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Sabemos que a política e o futebol trabalham para o mesmo chulo. Pagam tributos na expectativa de sacar dividendos. Alimentam paixões, ódios e rancores. E com as Europeias ao virar da esquina e o Mundial a aproximar-se a passos largos, e tendo em conta a loucura que tomou conta do país nas últimas semanas, de Turim ao Jamor, julgo ser apropriado tecer algumas considerações. Sabemos que António Costa é benfiquista sem pudor, Santana Lopes sportinguista presidencial e Cavaco Silva taçista de ocasião. Depois temos uns imitadores de bairro, que desejam ser como os crescidos, e lá correm atrás da bola em Belém. Sim, João Almeida serviu-se (embora sem sucesso) desse acesso dos balneários. E Seguro? Joga em que equipa? (não há segundos sentidos aqui. Ok?). E Passos Coelho nutre amizade por que clube? Nem sequer pergunto por Assis que tem ar de emulador de Costa (aposto que é benfiquista). Mas atentemos ao seguinte. Já repararam que Passos Coelho nunca ousou declarar-se adepto deste ou daquele clube? E sabem porquê? Porque ele sabe que há coisas sagradas neste país que não devem ser arrastadas para a arena do jogo sujo. Mas eu tenho uma pergunta: se a austeridade fosse um clube de futebol que emblema seria? E qual seria o seu estádio? Não é que o futebol interesse muito ao país. Que eu saiba a bola apenas gera emprego e fortuna para uns quantos sortudos saídos na rifa desportiva - os que idolatram os homens da bola não participam nos lucros. Não senhor. Recebem apenas pequenas doses de falsa auto-estima (se a coisa correr de feição ao clube ou à equipa de eleição). Veremos se Seguro ou Passos Coelho, em desespero de causa, não deitam as patas ao esférico. A boleia do campeonato do mundo de futebol no Brasil é politicamente tentadora. Mas há um quadro ainda mais devastador que define este país. Mal acaba um festival começa logo o seguinte. Nem sequer falo do alinhamento na sua totalidade. Faço um mero apontamento. Portugal precisa tanto de se colocar em pé e estrabuchar que até dói. Para isso os portugueses têm energia e resmas de vontade. E não parece faltar nada; temos o Rock´in Rio, o Festival do Sueste, o Festival disto e daquilo, a Festa deste e daquele, e por aí fora. Seja qual for o analgésico empregue para afastar as mágoas e tristezas, a ressaca não se vai embora assim sem mais nem menos. Vai-se agravando até que o país caia em coma, atónito, mas pronto para a festa que se segue. Ao amanhecer, no lusco-fusco.