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Liar

por Nuno Castelo-Branco, em 06.03.14

Não é uma anedota Palin, mas pelo que se tem visto, nunca foi alguém que correrá o risco de ficar na memória de várias gerações. Até Jackie Kennedy lhe sobreviverá, nem que seja pelo estilo. Aquelas imagens que correram o mundo e manifestaram a sua extrema alegria pelo anúncio da vergonhosa morte de Kadhafi, disseram-nos tudo acerca da personagem.

 

Desta vez compara Putin com Hitler, recorrendo aos acontecimentos que incendiaram a Europa dos anos 30. Sendo costumeira a total ignorância das lideranças além-atlântico acerca da história factual, o caso austríaco, por  exemplo, não mostra qualquer semelhança com o que se está a passar na Crimeia.

 

Em 1938, nas capitais ocidentais dizia-se que ninguém queria morrer pelo quintal das traseiras da Alemanha, a região dos Sudetas. Neste dias, não será muito arriscado afirmar que não deverão existir muitos europeus, norte-americanos - pretos, apaches, anglo, germano, ítalo ou luso-descendentes - dispostos ao regresso da Guerra Fria, ou pior ainda, condescendentes com o desencadear de um  mega conflito ao estilo jugoslavo no leste da Europa. 

 

Que Clinton é uma ambiciosa fala barato, isso todos sabemos. No entanto, parece cultivar o desejo de suceder a Obama. Para tal, deveria de antemão encomendar um livro de história factual, talvez uma boa tradução do tomo do antigo 5º ano dos liceus, da autoria de Maria Luísa Guerra. Para o que se pretende, serve. Para tudo o que se tenha passado após 1970, a consulta à Wikipédia, por muito falível que venha a ser por omissão, também esclarecerá a cavalheira acerca do que no mundo ocorreu durante todo o século XIX e XX, especialmente no que respeita a ataques sem declaração de guerra. Comece pelas relações EUA-México, por exemplo.

 

Ficará espantada, pois quem inventou o conceito de ataque ao estilo Pearl Harbour, precedido de uma série de campanhas mediáticas recheadas de invencionices, foram os norte-americanos. A partir daí e até aos dias em que a nada hilariante Hillary participou no governo, foi um nunca parar de bombardeamentos e invasões sem declaração de guerra.

 

"The liar, is no whit better than the thief, and if his mendacity takes the form of slander he may be worse than most thieves.""

(Theodore Roosevelt)

 

Ela que pense no assunto. 

 

""I would regard war with Spain from two viewpoints: first, the advisability on the grounds both of humanity and self-interest of interfering on behalf of the Cubans, and of taking one more step toward the complete freeing of America from European dominion; second, the benefit done our people by giving them something to think of which is not material gain, and especially the benefit done our military forces by trying both the Navy and Army in actual practice."
(Theodore Rossevelt)

publicado às 08:21


6 comentários

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De Anónimo a 06.03.2014 às 17:53

Excelente escrito, Nuno. Parabéns. Não podia ter tido mais razão no que escreveu. Essa senhora Clinton, mais toda a administração norte-americana, é de uma falsidade atroz. Os governos, os presentes e os passados, incluíndo aquele que ela integrou, têm sido todos hipócritas, cínicos e mentirosos relativamente à política daquela Nação, bem como à mundial, que aliás eles, E.U., dominam totalmente. Esta Clinton, falsa como Judas e de perfil moral indigno (deixou que se suicidasse por vergonha e para não a denunciar, no escândalo de burlas em que foi envolvido sem qualquer culpa - a culpa coube a ela inteirinha - um seu amigo de muitos anos e colaborador próximo no escritório de advogados que ela dirigia) como o são todos os políticos das democracias, sem excepção. Ela foi à reunião dos Bilderberger's imediatamente antes de lhe ser dado o cargo que ocupou no primeiro mandato de Obama. Todos os presidentes daquele país desde há larguíssimas décadas, para não dizer desde que o país se tornou independente, têm que ter forçosamente  "a little (or a big) war of his own", seja ela de que natureza for, todas elas a mando dos mundialistas, é claro, já que, como é sabido, são estes quem comanda toda a política mundial. O actual presidente tem vindo a ser pressionado para desencadear uma guerra no matter what, primeiro contra o Irão mas como (até ver) esta não resultou como o pretendido, ficou em stand-by, deslocando-se o objectivo diabólico para outra zona do Planeta, no caso a Europa, iniciando-se  o ataque em força, novamente gizado nas ante-câmaras do poder,  à Ucrânia - mas poderia ter sido numa outra zona qualquer, desde que uma guerra, de preferência fratricida, seja despoletada.
Como Obama é pretensamente um pacifista, ainda para mais com um Nobel a travar-lhe as decisões ..., vamos lá ver como é que vai descalçar esta bota.
Maria

