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Embora seja lobo, consigo farejar uma raposa a milhas. Ora, a não candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa tem muito que se cheire. Com o mal-estar que grassa pelo país em relação ao governo de Passos Coelho, parece-me uma jogada esperta de Marcelo tentar fazer passar a ideia de conflito com o lider do executivo. Se Passos Coelho se declarasse padrinho de Marcelo, este ficava muito mal na fotografia e perderia créditos junto da população. Seria logo associado a tudo de negativo que os eleitores vêem neste governo (Austeridade, austeridade e mais austeridade). Assim, e sem grande surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa tem de vir com esta conversa de amuado para salvar uma putativa candidatura à Presidência da República. Não sei se isto foi uma jogada combinada, mas em termos práticos, qualquer nome avançado pelo PSD (entenda-se Governo) carrega a cruz de dois anos de flagelo de governação. Se Passos Coelho assinasse um cheque em branco a Marcelo Rebelo de Sousa, apoiando efusivamente a sua candidatura, estaria a declarar este como aliado dos dois últimos anos de governação. Deste modo, não me surpreenderia algo mais extremo, como uma candidatura independente de Marcelo Rebelo de Sousa - em nome dos portugueses e de Portugal (sim, com um slogan-choradinho deste género). Os danos colaterais, e os efeitos de contágio, apenas assim podem ser afastados - encenando um conflito agudo com o governo e o PSD (tempos houve em que era prestigiante ser do clube). Eu sei que pode parecer uma simplificação excessiva das razões trazidas a lume, mas não acredito na tése do fim da candidatura, ainda antes desta ter sido apresentada. E porque raio Marcelo Rebelo de Sousa diz de sua justiça de um modo leviano, como quem não quer a coisa, num espaço de comentário da TVI? Pelo estilo informal e relax da coisa, começo a pensar que talvez o candidato-pop de Portugal não reúna os requisítos mínimos para ocupar a cadeira tão mal amanhada por Cavaco Silva. Se calhar mais vale ficar sossegadinho. Sinceramente.