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Não sei qual é o chip que está instalado nas máquinas de política externa dos EUA e de alguns países da UE (Reino-Unido, Alemanha, entre outros), mas Vladimir Putin acaba de dar banho ao cão das aspirações do Ocidente. O russo será provavelmente o político mais hábil da actualidade. Sabe-a toda. E deu uma lição aos campeões-libertadores que haviam demonstrado a sua alegada superioridade moral no Kosovo ou no Afeganistão (a título de exemplo). O discurso de anexação da Crimeia foi uma aula magna, mas também uma primeira lição sobre a nova relação de forças que está a ser desenhada por acção deste senhor e, convenhamos, por omissão de Washington e Berlim. Não é necessário ser um génio para entender quais as implicações desta primeira incursão russa. Por que razão haveria Putin de se quedar pela Crimeia? Contudo, os EUA e a UE usam um código que surtirá pouco efeito na alteração comportamental da Rússia. As sanções, têm, na maior parte dos casos, efeitos limitados - é a Rússia que tem o gás que a Europa precisa. De nada vai servir a apólice de seguro de nome Schroder que se senta aos comandos no board of directors da Gazprom. Não vejo razões para que Putin não aspire a realizar uma Reunião Soviética. A Moldávia já o pressentiu e deixou um aviso claro a Putin - Crimeias aqui não. O que está a acontecer até pode parecer um devaneio imperialista russo, mas olhe que não. Foi a NATO que começou a desenhar um círculo em torno do Kremlin, com destinos geo-estratégicos polacos à mistura, entre outras coisas. Os franceses que estão metidos ao barulho por causa de grandes contratos, podem simular a sua indisposição e cancelar as reuniões do G8 que entenderem, mas não passa de uma farsa para inglês ver. Resta-nos assistir às diversas movimentações caducas do Ocidente. Sim, os EUA e os Europeus foram grosseiros na interpretação dos sinais que se vinham tornando claros há bastante tempo. E lembrem-se: não é a Rússia que está entre a espada e a parede. São outros que estão encostados às cordas.