Não resisto em deixar aqui a minha achega sobre esta aparente demanda enverdada por alguns dos conselheiros deste "Estado Sentido" contra o que chamam de "islamização".
Eu, como imagino qualquer europeu educado dentro de uma matriz católica, "kafir", vejo toda esta situação que vçs aqui descrevem diariamente com alguma preocupação. Fico especialmente preocupado quando observo o famoso mapa do califado e vejo que Portugal poderá porventura fazer parte desse estranho e irracional quadro de loucura. Isto conjugado com as imagens que costumam postar aqui (que tal como outro leitor considero demasiado violentas e desvirtuantes do espaço) faz com que fique deveras preocupado com o rumo da situação.
Dito isto, faço apenas duas observações simples:
A primeira prende-se com os muçulmanos em geral. Eu vivi cerca de dois anos no Reino Unido. Conheci e travei amizade com vários muçulmanos, a maioria de origem Paquistanesa. Encontrei moderados e menos moderados. Os moderados eram, regra geral, licenciados e estavam integrados no mercado de trabalho. Eu bem sei que esta é um argumento já gasto e frequentemente utilizado pela esquerda (yuk!) mas realmente a vontade de ir para a Síria fazer a guerra decresce consideravelmente quando se tem toda uma estrutura sólida e positiva de vida. A segunda observação é a questão da comunidade dos afectos. A integração de culturas naturalmente fechadas no seio de países europeus é algo extremamente complexo, e que na minha opinião é uma grande fonte do problema de extremismo religioso neste nosso continente. Vários muçulmanos (e já agora também vários asiáticos) confidenciavam-me que sentiam uma grande angústia emocional pela dificuldade de pertencer à tal comunidade de afectos europeia. Não sei bem qual será a solução para isto, mas de acordo com a minha experiência, penso que alguma parte deste problema enorme do extremismo religioso encontra-se localizado no sentimento de não pertença, que é por seu turno, explorado por entidades terroristas.
Estamos então em circuito fechado, pois essa não-pertença também já se tornou recíproca, quero dizer, a exclusão inicial - a ter mesmo existido - por parte dos europeus, foi agora assumida pelos que se radicaram na Europa, compreendendo os seus descendentes. Tudo muito diferente do perfeito e descomplexada convivência que existia na Lourenço Marques onde nasci e cresci. Qual a solução? Não sei.