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Solução Chavo na Mão

por Jerónimo Gamboa, em 14.03.24

Agora é que o caldo está entornado! Monte Escuro viu a luz ao fundo do túnel, e sim, era um comboio que vinha de frente. E o maquinista quem era? Quem era? Era o Tio Aventura, impante, que quer chocar com tudo o que lhe aparecer pela frente. O povo, para não chorar, ri-se deste panorama que promete ser um folhetim sem fim à vista. Quer dizer, até pode ter fim, mas é só para acabar uma season, de preferência em suspense, para depois começar logo outra e mais outra. O realizador Martelo é muito frenético e imaginativo a partir a loiça. E palhaços não faltam para figurantes.

E com isto vamos fazendo telejornais, jornais, blogues, fóruns, debates, conversas de café, dissertações, crónicas, sondagens, artigos de opinião. Será em vão? Teremos solução? Talvez sim, talvez não.

Portugal está viciado numa solução – a solução “chavo na mão”, mas que está visto há décadas não dar grandes resultados. A União dá o chavo, nós estendemos a mão:

- Toma lá uma esmolinha ó coitadinho, tá calado, não plantes nada que nós temos tudo, não faças nada, compra tudo feito, e não compres nada da Huawei que tem bicho, só Iphones e Samsung, ai, ai, ai...

O problema não se resolve mandando carradas de dinheiro para cima dele. É como um pai rico fazer uma doação em vida a um filho que não está preparado para gastar esse dinheiro. Um bom pai, sabe que esse dinheiro, mal utilizado, pode ser a ruina do filho.

Andamos entretidos com arranjos e rearranjos políticos e perdemos há muito noção do essencial. Temos de ter uma estratégia nacional consolidada, clara e exequível. Devíamos sabê-la de cor. Sim, a velha conversa da estratégia. Esqueçam por um momento os meios, foquem-se nos fins, nos objectivos. O que queremos ser como nação? Não somos coitadinhos. Temos história. Temos lastro. Temos rasgo. Temos língua e cultura. Temos Mar. Temos gente boa. Dêem um passo em frente. Estamos fartos de passos...em falso.

Nestas eleições falou-se tanto de mudança. Mas mudança é o quê? Meter uma abaixo e acelerar? É continuar esta trajectória para lado nenhum, só que mais depressa ou por outro caminho? Quando somos jovens, mudamos de estilo, de namoradas, de curso, porque ainda não sabemos bem o que queremos. O 25 de Abril já foi há 50 anos. Somos cinquentões livres. Este é um momento decisivo! Libertem as amarras, acabem com as experiências, calem os sofistas, acordem o espírito do Infante, saquem do astrolábio e do sextante e vamos remar todos para o mesmo lado.

Somos um país pequeno que deixou há muito de saber pensar em grande. Mas não podemos persistir nesta deriva sem nexo. Há que discutir num grande consenso transversal à sociedade e apartidário quais as fontes de competitividade que queremos desenvolver a 10, 20 e 30 anos de distância dentro daquilo que são os nossos recursos e potencialidades. Essas escolhas são estruturais e vitais e não podem estar eternamente subordinadas a fogachos que visam servir ciclos eleitorais e retóricas.

Está aí alguém, ou já foram todos ver o futebol?

publicado às 19:53


9 comentários

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De O apartidário a 14.03.2024 às 21:13

"Somos um país pequeno que deixou há muito de saber pensar em grande" ------------------------- E pior,um país(se ainda o é) espartilhado em mil capelinhas partidárias  que não tem como se juntar e reflectir num objetivo comum que faça a diferença. 
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De Octávio dos Santos a 15.03.2024 às 17:35

«O que queremos ser como nação?» Suponho que mais e melhor em todos os níveis, a começar pelos mais fundamentais, o que inclui o património, porque, precisamente, «temos língua e cultura». Porém, a melhor solução neste âmbito não será certamente persistir na submissão ao «aborto pornortográfico», uma criação de atrasados mentais e de pervertidos. Portanto, faço notar que se escreve «objeCtivos», «dêem» e «trajeCtória». E, aliás, neste blog não está assinalado, à direita, «Não ao Acordo Ortográfico»?    
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De Jerónimo Gamboa a 16.03.2024 às 22:48

Tem toda a razão! O conteúdo é o fundamental, mas sou dos que acredita que a forma também é muito importante. Obrigado. Quanto à parte de queremos ser "mais e melhor em todos os níveis", também está correcto, mas é uma verdade de la palisse. Aqui temos de ser mais específicos sob pena de não chegarmos lá...
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De Ricardo a 29.03.2024 às 17:04

