016 às 16:51

A culpa é do Trump:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2016/06/a-culpa-e-do-trump.html

De quem mais é que havia de ser?...
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De Pita a 16.06.2016 às 19:06

«Quem tem cu tem medo» diz o nosso povo...

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