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Andou para aí a circular um texto brasileiro que falava da "triste geração que virou escrava da própria carreira". É a geração que nasceu quase bilíngue, que teve a melhor educação, que se licenciou, que tirou pós-graduações, mestrados e doutoramentos, que viajou pelo mundo inteiro. É a geração que chega aos 35 e ganha o que os pais nunca sonharam ganhar. Também é a geração que não sai de casa dos pais aos 25 porque espera por uma promoção na empresa, que abdica da vida pessoal porque fica no escritório até às duas da manhã e que, aos 35, não vê os filhos porque sai de casa e volta quando eles estão a dormir. Está tudo muito certo. O problema é que isto tem um erro. Nós estudámos, tirámos mestrados, pós-graduações, doutoramentos. Os que puderam, viajaram para longe. Os que não puderam, viajaram para menos longe. Acreditamos que a saúde vem em caixas de comprimidos, sim. Acreditamos que as redes sociais substituem o resto. Trabalhamos 10, 12 horas por dia. Trabalhamos ao fim de semana. Temos e-mail no telemóvel e ligam-nos aos gritos quando demoramos mais de dois minutos a responder a um e-mail não urgente que recebemos às onze da noite. E achamos tudo normal. Cansa-nos, mas achamos normal. Porque é mesmo assim. Porque se não for isto, vamos vender pizzas numa mota. E, apesar de tudo isso, não ganhamos o que os nossos pais nunca sonharam ganhar. Não ganhamos, às vezes, metade do que os nossos pais ganharam. Então tornámo-nos escravos da carreira para quê, afinal?