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O Partido Comunista Português, fundado em 1921, é um dos pilares essenciais para a construção da democracia em Portugal. Ninguém o pode negar. Foi fundamental para opor-se à ditadura e ao Estado Novo e, depois de 25 de Abril de 1974, tornou-se uma das forças essenciais para regular o equílibrio da democracia embora cedendo à vertigem do poder absoluto, característica genética da sua filosofia.
Posto isto, 100 anos depois da sua fundação ainda que o PCP mostre a decrepitude do seu conservadorismo, partido plenamente instalado no sistema e ainda há pouco tempo parte dele através da Geringonça, cada vez mais brando na sua forma de faz oposição, sobrevive. É natural. Cem anos pesam na mobilidade de qualquer um e das muletas já passou à cadeira de rodas. Não obstante querer trazer sangue novo com o recente candidato apresentado à presidência da república - vontade de mostrar sangue novo em corpo velho - tem vindo a ser punido pelo eleitorado, mesmo o mais fiel, como se viu pelos resultados das recentes eleições.
No entanto, num ano já cumprido de plena pandemia, não deixou de se fazer ouvir, lutando contra os embargos aleatórios que suspenderam a democracia e silenciaram os oponentes ao novo situacionismo. O Primeiro de Maio de 2020 cumpriu-se, assim como a Festa do Avante. Nem a Igreja Católica, com milénios de intervenção directa nas consciências dos indivíduos, levou a melhor frente ao vírus e aos estados de emergência, aceitando a asseptização social e deixando-se vencer pelo cientismo instalado.
Perante o vírus, mais do que nunca, é certo que deus morreu. O PCP, embora esteja moribundo, não.
E por isso, os parabéns que lhe dirijo e as celebrações que animam as ruas (ainda que semidesertas das nossas principais cidades) são mais do que merecidos.