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Junto ao pilar 7 da Ponte 25 de Abril ou Ponte Salazar (conforme os gostos e para não ofender a Comissão para a Igualdade do Género) nasceu um elevador. Não é um elevador da bica - são 6 euros para subir ao alto dos 70 metros que encarnam uma espécie de vista pseudo-suicidária. Dizem os "promotores" que é um investimento de 5,3 milhões de euros para recuperar "nos próximos 15 anos". E que se outras metrópoles têm o mesmo aparelho de deslumbramento, então Lisboa também tem direito ao seu quinhão. Mas existe uma pequena contradição que devemos levar em conta no que diz respeito ao modelo de negócio. Um investimento a recuperar em 15 anos não pode ser considerado feliz - não é um investimento. O normal e expectável seria atingir o break-even em 5 anos. Deste modo é um passivo a que se acede de elevador. Mas há mais. Quem estiver parado no trânsito no tabuleiro da ponte tem uma vista ainda mais privilegiada - de borla. A conversa do estudo interpretativo sobre cabos de aço e a perda de vida humana na construção da ponte é muito interessante, mas a discussão é outra. O tira-teimas é ideológico, como quase tudo em Portugal. Uns são do Sporting outros do Benfica, uns do Bairro das Colónias outros de Campo de Ourique. Ou seja, a ponte, a estrutura que atravessa e galga as margens do rio Tejo, é semelhante ao paradigma nacional - a discordar é que a gente se entende. Seja nas autárquicas seja na bola que rola. A United Steel Corporation, a gigante norte-americana que construiu o monstro, agradece a homenagem, mas o homem contemporâneo e a cultura rasante dos nossos tempos coadunar-se-á mais com a ideia de nivelamento, de planos idênticos. Serão 6 euros a separar o homem do seu par nacional. O elevador que agora se cola como uma lapa ao pilar 7 serve para estratificar, para distinguir, para conferir a utopia de vistas largas a uns, mas nem tanto a outros. Vivemos a época da hiperbolização. A ideia de que as obras fechadas podem ser ampliadas para fins falsamente hedonistas. Não sei que valor acrescenta à cidade de Lisboa. 70 metros são um embuste de grandeza. E com tanto pregão sobre os transportes nestas jornadas autárquicas, podemos concluir que este meio não é de todo socialista. Não é um metro vertical onde vamos enlatados, entalados. O passe da Carris devia ser válido nesta linha 7 que agora inauguram.
foto John Wolf
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