Nota breve: Ah, já me esquecia, o Nuno tem razão quando diz que ela quer suceder a Obama. Claro que sim, ambiciosa e oportunista que é até à medula . Mas ela só chegará à presidência se polìticamente se portar bem e fizer tudo o que os Bilderberger's lhe ordenarem e se essa for por fim a decisão tomada pelos mesmos em reunião secreta, a agendar.
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De Octávio dos Santos a 10.03.2014 às 00:55

Não, Nuno, Sarah Palin não é uma «anedota»...


http://obamatorio.blogspot.pt/2014/02/palinfrasia-parte-4.html  
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De Nuno Castelo-Branco a 10.03.2014 às 10:28

Octávio, entre as muitas tiradas espirituosas da sra. Palin, esta parece redutora, mas diz tudo. Se é certo serem os actuais dirigentes mundiais, gente bastante discutível, a sra. Palin, se fosse vice-presidente  ou presidente, poderia colocar problemas que até hoje foram evitados. O video vem bem a propósito, embora já tenha uns anos. "Perhaps so?"
http://www.youtube.com/watch?v=KYlOMfRN59s
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De Octávio dos Santos a 10.03.2014 às 11:55

Não foi uma «tirada espirituosa»; ela limitou-se a reiterar o óbvio: quando um país da NATO é atacado, os outros devem responder e ajudá-lo. A questão é: atrever-se-ia a Rússia a invadir a Crimeia se a Ucrânia fosse membro da aliança? Talvez não.
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De Nuno Castelo-Branco a 11.03.2014 às 19:43

A questão é outra, caro Octávio. Faz algum sentido atrair a Ucrânia à OTAN, sabendo-se que isto significa uma reedição da Guerra Fria com a Rússia? Há que tentarmos entender a forma como os russos entendem a sua segurança, a sua independência e porque não? o conceito de grandeza que têm de si próprios. 


A propósito, desde quando é que a Ucrânia é um país independente? Aliás, em 1914, os soldados ucranianos jamais contestaram a soberania do czar, eram os regimentos da Pequena Russia, tal como também existiam regimentos da Rússia Branca.


 Ao ocidente é  conveniente cultivar boas relações com a Rússia e isto por todas as razões possíveis de imaginarmos. Desde a economia até à segurança, a Rússia é um peão essencial, não vale a pena atirá-la ainda mais para o incómodo de uma frente comum com chineses, norte-coreanos, iranianos, etc. pois é isso mesmo o que os americanos estão a fazer de forma deliberada. Além disso, tavez uma aproximação conduza à paulatina evolução do regime que lá vigora. Creio que comparar Putin com qualquer um dos líderes pré-1989, é um disparate. A situação é para a Europa e para os EUA, infinitamente mais tranquilizadora que aquela vivida durante quase meio século. Não aceito mais as imposições dos nossos aliados americanos. Sou um atlantista confesso, imagine então se não fosse...
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De Octávio dos Santos a 11.03.2014 às 21:38

Mas, Nuno... é a Rússia que está a reeditar a Guerra Fria ao invadir o território de outro país, e ainda por cima europeu! Repetindo o que fez em 1968 e em 1956... Aliás, a «temperatura» tem vindo a aumentar porque não se trata apenas de ameaças: eles não passaram a fronteira desarmados, como turistas...


Mais: a Rússia já está numa «frente comum» com a China e com o Irão (com a Coreia do Norte acho que não), e ainda com a Síria, e não foi o Ocidente que a «atirou» para tal. E, sim, pode-se e deve-se comparar Vladimir Putin com os líderes pré-1989: ele foi agente do KGB, educado pela cartilha comunista, e pensa que o desmembramento da União Soviética foi a maior desgraça a que assistiu em vida!   


  

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