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O teste do pato

por Samuel de Paiva Pires, em 03.07.24

Narciso Cunha Rodrigues, antigo Procurador-Geral da República, na Grande Entrevista da RTP, a 28 de Fevereiro, explicou de forma cristalina que a demissão de António Costa não resultou de parágrafo algum, pois não se pode deduzir do comunicado do Ministério Público a obrigação ou sequer a sugestão de que o Primeiro-Ministro se devesse demitir.

Nada obrigou António Costa a demitir-se a não ser a sua própria conclusão de que, após um ano marcado por 13 demissões do seu governo, e tendo sido encontrados 75.800 euros em dinheiro no gabinete do seu chefe de gabinete, já não tinha condições políticas (políticas, sublinhe-se) para permanecer no cargo.

Passado cerca de um mês, o próprio António Costa, a máquina de propaganda do PS e boa parte dos comentadores na comunicação social começaram a ecoar a narrativa de que a demissão de Costa teria resultado do tal parágrafo. Em grande parte, são os mesmos que andam há anos numa sanha persecutória contra o Ministério Público, de que o infeliz manifesto dos 50 é apenas o mais recente episódio.

Hoje, nas páginas do Público, um ex-ministro de Costa, Pedro Adão e Silva, recorrendo ao teste do pato, volta à mesma narrativa e aventa até a possibilidade de se ter tratado de um golpe de estado. No mínimo é caricato, e no máximo um perigoso disparate, mas, sem dúvida, original. Seria interessante aplicar o mesmo teste a muitos que, pese embora até se possam afirmar defensores da democracia liberal, continuam a procurar erodir pilares desta, designadamente a separação de poderes e a autonomia do poder judicial. Se se parecem com autoritários e agem como autoritários, talvez sejam mesmo autoritários.

publicado às 13:33


2 comentários

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De JgMenos a 04.07.2024 às 13:03

Dão-lhe daqui e dacolá, mas nunca tocam no essencial: os medíocres invocam as virtudes da tolerância para acederem ao poder; aí chegados tornam-se intolerantes para quem lhes denuncia a mediocridade. 
Mas bem sabem a que valor devem o seu estatuto e que tudo devem fazer para que domine a mediocridade que lhes dá o ser.
Falam de leis e regulamentos, não de valores a serem exigidos a quem se aproxima de posições de poder, a começar por magistrados e procuradores.
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De Marques Aarão a 11.07.2024 às 09:56

GRANDE SENHORA
A entrevista que concedeu, em que deixou ilustres personalidades bem enquadradas no rol de cinzentos cartilheiros do regime de rastos, encasulados que na sua fúria  irracionalmente  prepotente, acabaram por sacrifica-la à pedrada fazendo justiça pelas próprias mãos sujas de lama como se a serena e credenciada Senhora fosse uma matreira criminosa. 
A Senhora Procuradora Geral da Republica Lucília Gago esteve muito bem ao dizer que não perseguia politicos, o que deixou perceber claramente que também não os deixava escapar.
Só o facto de ser bombardeada por altas figuras responsáveis, fósseis e rebentos, obreiros do estado a que isto chegou, e a maneira límpida da sua exemplar prestação, faz com que venha a sair de cabeça erguida pela porta do tamanho da sua grandeza, interdita a circulação de pigmeus que só são grandes olhando para a sua sombra quando o sol vai rasteiro.

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