Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Vietnamitas e tailandeses, estão em Portugal aos milhares. Quem deu por eles? Em Lisboa e nas principais cidades, ninguém. Nos campos, sim, estão um pouco por todo o lado. Não fazem exigências absurdas e despropositadas, não se "ofendem" com ninharias, são gratos a quem os acolhe, os seus locais de culto não pontilham a paisagem, ninguém os teme. São laboriosos, discretos e modestos. Pois mesmo assim, pagarão muito caro por todas essas virtudes.
Pelo que se diz, o sr. Costa pretende substituí-los por outros*.
Resta-nos saber que tipo de pressão o governo português exercerá sobre as empresas hortícolas e frutícolas para obrigar o patronato a recambiar para o sudeste asiático aqueles trabalhadores que aqui chegaram de uma forma tão discreta quanto eficaz. Os empresários que se ponham em guarda e ajam em conformidade com os seus interesses corporativos. Por caminhos ínvios, garantirão assim a segurança nacional.
Os tailandeses são um povo pacífico, orgulhoso da sua quase ininterrupta independência histórica e para cúmulo, quase ombreiam a Inglaterra como um dos nossos mais antigos aliados. Aliás, a seguir aos ingleses, são o país com quem Portugal mantém a mais antiga aliança formal que já data de cinco séculos.
Os vietnamitas são aqueles que a esquerda, exultante há quarenta anos pela fragorosa derrota que impuseram à superpotência dominante, aclamou como povo heróico. E são, há que reconhecê-lo.
Pelos vistos algo mudou e o desesperadamente arrogante sr. Costa recorre ao mais baixo dos artifícios para levar avante a sua política. Nem sequer dá conta dos conflitos diplomáticos que poderá provocar. Conflitos diplomáticos? Sim, não apenas com a Tailândia e com o Vietname, mas com uma grande potência do mesmo âmbito geográfico. Com cada vez maiores interesses económicos - logo, políticos - no nosso país é certo que não estará interessada em ver mais um Estado europeu vitimado por sobejamente reconhecidos trouble makers.
Se fosse embaixador do Reino da Tailândia ou da República do Vietname, informaria o meu governo e de imediato exigiria explicações e um recuo formal ao Palácio das Necessidades, pois o racismo também é isto: afastam-se pessoas devido à sua origem e incapacidade de directamente retaliar.
* A pedido de Bruxelas, Passos faria precisamente o mesmo.