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O país inteiro está boquiaberto e pergunta: como foi possível isto acontecer ao Banco Espírito Santo (BES)? E a pergunta é legítima e exige o apuramento de responsabilidades. Em democracias alicerçadas em constituições que definem a separação de poderes e atribuição de competências, os deputados parlamentares também devem ser considerados co-autores deste escândalo bancário que terá impactos avultados na economia nacional. No meu entender, houve uma interpretação restritiva da função parlamentar. Quantas comissões dedicadas às actividades financeiras foram constituídas ao longo das décadas e com membros de todos os partidos? Nunca ouviram falar no poder extra-judicial que advém da aplicação das prerrogativas que decorrem do "checks and balances"? Ou seja, os representantes que ocupam lugares na Assembleia da República deveriam ter funcionado como um quarto poder, como um corpo fiscalizador de domínios sensíveis como é o da banca. A linha de vida da economia de um país emana de um sistema bancário saudável e todos os sintomas eram mais que óbvios no caso do BES. A amplitude e diversidade de negócios do grupo deveria ter sido suficiente para fazer soar o alarme. Mas não, os deputados (e os governos) deixaram a coisa andar até à plena exaustão, e hoje, de um modo politicamente conveniente, falam das trancas à porta depois do país ter sido arrombado. A haver investigação séria e conclusiva sobre as ramificações da prevaricação, os deputados devem ser arrastados para esse tribunal. De nada serve o discurso indignado de deputadas como Catarina Martins, quando a própria, como tantos outros da Esquerda ou Direita, estiveram anos a fio a ver o comboio passar. Em suma, os parlamentares não cumpriram a sua função de um modo adequado. Não souberam proteger Portugal do pior pesadelo possível. Não souberam ver o que se passava diante dos seus olhos. Ou não quiseram.