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A propósito de um livro recentemente publicado, João Soares está na SIC Notícias a puxar pelos galões republicanos. E do que fala ele? De Nova Lisboa, vulgo Huambo, cidade "totalmente republicana". O homem está deslumbrado com a obra portuguesa em Angola - aproveita para secundarizar Paiva Couceiro e "outros" - , tece loas ao que foi construído e recorda Norton de Matos, um bom republicano, sem dúvida, mas a antítese daquilo que republicanismo soarista sempre significou.
Nova Lisboa é a Huambo que foi arrasada a tiro de canhão pelos camaradas de Soares. Camaradas de "lutas" como o MPLA - aliás, seu colega na Internacional Socialista - e camaradas de "boas causas" como a UNITA, cujo chefe era seu compadre. Não esquecer os bons ofícios destrutivos de alguns camaradas ainda bem próximos, colegas de partido e camaradíssimos por apertados laços de sangue.
Nova Lisboa foi destruída e vai sendo lentamente reconstruída. Um escusado desastre em nome de quê e para quê? Onde está a azáfama económica de há quarenta anos? O que aconteceu ao Caminho de Ferro de Benguela e em que estado se encontram as suas outrora colossais e moderníssimas oficinas? O que sucedeu às escolas, hospitais, postos médicos, armazéns, fazendas e toda uma série de infra-estruturas que faziam da Angola de 1973, um exemplo de progresso sustentável?
João Soares pode despejar as postas de pescada onde quiser, mas não convence nem o mais distraído. Haja um mínimo de pudor.