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Não é apenas o bode expiatório Correio da Manhã a partilhar essa possibilidade. O jornal Sol também interpreta o protocolo de Estado - a morte de um ex-Presidente da República pode significar o cancelamento de festejos de passagem de ano se for decretado o luto nacional. Este género de especulação mórbida não deve ser considerado jornalismo. Este estilo de reportagem, que não se restringe ao sol e à manhã é, no mínimo, despudorado. Não confundamos as preferências ideológicas, políticas ou partidárias de cada um, com o que está em causa. Entramos no domínio dos totolotos, das apostas múltiplas e do mau gosto por antecipação - o nível é baixo. Já basta o Dr. Barata aparecer à porta da Cruz Vermelha para tornar os portugueses reféns de instabilidade emocional e portadores de confusão mental, para agora sermos testemunhas de elaborações bizarras promovidas pelos meios de comunicação social. Estranho que a família próxima e afectiva de Mário Soares não tenha rogado ao país privacidade e decoro, mas de certa forma esse é o preço que parece estar disposta a pagar. A transformação da "hospitalidade" em espectáculo nacional, a cobertura e a sucessão de entrevistas de actores de todo o espectro político também demonstra uma certa miséria moral. Pensava que o homem privado ao menos o pudesse ser na sua hora. Dispensava este post mártir.