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Portugal não chora a Venezuela

por John Wolf, em 23.03.14

Que eu saiba não existe uma comunidade portuguesa na Crimeia, mas existe uma de dimensão assinalável na Venezuela. Não sei com o que anda entretido Machete nos dias que correm. O chefe dos negócios estrangeiros não assinou o manifesto dos 70 e ultimamente não tem andado a pedir perdão aos sete ventos. Pois bem, não é preciso ser um especialista em relações internacionais para observar que a situação em Caracas está muito perto de se tornar explosiva e irreversível. Deixemos por enquanto a ideologia fora do debate, a eterna discussão dos sucessos da revolução boliviana, as sociedades útopicas de pão, paz e liberdade para todos, e concentremo-nos na mera logística que implica Portugal de um modo substantivo. Segundo um amigo e correspondente de nacionalidade venezuelana: "Hoy queda en envidencia que: Venezuela se encuentra totalmente aislada en la región. Lo que pasó hoy en la OEA es una demostración de que el pasado no existe, el presente es lo que importa y en el futuro ya veremos. Además, queda en evidencia que la verdad aturde y es incómoda... no habrá un árbitro que intervenga en esa pesadilla de realidad y antes de ser árbitro, prefiere hacer el papel de los tres monos sabios. Por último, que el Gobierno que está técnicamente caído no tiene más asidero que la fuerza, la represion y las armas, solo asi se mantiene el gobierno, solo así saldrá. La población civil está derrotada, pisoteada y subyugada, el castrochavismo, el fascismo de América Letrina se impondran al estado de derecho, al progreso y a la integración, apenas porque un puñado de locos en Venezuela y en Cuba quieren que asi sea." E continua numa outra tirada em inglês não técnico: "(...) Regarding the situation in Venezuela, Chavez and Maduro make Salazar and Caetano look puny. However, because of the empathy with the situation, I expected Portugal to be in the frontline against the tyrant dictatorship. Even my colleagues in media and professionals in journalism, observe the situation in silence, oblivion and amnesia! I cannot blame them because they have not yet taken the side of the Government, but the few friends I have in Portugal, have been concerned and active about the situation in Venezuela. In Portugal, only when the selfish interest of the portuguese is at stake, the events are shown on the news in a very particular way (texto não-editado). De acordo com a mesma fonte, neste momento são governos, políticos chulos e parasitas que apoiam a ditadura na Venezuela. Refere ainda a tristemente célebre intervencão do Brasil na OEA (www.venezuelaaldia.com) e a dívida colossal que irá em última instância determinar o descalabro da sociedade venezuelana na totalidade do seu espectro. O "meu homem em Caracas" refere ainda as movimentações russas no sentido de esta instalar bases militares na Nicaragua, Cuba e Venezuela. Como nota final do meu correspondente, Portugal deveria seriamente preparar um plano para acolher uma boa parte dos 500.000 portugueses que vivem estes tempos tumultuosos na Venezuela. A serem obrigados a "se evadir" do regime, certamente que Portugal será entendido como porto de abrigo natural. Mas todos sabemos que não tem sido apanágio da política externa portuguesa preparar a eventualidade de certos acontecimentos de um modo racional e antecipado. Enquanto houver negócios a concretizar, o Palácio das Necessidades virará a cara às efectivas prioridades políticas, em nome de Magalhães e companhia.

publicado às 17:35


5 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 23.03.2014 às 19:07

Além dos negócios do desespero em que nos encontramos, existe uma colossal cobardia por parte dos "democratas de longa data" quanto a tudo ao que diga respeito ao chavismo. Ao contrário das lamúrias da gente de Jerónimo, o pc é omnipresente nos media nacionais, desertificando tudo à sua volta. Quem se passeie com um trapinho vermelho ao pescoço,  passará incólume nos media. SIC e restante bando balsemónico, RTP, TVI e toda tralha copy-paste - redes sociais incluídas -, condescendem com Maduro, tal como o fazem há décadas com Castro e restante banditagem.  Por outro lado, a péssima reputação que os EUA souberam criar ao longo dos últimos cento e trinta anos, em nada ajuda a oposição da sociedade civil em vários países da abusivamente chamada "América Latina", sendo aquela encarada como "burguesa, parasita, oligárquica e pró-fascista". Uma mentira tantas vezes repetida, torna-se numa verdade. Quanto a isto, Salazar sabia bem o que estava a afirmar. 


Não podemos ter a certeza do estabelecimento de bases russas nesses países, até porque em Moscovo mandam os sucessores do sistema soviético, aparentemente muito mais conscientes que aqueles que infelizmente temos feito eleger em todo o Ocidente. Não creio que vinte anos tenham chegado para liquidar um escol de gente que sabia até onde poderia ir e só a extrema inabilidade do departamento de Estado, poderá estar a enviar sinais de que tudo será possível. Os EUA não respeitam esferas de segurança, nem esferas de interesse ou a história. Se alguém  conseguir dar-me dois argumentos válidos para a inclusão da Ucrânia e da Geórgia na NATO, será um suave e inesperado milagre. Por este tipo de pulsões, jactâncias e  inconsciência, poderemos ter de enfrentar sérios problemas. A Rússia não pode ser humilhada, não é propriamente a Sérvia. Não deixa de ser irónico que no centenário do assassinato do arquiduque Francisco Fernando, possamos estar à mercê de qualquer desastroso imponderável. A Europa também é culpada de laxismo, desse desaforado desarmamento que inevitavelmente minou a nossa auto-confiança e nada paradoxalmente, a nossa economia.  Se nos cingirmos ao caso português, o panorama é simplesmente trágico.


Voltando ao Processo Retornados II, creio que absolutamente nada será feito em relação à Venezuela, como absolutamente nada tem sido feito quanto à África do Sul. Em 1974-75 houve claro e intencional dolo, mas agora não existe qualquer desculpa "revlucionária", não temos nenhum pateta gonçalvista a babar-se aos microfones de S. Bento. Se acontecer algo que implique o rápido improviso que garante mais um desastre duas gerações após aquele a que assisti  - e no qual infelizmente participei -, o regime merece desaparecer sem apelo. Trata-se de um crime, pois os detentores do poder têm sido avisados, Forças Armadas incluídas. Haja paciência para tanta cobardia, incompetência e criminoso desleixo.
http://estadosentido.blogs.sapo.pt/3035710.html

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