Sugiro o blog O Lugar da Lingua Portuguesa aqui no sapo blogs. 
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De O apartidário a 16.03.2024 às 19:20

"Eles perderam mais de quarenta deputados e com eles, o sossego do bem bom em que estavam instalados há eternos nove anos, com maiorias de esquerda, a assassinar a nossa matriz identitária e a sociedade em geral, com a esquizofrenia ideológica que os caracteriza,  mas afinal o enguiço quebrou-se, o país acordou, tomou consciência do caos e disse, (C)chega"  ------------------------------  Do blog 'Mais ou menos coisa e tal'  aqui no sapo blogs. 
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De Marques Aarão a 17.03.2024 às 13:14

Olhando a sério, nada impede que Montenegro chegue á conversa com o Chega ainda que daí resulte um acordo de não haver acordo.
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De O apartidário a 18.03.2024 às 20:55

Os preconceitos da chamada direitinha parece que impedem.
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De O apartidário a 19.03.2024 às 10:56

A cor da pele
Votar Chega seria “a realização concreta e definitiva da mediocridade”. É esta arrogância de Esquerda que criou fossos entre os que se acham magníficos e aqueles que os “magníficos” acham “medíocres”.

18 mar. 2024, 00:17 no Observador

Em Oeiras, no ano de 2004, no fim de uma longa reunião pública de câmara em que se distribuiu habitação social, um oeirense veio ter comigo e disse-me: “Doutor, isto é uma vergonha. As casas vão todas para ciganos e indianos! E nós, portugueses, ficamos com uma mão à frente e outra atrás!”. À altura, eu era vereador da Câmara Municipal de Oeiras, eleito pelo PSD. E como é comum, no poder local, os cidadãos falam com os políticos. O que oferece matéria para reflexão é o comentário feito por este oeirense e o facto de o fazer comigo. É que eu sou de origem indiana e vê-se bem, na cor da pele. Mas o queixoso não conseguia ver, no rosto do Poder, o “indiano”. Via “o vereador”.

Causava-lhe – e com razão – confusão que ele, com salário baixo e muitas dificuldades para ter uma vida digna e cuidar da família, não tivesse acesso a certo tipo de apoios públicos. E que pessoas com um nível de rendimento só um pouco abaixo (e, eventualmente, com rendimentos não declarados) pudessem obter uma casa com uma renda simbólica, passando-lhe à frente – em relação à qualidade de vida. Em termos comparativos, uma situação desequilibrada, entre rendimentos e benefícios.


Continua 

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De O apartidário a 19.03.2024 às 10:56

Continuação (artigo do Observador) 


Se a generalização racista que tinha sido feita – “ciganos e indianos” – é de lamentar, a razão da crítica é razoável – quem usufrui do RSI sem trabalhar e com acesso a benefícios sociais, tem uma situação económica, antes da atribuição de uma habitação, muito similar a quem, trabalhando, aufere salários baixos e não usufrui dos mesmos benefícios.

Portugueses “brancos”, a trabalhar, com baixos rendimentos, e imigrantes legalizados ou portugueses de etnia cigana desempregados, podem estar em situação de necessidade muito próxima e a atribuição de benefícios sociais a uns e não a outros pode contribuir para sentimentos de racismo.

Atualmente, quando conferimos os graus de satisfação dos Portugueses com o regime político e os serviços públicos, será importante não afastar a correlação entre preconceito e situação vivida. Preconceito, que não se refere, exclusivamente, a questões de discriminação racial, mas também a outras, como, por exemplo, a promoção de campanhas nas escolas que criam dificuldade de afirmação, junto da maioria das famílias, da identidade de género. Ao preconceito, associa-se uma aceleração dos custos de vida em todo o país, com a pressão maior nos custos da habitação. Os salários baixos, generalizados, aumentam o descontentamento de muitas corporações. Os casos de corrupção, favorecimento e comportamento de vários políticos, degradam o respeito pelas instituições.

António Guerreiro, colunista do Público, no passado sábado, e alimentado pelo que parece um sentimento de superioridade intelectual de Esquerda, acusa os votantes no Chega de “pobreza cultural”. Será esta que provoca o referido voto. Diz que os portugueses votantes no Chega “são a realização concreta e definitiva da mediocridade, do estilo de vida mais contagioso e exportável.” Pois. É esta arrogância de Esquerda, de António Guerreiro e de muita gente no PS e no BE, nomeadamente, que contribuiu – e muito – para criar fossos entre os que se acham magníficos e aqueles que os “magníficos” acham “medíocres”.

Continua (artigo de Jorge Barreto Xavier, ex vereador em Oeiras)

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